O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano III — Outubro de 1860.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.

Recebidas ou lidas na Sociedade por vários médiuns.

Júpiter.

(Médium – Sra. Costel.)

Infinitamente maior que a Terra, o planeta Júpiter  †  não apresenta o mesmo aspecto. É inundado por uma luz pura e brilhante, que ilumina sem ofuscar. As árvores, as flores, os insetos, os animais, dos quais os vossos são o ponto de partida, ali são maiores e aperfeiçoados; a Natureza é mais grandiosa e mais variada; a temperatura é igual e deliciosa; a harmonia das esferas encanta os olhos e os ouvidos. A forma dos seres que o habitam é a mesma que a vossa, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo purificada. Não somos submetidos às condições materiais de vossa natureza: não temos as necessidades, nem as doenças que lhes são consequência. Somos almas revestidas de um envoltório diáfano, que conserva os traços de nossas passadas migrações; aparecemos aos amigos tal como nos conheceram, porém iluminados por uma luz divina, transfigurados por nossas impressões interiores, que são sempre elevadas.

Como a Terra, Júpiter é dividido num grande número de países de aspectos variados, mas não de clima. As diferenças de condições são determinadas apenas pela superioridade moral e de inteligência; não há senhores nem escravos; os mais elevados graus são marcados somente pelas comunicações mais diretas e mais frequentes com os Espíritos puros e pelas mais importantes funções que nos são confiadas. Vossas habitações não vos podem dar nenhuma ideia das nossas, pois não temos as mesmas necessidades. Cultivamos as artes, chegadas a um grau de perfeição desconhecida entre vós. Gozamos de espetáculos sublimes; entre eles, o que mais admiramos, à medida que melhor compreendemos, é o da inesgotável variedade das criações, variedades harmoniosas que têm o mesmo ponto de partida e se aperfeiçoam no mesmo sentido. Todos os sentimentos ternos e elevados da natureza humana, nós os encontramos engrandecidos e purificados, e o desejo incessante que temos, de alcançar o plano dos Espíritos puros, não é um tormento, mas uma nobre ambição que nos impele ao aperfeiçoamento. Estudamos incessantemente, com amor, para nos elevarmos até eles, o que também fazem os seres inferiores para nos igualarem. Vossos pequenos ódios, vossos ciúmes mesquinhos nos são desconhecidos; um laço de amor e de fraternidade nos une: os mais fortes ajudam os mais fracos. Em vosso mundo tendes necessidade da sombra do mal para sentir o bem, da noite para admirar a luz, da doença para apreciar a saúde. Aqui, esses contrastes não são necessários; a eterna luz, a eterna bondade, a calma eterna da alma nos cumulam de uma eterna alegria. Eis o que o Espírito humano tem mais dificuldade para compreender: se foi engenhoso para pintar os tormentos do inferno, jamais pôde representar as alegrias do céu. E por quê? Porque, sendo inferior, só tendo suportado sofrimentos e misérias, não foi capaz de entrever as claridades celestes; não vos pode falar senão do que conhece, como o viajante descreve os países que percorreu. Mas, à medida que se eleva e se depura, o horizonte se aclara e ele compreende o bem que está à sua frente, como compreendeu o mal que ficou para trás.

Já outros Espíritos tentaram vos fazer compreender, tanto quanto o permite a vossa natureza, o estado dos mundos felizes, a fim de vos estimular a seguir o único caminho que a eles pode conduzir. Mas há entre vós os que estão de tal modo ligados à matéria, que ainda preferem as alegrias materiais da Terra às alegrias puras, reservadas ao homem que sabe desligar-se delas. Que gozem, pois, enquanto estão aqui! Porque um triste revés os espera, talvez mesmo nesta vida. Os que escolhemos para nossos intérpretes são os primeiros a receber a luz. Infelizes, sobretudo, os que não aproveitam o favor que Deus lhes concede, porquanto sua justiça pesará sobre eles! [Vide: Observações Preliminares.]

Georges.



[Nessa comunicação, notamos que Georges fala usando a primeira pessoa do plural, como se fosse um dos felizes habitantes de Júpiter; por exemplo quando ele diz: “Não somos submetidos às condições materiais de vossa natureza”; na mensagem Morada dos bem-aventurados, a segunda próxima, ele a inicia assim: “Falemos das últimas espirais da glória, habitadas pelos puros Espíritos. Ninguém as atinge antes de ter atravessado os ciclos dos Espíritos errantes. Júpiter está no mais alto degrau da escada”; Georges portanto, não poderia falar senão de oitiva, porque ele mesmo diz em sua mensagem: O despertar do Espírito: “eu que não sou um mau Espírito, mas que não tenho a felicidade de ocupar um posto elevado”. Konrad Jacques.]


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