O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Instruções práticas.

(Idioma francês)

INTRODUÇÃO.

Muitas pessoas nos pediram que lhes indicássemos as condições que deviam preencher e a maneira como devem proceder para se tornarem médiuns.

A solução dessa questão é mais complicada do que parece à primeira vista, porque repousa sobre conhecimentos preliminares de certa extensão. Para fazer experiências de Física e de Química é necessário, em primeiro lugar, conhecer a Física e a Química. As respostas que demos a essas pessoas não podiam comportar explicações incompatíveis com os limites de uma correspondência; por outro lado, o tempo material não nos teria permitido satisfazer a todos os pedidos. Foi isso que nos levou a publicar esta instrução, necessariamente mais completa do que tudo quanto pudéssemos escrever diretamente.

Enganar-se-ia redondamente quem julgasse encontrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns. Embora cada pessoa traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades se apresentam em graus muito diversos, dependendo o seu desenvolvimento de causas que ninguém pode fazer nascer à vontade.

As regras da poesia, da pintura e da música não transformam em poetas os que não têm vocação para tanto; elas guiam no emprego das faculdades naturais. Dá-se o mesmo com o nosso trabalho. Seu objetivo é indicar os meios de desenvolver a faculdade mediúnica tanto quanto o permitam as disposições de cada um e, sobretudo, orientar o seu emprego de maneira útil quando existir a faculdade.

Não é este, porém, o único alvo a que nos pro pusemos. Ao lado dos médiuns propriamente ditos existe a multidão dos que se ocupam das manifestações espíritas e que cresce diariamente. Guiar essas pessoas em suas observações, assinalar-lhes os escolhos que podem e devem necessariamente encontrar numa coisa tão nova; iniciá-las na maneira de se corresponderem com os Espíritos e lhes indicar os meios de obterem boas comunicações, tal é o círculo que deve mos abranger, sob pena de realizarmos uma obra incompleta.

Que ninguém, portanto, se surpreenda, se encontrar em nosso trabalho informações que, à primeira vista, possam parecer estranhas ao seu objetivo, pois a experiência mostrará a sua utilidade. Depois de estudados com cuidado, melhor se compreenderão os fatos testemunhados e menos estranha nos parecerá a linguagem de certos Espíritos. Como instrução prática, este livro não se dirige exclusivamente aos médiuns, mas a todos os que estão em condições de ver e observar os fenômenos espíritas.

A ciência espírita repousa necessariamente sobre a existência dos Espíritos e sua intervenção no mundo corporal. Hoje, este fato é admitido por tão grande número de pessoas que seria supérfluo demonstrá-lo. Sendo nosso objetivo guiar as pessoas que desejam ocupar-se com as manifestações, supomo-las suficiente mente informadas sobre este ponto e sobre as verdades fundamentais que delas decorrem. É inútil, pois, entrar em explicações a respeito, razão por que não as discuti remos, não procuraremos estabelecer controvérsia e nem refutaremos as objeções.

Não nos dirigimos senão às pessoas de boa-fé, convictas ou predispostas a se convencerem. Quanto aos que ainda têm tudo a aprender, certamente não encontrarão aqui demonstrações que poderiam talvez desejar, uma vez que consideramos como demonstrado o ponto de partida. Aos que contestam esse ponto, diremos: vede e observai quando se apresentar a ocasião. Se, apesar dos fatos e do raciocínio, persistirdes em vossa incredulidade, consideraremos como perdido o tempo que gastássemos em querer tirar-vos de um erro no qual, por certo, vos comprazeis. Respeitamos vossa opinião; respeitai a nossa. É tudo quanto vos pedimos.

Começaremos esta instrução pela exposição dos princípios gerais da Doutrina. Embora possa parecer mais racional começar pela prática, cremos não ser este aqui o caso; há uma convicção moral que só o raciocínio pode dar. Aqueles, pois, que tiverem adquirido as primeiras noções, pelo estudo da teoria, compreenderão melhor a necessidade de certos preceitos recomendados na prática e mostrarão disposições mais favoráveis. Conduzindo os indecisos para o terreno da realidade, esperamos destruir os preconceitos que possam prejudicar o resultado que se procura; poupar ensaios inúteis, porque mal dirigidos ou voltados para o impossível; enfim, combater as ideias supersticiosas cuja origem, quase sempre, está na falsa ou incompleta noção das coisas.

As manifestações espíritas têm sua fonte numa multidão de ideias novas que não puderam encontrar representação na linguagem usual. Têm sido expressas por analogia, como acontece nos primórdios de toda ciência. Daí a ambiguidade dos vocábulos, origem de intermináveis discussões. Com palavras claramente definidas e uma palavra para cada coisa, nós nos entendemos mais facilmente; a discussão, se ocorre, é sobre o fundo, e não sobre a forma.

Foi com vistas a alcançar esse objetivo e ordenar essas ideias, ainda novas e confusas, que nos dispusemos, em primeiro lugar, a dar explicações bastante completas, embora sucintas, sobre todas as palavras que se referem, direta ou indiretamente, à Doutrina Espírita, a fim de melhor fixar as ideias.

A ciência espírita deve ter seu vocabulário, como todas as outras ciências. Para compreender uma ciência é preciso, antes de tudo, compreender-lhe a linguagem; é a primeira coisa que recomendamos aos que desejam fazer um estudo sério do Espiritismo. Seja qual for depois sua opinião pessoal sobre os diversos pontos da Doutrina, eles poderão discuti-los com conhecimento de causa. Além disso, a forma alfabética permitirá recorrer mais facilmente às definições e informações que são a pedra angular do edifício, e que servirão para refutar, em poucas palavras, certas críticas e evitar uma enxurra da de questões.

A especialidade do objetivo a que nos propusemos indica os limites naturais desta obra. Tocando a ciência espírita todos os pontos da metafísica e da moral e, pode-se dizer, a maior parte dos conhecimentos humanos, não seria num quadro tão restrito que poderíamos abordar todas as questões ou discutir todas as objeções.

Para os estudos complementares, remetemos o leitor a O Livro dos Espíritos e à Revista Espírita. No primeiro encontrará a exposição completa e metódica da Doutrina, tal qual a ditaram os próprios Espíritos; na segunda, além da relação e apreciação dos fatos, uma variedade de assuntos que só uma publicação periódica comporta. A coleção dessa Revista formará o repertório mais completo sobre a matéria, sob o tríplice ponto de vista histórico, dogmático e crítico.


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