O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IV — Julho de 1861.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES E ENSINOS ESPÍRITAS.

EM DITADOS ESPONTÂNEOS.

A prece.

(Enviada pelo Sr. Sabò, n de Bordeaux.)  † 

Tempestade de paixões humanas, que abafais os bons sentimentos de que todos os Espíritos encarnados trazem uma vaga intuição no fundo da consciência, quem acalmará a vossa fúria? É a prece que deve proteger os homens contra o fluxo desse oceano, cujo seio encerra os monstros horrendos do orgulho, da inveja, do ódio, da hipocrisia, da mentira, da impureza, do materialismo e das blasfêmias. O dique que lhe opondes pela prece é construído com a pedra e o cimento mais duros e, impotentes para o transpor, esses monstros se esgotam em vãos esforços contra ele e mergulham, sangrentos e aflitos, nas profundezas abissais. Ó prece do coração, invocação incessante da criatura ao Criador, se conhecessem tua força, quantos corações arrastados pela fraqueza teriam recorrido a ti no momento da queda! Tu és o precioso antídoto que cura as chagas, quase sempre mortais, que a matéria abre no Espírito, fazendo correr em suas veias o veneno das sensações brutais. Mas como é restrito o número dos que oram bem! Acreditais que depois de haver consagrado grande parte do vosso tempo a recitar fórmulas que aprendestes, ou a lê-las em vossos livros, tereis merecido bastante de Deus? Desiludi-vos; a boa prece é a que parte do coração; não é prolixa; apenas, de vez em quando, deixa escapar seu grito a Deus em aspirações, em angústias e em rogativas de perdão, como a implorar que venha em nosso socorro e os bons Espíritos a levem aos pés do Pai justo, pois esse incenso é para Ele de agradável odor. Então Ele os envia em grupos numerosos para fortalecer os que oram bem contra o Espírito do mal; assim, tornam-se fortes como rochedos inabaláveis. Veem quebrar-se contra eles as vagas das paixões humanas e, como se comprazem nessa luta que os deve cumular de méritos, constroem, como a alcíone,  †  seus ninhos em meio às tempestades.


Fénelon. n


Allan Kardec.



Paris. — Typ. H. CARION, rue Bonaparte, 64.  † 


[1] N. do T.: Há três grafias na Revue: Sabò, Sabô e Sabo. Ficamos com a primeira, por ser, de todas, a mais frequentemente citada nesta obra.


[2] [v. Fénelon.]


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