Nota. – A médium estava ocupada com assuntos alheios ao Espiritismo; dispunha-se a escrever sobre assuntos pessoais, quando uma força invisível a compeliu a dissertar o que segue, malgrado o seu desejo de continuar o trabalho começado. É o que explica o início da comunicação:
“Eis-me aqui, embora não me chamasses. Venho falar-te de coisas muito estranhas às tuas preocupações. Sou o Espírito Jean Jacques Rousseau. Há tempos esperava a ocasião de me comunicar contigo. Escuta, pois.
“Penso que o Espiritismo é um estudo puramente filosófico das causas secretas dos movimentos interiores da alma, pouco ou nada definidos até agora. Explica, mais ainda do que descobre, horizontes novos. A reencarnação e as provas sofridas antes de alcançar o fim supremo não são revelações, mas uma confirmação importante. Estou comovido pelas verdades que esse meio põe à luz. Digo meio intencionalmente, porque, a meu ver, o Espiritismo é uma alavanca que afasta as barreiras da cegueira. A preocupação das questões morais está inteiramente por nascer. Discute-se política, que move os interesses morais; discute-se os interesses privados; apaixona-se pelo ataque ou pela defesa das personalidades; os sistemas têm seus partidários e seus detratores, mas as verdades morais, as que constituem o pão da alma, o alimento da vida, são deixadas na poeira acumulada pelos séculos. Aos olhos da multidão, todos os aperfeiçoamentos são úteis, salvo os da alma; sua educação, sua elevação são quimeras, boas só para deleitarem os sacerdotes, os poetas, as mulheres, seja como modo, seja como ensinamento.
“Se o Espiritismo ressuscitar o espiritualismo, devolverá à sociedade o impulso que a uns dá a dignidade interior, a outros a resignação e a todos a necessidade de se elevarem para o Ser Supremo, esquecido e ignorado pelas criaturas ingratas.
Jean-Jacques Rousseau. n
[1]
[v. Jean
Jacques Rousseau.]