“Não há como aguentar, doutor; é muito forte,
Exclamava, outro dia, o Sr. Rochefort!
Tomai-me o pulso, e vede estou doente;
De uma mania o globo é preso inteiramente.
Ele faz crer que Deus perdeu sua função;
Ele baixa… e eu maldigo o globo inteiro, então.
E começo a vapor… É assim que se caminha?
Onde os tempos enfim de uma berlinda minha?
Tempos sem risco algum de o pescoço quebrar,
Que de Paris a Sceaux um grupo a viajar?
Em progresso falar!… Ridículo, doutor!
Lançado a toda brida, o orbe soluça em dor;
É qual horrível caos!…Um cabo a transportar
De Calais a Pequim palavras sob o mar.
Um alfaiate faz costuras sem agulhas;
Tira-se da água fogo e de algodão fagulhas;
Mau pintor por pincéis um aparelho usando,
Retratos venderá que o sol vai fabricando!
Glória, glória ao passado! O século se envala
Esbraveja a igualdade; o povo tem a fala!
De escrever em Bordéus, Sabò faz avisado!
Examinai, doutor, tudo está transtornado.
Dos charlatães terei de desnudar a pele;
Com a breca! Informarei o chefe da Etincelle;
É lá que, sabre à mão, um crânio nos defende;
Não é tudo, doutor, ó escândalo! pretende
Alguém de La Fontaine assumindo expressões,
De um Espírito tal para nos dar lições.”
- Ici, de Rochefort cuspiu, baixando a voz:
“No Espírito, doutor, com fé já crede vós?
Ah! Responde o doutor! insincero, não posso,
O Espírito?… Não creio, amigo… nem no vosso.” |