1 O progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do futuro. Tirai-lhe essa certeza e lhe tirareis a pedra fundamental. 2 Dessa lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condições da felicidade do homem. Só ela pode curar as chagas da sociedade. 3 Comparando as idades e os povos, pode ele avaliar quanto a sua condição melhora, à medida que essa lei vai sendo mais bem compreendida e praticada. Ora, se, aplicando-a parcial e incompletamente, aufere o homem tanto bem, que não conseguirá quando fizer dela a base de todas as suas instituições sociais! Será isso possível? Certo, porquanto, desde que ele já deu dez passos, possível lhe é dar vinte e assim por diante.
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Do futuro se pode, pois, julgar pelo passado. Já vemos que pouco a pouco
se extinguem, as antipatias de povo para povo. Diante da civilização,
diminuem as barreiras que os separavam. De um extremo a outro do mundo,
eles se estendem as mãos. Maior justiça preside à elaboração das leis
internacionais. As guerras se tornam cada vez mais raras e não excluem
os sentimentos de humanidade. 5
Nas relações, a uniformidade se vai estabelecendo. Apagam-se as distinções
de raças e de castas e os que professam crenças diversas impõem silêncio
aos prejuízos de seita, para se confundirem na adoração de um único
Deus. Falamos dos povos que marcham à testa da civilização. (789,
793.)
6 A todos estes respeitos, no entanto, longe ainda estamos da perfeição e muitas ruínas antigas ainda se tem que abater, até que não restem mais vestígios da barbaria. Poderão acaso essas ruínas sustentar-se contra a força irresistível do progresso, contra essa força viva que é em si mesma, uma lei da Natureza? 7 Sendo a geração atual mais adiantada do que a anterior, por que não o será mais do que a presente a que lhe há de suceder? Sê-lo-á, pela força das coisas. Primeiro, porque, com as gerações, todos os dias se extinguem alguns campeões dos velhos abusos, o que permite à sociedade formar-se de elementos novos, livres dos velhos preconceitos. Em segundo lugar, porque, desejando o progresso, o homem estuda os obstáculos e se aplica a removê-los.
8 Desde que é incontestável o movimento progressivo, não há que duvidar do progresso vindouro. O homem quer ser feliz e é natural esse desejo. Ora, buscando progredir, o que ele procura é aumentar a soma da sua felicidade, sem o que o progresso careceria de objeto. Em que consistiria para ele o progresso, se lhe não devesse melhorar a posição?
9 Quando, porém, conseguir a soma de gozos que o progresso intelectual lhe pode proporcionar, verificará que não está completa a sua felicidade. Reconhecerá ser esta impossível, sem a segurança nas relações sociais, segurança que somente no progresso moral lhe será dado achar. 10 Logo, pela força mesma das coisas, ele próprio dirigirá o progresso para essa senda e o Espiritismo lhe oferecerá a mais poderosa alavanca para alcançar tal objetivo.