Meus irmãos, amai os órfãos. Se soubésseis quanto é triste ser só e abandonado, sobretudo na infância! Deus permite que haja órfãos, para exortar-nos a servir-lhes de pais. Que divina caridade amparar uma pobre criaturinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir-lhe a alma, a fim de que não desgarre para o vício! Agrada a Deus quem estende a mão a uma criança abandonada, porque compreende e pratica a sua lei. Ponderai também que muitas vezes a criança que socorreis vos foi cara noutra vida, caso em que, se pudésseis lembrar-vos, já não estaríeis praticando a caridade, mas cumprindo um dever. Assim, pois, meus amigos, todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa caridade; não, porém, a essa caridade que magoa o coração, não a essa esmola que queima a mão em que cai, pois frequentemente bem amargos são os vossos óbolos! Quantas vezes seriam eles recusados, se na choupana a enfermidade e a fome não os estivessem esperando! Dai delicadamente, juntai ao benefício que fizerdes o mais precioso de todos os benefícios: o de uma boa palavra, de uma carícia, de um sorriso amistoso. Evitai esse ar de piedade e de proteção, que equivale a revolver a lâmina no coração que sangra e considerai que, fazendo o bem, trabalhai por vós mesmos e pelos vossos.
Jules Morin. n
Observação. – O Espírito que assina a mensagem é completamente
desconhecido. Podemos ver pela comunicação acima e por muitas outras
do mesmo gênero, que nem sempre é necessário um nome ilustre para obter
belas coisas. É uma puerilidade prender-se ao nome; é preciso aceitar
o bem, venha de onde vier; aliás, o número de nomes ilustres é muito
limitado; o dos Espíritos é infinito. Por que, então, não os haveria
também capazes entre os que não são conhecidos? Fazemos esta reflexão
porque há pessoas que julgam nada poder obter de sublime, a não ser
chamando celebridades. A experiência prova o contrário todos os dias,
mostrando-nos que podemos aprender alguma coisa com todos os Espíritos,
desde que saibamos aproveitar as ocasiões.
[1]
N. do T.: Esta mensagem foi inserida por Allan Kardec em O
Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIII, item 18 da edição
definitiva (1866).
[2] [v.
Jules Morin. ]