Deveria haver na Terra dois campos bem distintos: o dos homens que fazem o bem abertamente e o dos que fazem o mal abertamente. Mas não! O homem não é franco nem mesmo no mal: afeta virtude. Hipocrisia! Hipocrisia! deusa poderosa, quantos tiranos procriaste? quantos ídolos fizeste adorar? O coração do homem é realmente muito estranho, pois pode bater quando está morto e amar, em aparência, a honra, a virtude, a verdade e a caridade! Diariamente o homem se prostra ante estas virtudes e falta à sua palavra, desprezando o pobre e o Cristo. Todo dia mente, todo dia é um tartufo! Quantos homens parecem honestos porque a aparência muitas vezes engana! Cristo os chamava sepulcros caiados, isto é, cheios de podridão por dentro e limpos por fora, brilhando ao sol. Homem, na verdade tu pareces essa morada da morte; e, enquanto teu coração estiver morto, não serás inspirado por Jesus, essa divina luz que não clareia o exterior, mas ilumina interiormente.
A hipocrisia, entendei bem, é o vício de vossa época; e quereis fazer-vos grandes pela hipocrisia! Em nome da liberdade, vos engrandeceis; em nome da moral, vos embruteceis; em nome da verdade, mentis.
Lamennais. n
Allan Kardec.
Paris. — Typ. H. CARION, rue Bonaparte, 64. †
[1] [v.
Lamennais.]