Os Espíritos podem avançar intelectualmente, se o quiserem sinceramente e com firmeza. Como os homens, têm o livre-arbítrio e o estado errante não lhes impede o exercício de suas faculdades; até auxilia, facultando-lhes meios de observação, de que podem aproveitar-se.
Os maus Espíritos não estão fatalmente condenados a permanecer como tais. Podem melhorar-se, mas raramente o querem, uma vez que lhes falta o discernimento e encontram uma espécie de prazer doentio no mal que praticam. Para que voltem ao bem é necessário que sejam violentamente impressionados e punidos, porquanto seus cérebros tenebrosos não se esclarecem senão pelo castigo.
Os Espíritos fracos, que não fazem o mal por prazer, mas que não avançam, são detidos por sua própria fraqueza e por uma espécie de entorpecimento, que paralisa suas faculdades; vão sem saber aonde; passa-se o tempo, sem que o avaliem; pouco se interessam pelo que veem, disso não tiram proveito ou se revoltam.
É necessário que o Espírito haja chegado a um certo grau de progresso moral para poder progredir na erraticidade; assim, esses pobres Espíritos frequentemente escolhem muito mal as suas provas; sobretudo procuram ficar o melhor possível na vida corpórea, sem se inquietarem muito com o que serão mais tarde. Esses Espíritos fracos aspiram ardentemente à reencarnação, não para se depurarem, mas para viver ainda. Os seres que fizeram muitas migrações são mais experimentados que os outros; cada uma de suas existências depositou neles uma soma de conhecimentos mais consideráveis; viram e retiveram; são menos ingênuos do que os que se encontram mais próximos do ponto de partida.
Os Espíritos que deixaram a Terra nela se reencarnam mais do que alhures, porque
a experiência aí adquirida é mais aplicável. Quase não visam outros
mundos, senão antes ou após o seu aperfeiçoamento. Em cada planeta as
condições de existência são diferentes, porquanto Deus é inesgotável
na variedade de suas obras. Entretanto, os seres que os habitam obedecem
às mesmas leis de expiação e tendem todos para o mesmo objetivo de completa
perfeição. [Vide na Revista de agosto de 1862: O
planeta Vênus, ditado pelo mesmo Espírito e também: Observações
Preliminares.]
Georges.