O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O Céu e o Inferno — 2ª Parte.

SUICIDAS.
(Idioma francês)

Capítulo V.

[Exemplo 3.]

FRANÇOIS-SIMON LOUVET.

(Do Havre.)

1. — A seguinte comunicação foi dada espontaneamente, em uma reunião espírita no Havre, a 12 de fevereiro de 1863:


2 “Tereis piedade de um pobre miserável que passa de há muito por cruéis torturas?! Oh! o vácuo… o Espaço… despenho-me… caio… morro… Acudam-me! 3 Deus, eu tive uma existência tão miserável… Pobre diabo, sofri fome muitas vezes na velhice; e foi por isso que me habituei a beber, a ter vergonha e desgosto de tudo. 4 Quis morrer, e atirei-me… Oh! meu Deus! Que momento! E para que tal desejo, quando o termo estava tão próximo? 5 Orai, para que eu não veja incessantemente este vácuo debaixo de mim… Vou despedaçar-me de encontro a essas pedras! Eu vo-lo suplico, a vós que conheceis as misérias dos que não mais pertencem a esse mundo. Não me conheceis, mas eu sofro tanto… Para que mais provas? Sofro! Não será isso o bastante? Se eu tivera fome, em vez deste sofrimento mais terrível e aliás imperceptível para vós, não vacilaríeis em aliviar-me com uma migalha de pão. Pois eu vos peço que oreis por mim… 6 Não posso permanecer por mais tempo neste estado… Perguntai a qualquer desses felizes que aqui estão, e sabereis quem fui. Orai por mim.”

François-Simon Louvet.


2.O guia do médium. — “Esse que acaba de se dirigir a vós foi um pobre infeliz que teve na Terra a prova da miséria; vencido pelo desgosto, faltou-lhe a coragem, e, em vez de olhar para o Céu como devia, entregou-se à embriaguez; desceu aos extremos últimos do desespero, pondo termo à sua triste provação: atirou-se da Torre Francisco I, no dia 22 de julho de 1857. 2 Tende piedade de sua pobre alma, que não é adiantada, mas que lobriga da vida futura o bastante para sofrer e desejar uma reparação. Rogai a Deus lhe conceda essa graça, e com isso tereis feito obra meritória.”


3. — Buscando-se informes a respeito, encontrou-se no “Journal du Havre”, de 23 de julho de 1857, a seguinte notícia local:


2 “Ontem, às 4 horas da tarde, os transeuntes do cais foram dolorosamente impressionados por um horrível acidente: um homem atirou-se da torre, vindo despedaçar-se sobre as pedras. Era um velho puxador de sirga, cujo pendor a embriaguez o arrastara ao suicídio. Chamava-se François-Victor-Simon Louvet. O corpo foi transportado para a casa de uma das suas filhas, à rua de la Corderie. Tinha 67 anos de idade.”


3 Seis anos fazia que esse homem morrera e ele se via ainda cair da torre, despedaçando-se nas pedras… Aterra-o o vácuo, horroriza-o a perspectiva da queda… e isso há 6 anos! Quanto tempo durará tal estado? Ele não o sabe, e essa incerteza lhe aumenta as angústias. 4 Isso não equivale ao inferno com suas chamas? Quem revelou e inventou tais castigos? Pois são os próprios padecentes que os vêm descrever, como outros o fazem das suas alegrias. E fazem-no, muita vez, espontaneamente, sem que neles se pense o que exclui toda hipótese de sermos nós o joguete da própria imaginação.


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