Mais não possa, mortais, por meus fracos acentos
Pôr-vos no coração o incenso dos alentos!
Em versos aprendeis, ouvindo-lhe a expressão,
Isso que é suplicar, isso que é oração.
É, num fluido ardoroso, um impulso de amor,
Que da alma se projeta e se eleva ao Senhor.
Sublimada expansão da humilde criatura
O que retorna à fonte excelsa da Natura!
Orar não muda em nada as sábias leis do Eterno,
Inalteráveis sempre; o coração paterno
Derrama o influxo seu sobre aquele que o implora
E assim redobra o ardor do fogo que o devora.
É então que o ser se sente elevar e crescer;
E ao próximo de amor o coração bater.
Mas ele esparge amor, mais augusto é o saber
Que enche o seu coração de altos dons a deter.
Um santo anseio, então, de rogar pelos mortos,
Sob o peso da pena e agudos desconfortos,
Nos mostra a precisão que o estado seu reclama
De então lhes dirigir o fluido da alma que ama,
Que, bálsamo eficaz e tão consolador,
Penetra-lhes no ser como um libertador.
Tudo se lhes reanima; um raio de esperança
Ajuda-lhes o esforço e à redenção os lança.
Assim como os mortais vencidos pelo mal
Que um bálsamo supremo os leva ao natural,
Regenerados são por um impulso oculto
Da augusta prece ardente e seu divino culto.
Redobremos o ardor; nada se perde enfim;
Peçamos mais e mais por eles até o fim;
A prece, sempre a prece, essa chispa divina,
Faz-se foco de amor, pois ao final domina.
Sim, pelos mortos, sempre oremos com fervor,
Que eles nos enviarão doce raio de amor.
Joly. |