O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IV — Janeiro de 1861.

(Idioma francês)

O Livro dos Médiuns.

Anunciada há muito tempo, mas com a publicação retardada em virtude de sua própria importância, esta obra aparecerá entre os dias 5 e 10 de janeiro, na livraria do Sr. Didier, nosso editor, localizada no Quai des Augustins,  †  35. n Representa o complemento de O Livro dos Espíritos e encerra a parte experimental do Espiritismo, assim como este último contém a parte filosófica.

Fruto de longa experiência e de laboriosos estudos, nesse trabalho procuramos esclarecer todas as questões que se ligam à prática das manifestações. De acordo com os Espíritos, contém a explicação teórica dos diversos fenômenos, bem como das condições em que os mesmos se podem reproduzir. Não obstante, sobretudo a matéria relativa ao desenvolvimento e ao exercício da mediunidade mereceu de nossa parte uma atenção toda especial.

O Espiritismo experimental é cercado de muito mais dificuldades do que geralmente se pensa, e os escolhos aí encontrados são numerosos. É isso que ocasiona tantas decepções aos que dele se ocupam, sem a experiência e os conhecimentos necessários. Nosso objetivo foi o de prevenir contra esses escolhos, que nem sempre deixam de apresentar inconvenientes para quem se aventure sem prudência por esse terreno novo. Não podíamos negligenciar um ponto tão capital, e o tratamos com o cuidado que a sua importância reclama.

Os inconvenientes quase sempre se originam da leviandade com que é tratado problema tão sério. Sejam quais forem, os Espíritos são as almas dos que viveram, no meio das quais estaremos infalivelmente, de um momento para outro. Todas as manifestações espíritas, inteligentes ou não, têm, pois, por objeto, pôr-nos em contato com essas mesmas almas; se respeitamos os seus restos mortais, com mais forte razão devemos respeitar o ser inteligente que sobrevive e que constitui a sua verdadeira individualidade. Fazer das manifestações uma brincadeira é faltar com o respeito que talvez amanhã reclamaremos para nós mesmos, e que jamais é violado impunemente.

O primeiro momento de curiosidade causado por esses estranhos fenômenos já passou. Hoje, que se lhes conhece a fonte, guardemo-nos de profaná-la com brincadeiras descabidas e nos esforcemos por nela haurir o ensinamento apropriado que nos assegurará a felicidade futura. O campo é muito vasto e o objetivo por demais importante para cativar toda a nossa atenção. Até hoje, todos os nossos esforços tenderam para fazer o Espiritismo entrar neste caminho sério. Se esta nova obra, tornando-o ainda mais bem conhecido, puder contribuir para impedir que o desviem de sua destinação providencial, estaremos amplamente recompensados de nossos cuidados e de nossas vigílias.

Não negamos que esse trabalho suscitará mais de uma crítica da parte daqueles a quem incomoda a severidade dos princípios, bem como dos que, vendo as coisas de um outro ponto de vista, já nos acusam de querer fazer escola no Espiritismo. Se fazer escola é procurar nesta ciência um fim útil e proveitoso para a Humanidade, teríamos o direito de nos sentir envaidecidos com essa acusação. Mas uma tal escola não necessita de outro chefe que não seja o bom-senso das massas e a sabedoria dos bons Espíritos, que a teriam criado sem a nossa participação. Eis por que declinamos da honra de a ter fundado, felizes de nos colocarmos sob a sua bandeira, não aspirando senão o modesto título de propagador. Se for necessário um nome, inscreveremos em seu frontispício: Escola de Espiritismo Moral e Filosófico, e para ela convidaremos todos quantos têm necessidade de esperanças e de consolações.

Allan Kardec.



[1] Ela é igualmente encontrada nos escritórios da Revista Espírita, Rua Sainte-Anne, 59, passagem Sainte-Anne.  †  Um grande volume in-18, de 500 páginas; Paris, 3 fr. 50; pelo Correio, 4 fr.


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