No estudo do Espiritismo há um erro muito grave que se propaga cada dia mais e que se torna quase o móvel que faz os outros virem a nós: é o de nos julgarem infalíveis em nossas respostas. Pensam que tudo devemos saber, tudo ver, tudo prever. Erro! Certamente, não mais estando nossa alma encerrada num corpo material, como um pássaro numa gaiola, lança-se no espaço; os sentidos dessa alma tornam-se mais apurados, mais desenvolvidos; vemos e ouvimos melhor; mas não podemos saber tudo, estar em toda parte, porque não temos o dom da ubiquidade. Que diferença, pois, haveria entre nós e Deus, se nos fosse permitido conhecer o futuro e anunciá-lo com precisão? Isto é impossível. Sabemos mais que os homens, certamente; algumas vezes podemos ler no pensamento e no coração dos que nos falam, mas aí se detém a nossa ciência espírita. Corrigi-vos, pois, da ideia de nos interrogar unicamente para saber o que se passa em tal ou qual parte do vosso globo, em relação a uma descoberta material, comercial, ou para serdes advertidos do que acontecerá amanhã, nos negócios políticos e industriais. Haveremos sempre de vos informar sobre o nosso estado, sobre nossa existência extracorpórea e sobre a bondade e a grandeza de Deus; enfim, sobre tudo quanto possa servir à vossa instrução e à vossa felicidade presente e futura. Mas não nos pergunteis o que não podemos ou não devemos dizer.
Channing. n
[1]
[v. William
Ellery Channing.]