Nota. – Na sessão da Sociedade em que foi recebido
o ditado precedente, o Espírito da Sra. de Girardin, solicitada a dar
outro sobre a reencarnação, respondeu: “Oh! não penso em outra coisa.
A médium está habituada a me ver fazer o que nem sempre lhe agrada,
e tendes razão.” Esta última frase é uma alusão a certas ideias particulares
da médium, a propósito da reencarnação.
“A reencarnação é uma coisa lógica; toca os nossos sentidos. Assim, pois, trata-se somente de refletir, de querer examinar bem à nossa volta. Não tereis de olhar senão para dentro de vós mesmos para encontrar as provas da reencarnação. Vedes a esta mesa um bom pai de família; tem várias crianças lindas, umas de inteligência notável, outras num estado quase abjeto. De onde vem, pois, esta diferença? Mesmo pai, mesma mãe, mesma educação e, não obstante, quantos contrastes!
“Atentai para a vossa lembrança; nela não encontrareis a intuição de fatos dos quais não tendes nenhum conhecimento e que, no entanto, se retratam para vós absolutamente como se tivessem existido? Não ficais chocados, vendo um ser pela primeira vez, porque vos parece havê-lo conhecido? Sim, não é mesmo? Pois bem! isto vos prova uma vida anterior, à qual pertencestes; isto prova que a criança inteligente deve ter percorrido várias existências e, por meio delas, se depurou, ao passo que a outra talvez esteja na primeira; que a pessoa que encontrais talvez vos tenha sido íntima, e que o fato de que vos lembrais vos foi pessoal em outra vida. Prova, finalmente, que para entrar no reino de Deus é preciso que sejais perfeitos. Vejamos! pensais que vos resta tão pouco a fazer, para crer que depois de vossa morte uns três ou quatro meses nas Esferas vos bastarão? n Não. Não acredito em tanta pretensão. Para adquirir é necessário trabalhar, e a fortuna moral não se lega como a fortuna material. Para vos depurardes, é preciso passar por vários corpos que com eles levam, em cada despojamento, uma parte das vossas impurezas.
“Se refletirdes, não podereis deixar de vos render à evidência”.
Delphine de Girardin. n
[1] Alusão à opinião de algumas pessoas a respeito da vida futura.
[2] [v.
Delphine
de Girardin.]