O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Revista espírita — Ano V — Outubro de 1862.

(Idioma francês)

Resposta a uma pergunta mental.

Um excelente médium de Maine-et-Loire,  † que conhecemos pessoalmente, escreveu-nos o seguinte:

“Um de nossos amigos, homem dos menos crentes, mas com imenso desejo de se esclarecer, perguntou-nos um dia se poderia evocar um Espírito sem o nomear, e se este poderia responder a perguntas que lhe fossem dirigidas pelo pensamento, sem que o médium lhes tivesse o menor conhecimento. Respondemos que isso era possível, desde que o Espírito o consentisse, o que nem sempre acontece. Acerca disto obtive a seguinte resposta:

“Não posso dizer o que me pedis, porque Deus não o permite. Não obstante, posso dizer-vos que sofro: é uma dor geral em todos os membros, o que vos deve surpreender, desde que com a morte o corpo apodrece na terra; mas temos um outro corpo — espiritual — que não morre, o que nos faz sofrer tanto quanto se tivéssemos nosso corpo corporal [material]. Sofro, mas não espero sofrer sempre.

Como é preciso satisfazer à justiça de Deus, é necessário nos resignarmos nesta vida ou na outra. Eu não me privei suficientemente na Terra, o que me compele a reparar o tempo perdido. Não me imiteis, pois vos prepararíeis séculos de tormentos. A eternidade é uma coisa séria e, infelizmente, nela não se pensa tanto quanto seria preciso. Como é de lamentar-se quando nos esquecemos de um assunto tão importante quanto a salvação! Pensai nisto!


Vosso antigo cura, A… T…”


“Era mesmo o cura que o nosso amigo queria evocar. Eis as três perguntas que este queria fazer:

“Que pensar da divindade de Jesus-Cristo?

“A alma é imortal?

“Que meios empregar para expiar as faltas e evitar a punição?

“Pelo estilo reconhecemos perfeitamente o nosso cura; sobretudo a expressão corpo espiritual mostra que é o Espírito de um bom cura do interior, cuja educação deixou algo a desejar.”


Observação. – As respostas a perguntas mentais são fatos muito comuns e tanto mais interessantes quanto são para o incrédulo de boa-fé uma das provas mais concludentes da intervenção de uma inteligência oculta; entretanto, como sói acontecer com a maioria dos fenômenos espíritas, raramente são obtidos à vontade, ao passo que se produzem espontaneamente a todo o momento. No caso supracitado, o Espírito houve por bem se prestar a esse papel, o que é muito raro, porque, como se sabe, os Espíritos não gostam de perguntas de curiosidade e de prova; com elas condescendem somente quando há utilidade e muitas vezes não as julgam como nós. Como não se submetem ao capricho dos homens, precisamos contar com a sua boa vontade para a produção dos fenômenos. É necessário, por assim dizer, apreendê-los de passagem e não os provocar. Para tanto precisamos de paciência e de perseverança; e é por isto que os Espíritos reconhecem os observadores sérios e verdadeiramente desejosos de se instruírem. Pouco se preocupam com as pessoas superficiais, que pensam que basta perguntar para serem atendidas imediatamente.


Abrir