Que bela é a Natureza e como é doce este ar!
Senhor! Graça te rendo em de joelho te amar!
Num hino de alegria e reconhecimento
Quero elevar a ti todo o meu sentimento;
Como aos olhos, então, de Marta e de Maria,
A Lázaro da tumba ao retirá-lo, um dia;
De Jairo, tu também, a filha bem-amada
Devolveste-lhe a voz, tornando-a reanimada;
Do mesmo modo, ó Deus! tu me estendeste a mão; n
“Levanta-te!” – disseste. E não falaste em vão.
Por que eu, se não sou mais que lodo, em vil arranjo?
Queria te louvar e com a voz de um anjo;
A tua obra jamais me pareceu tão bela!
Sou como alguém que sai da noite ou de uma cela
Para um dia mais puro e de luz deslumbrante,
De um sol radioso e quente em vida inebriante.
Mais doce é o ar então que o leite e o próprio mel;
No céu, somam-se os sons num concerto fiel.
E dos ventos a voz exala uma harmonia
Que cria, num vazio, eterna sinfonia.
O que o Espírito vê, o que lhe toca o olhar
Lá, no livro dos céus, pode ler e sonhar;
Dos mares na amplidão, em vagalhões profundos,
Nos oceanos, enfim, os abismos, os mundos,
Tudo se faz esfera e, em meio aos raios seus
Em convergência, orando a gente chega a Deus.
Ó tu, cujo olhar plana assim sobre as estrelas,
E te ocultas no céu como um rei para vê-las,
Qual a tua grandeza, enfim, nesse universo
Que não é mais que um ponto, ao teu olhar imerso
Dos mares sobre o espaço, em resplendor intenso?
Qual, pois, tua grandeza e teu poder imenso?
Que palácio tão vasto, ó rei, tu construíste!
Separar-nos de ti seria muito triste.
O sol posto a teus pés, num poder sem medida,
Parece o ônix que um rei tem no sapato, em vida.
No entanto, o que mais amo em ti, ó majestade,
Bem menos que a grandeza, é essa tua Bondade
Que se revela em tudo, até na luz que aquece
Meu impotente ser na exaltação da prece.
Jodelle. n