Roteiro 1
Fenômenos mediúnicos que antecederam a Codificação: Hydesville e mesas girantes
Objetivo Geral: Favorecer a compreensão do surgimento da Doutrina Espírita e da missão de Allan Kardec.
Objetivo Específico: Justificar a importância dos fenômenos de Hydesville e das mesas girantes para o surgimento do Espiritismo.
CONTEÚDO BÁSICO
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Em março de 1848, no humilde vilarejo de Hydesville, estado de Nova Iorque, surgiram fenômenos mediúnicos que abalaram a opinião pública da época. Tais fenômenos ocorreram numa tosca cabana, residência da família Fox. Os acontecimentos a partir do primeiro diálogo com o Espírito, em 31 de março de 1848, empolgaram a população do vilarejo, surgindo, em novembro de 1849, as primeiras demonstrações públicas, com as irmãs Fox, o que resultou na formação do primeiro núcleo de estudantes do espiritualismo moderno. Zêus Wantuil: As Mesas Girantes e o Espiritismo. Capítulo 1.
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O acontecimento de Hydesville […] repercutiria na Europa, despertando as consciências e, ao lado dos fenômenos das Mesas Girantes, prepararia o advento do Espiritismo. Pedro Barbosa: O Espiritismo Básico. O Episódio de Hydesville.
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Em Paris de 1853, principalmente, a recreação mais palpitante e mais original era a das mesas girantes […]. Os fenômenos constituíam para a generalidade dos assistentes um passatempo como qualquer outro. Quase ninguém se aprofundava no estudo da causa de tais manifestações extraordinárias. Às vezes surgia uma que outra pretensiosa explicação, que logo era desprezada, por não poder satisfazer aos fatos observados. Zêus Wantuil e Francisco Thiesen: Allan Kardec. vol.2. A fagulha da renovação. Capítulo 1, item 2.
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Os […] Espíritos, aproveitando-se da onda de curiosidade que invadira todas as plagas [as nações europeias e alhures], nelas também se movimentaram intensamente, no grandioso e abençoado objetivo de despertamento progressivo dos homens para as realidades vivas da vida póstuma. Zêus Wantuil: As Mesas Girantes e o Espiritismo. Capítulo 10.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
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Informar à turma que o Módulo II trata da Codificação Espírita — as cinco obras básicas — , dos assuntos que giram em torno dela e do seu Codificador, Allan Kardec.
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Em breve exposição, explicar aos participantes que, em meados do século XIX, houve uma série de fenômenos considerados extraordinários, e que causaram forte impacto na opinião pública, tendo mesmo atingido os intelectuais da época: os fenômenos de Hydesville e as mesas girantes. (Veja As Mesas Girantes e o Espiritismo, p. 7 e Allan Kardec, vol. 2, p. 52, por exemplo)
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Mostrar, então, figuras ilustrativas dos dois fenômenos, fazendo breves comentários sobre cada um deles.
Desenvolvimento:
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Em sequência, dividir a turma em quatro grupos e solicitar-lhes que leiam, silenciosamente, os subsídios do roteiro.
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Terminada a leitura, propor-lhes a realização das tarefas abaixo descritas:
Grupo I: Narrar, de forma resumida, os episódios de Hydesville, ou, se o grupo preferir, dramatizar o diálogo de Kate e Margareth Fox com o Espírito batedor.
Grupo II: Retirar dos subsídios, item 1 (Os fenômenos de Hydesville), os aspectos que o grupo julgar mais importantes, e comentá-los de modo sucinto.
Grupo III: Fazer a síntese do item 2 (As mesas girantes).
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Após essa tarefa, pedir aos grupos que apresentem as conclusões.
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A seguir, afixar em lugar visível a todos um cartaz contendo a seguinte pergunta: Qual a importância dos fenômenos de Hydesville e das mesas girantes, para o surgimento do Espiritismo?
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Com o auxílio da técnica explosão de ideias, pedir aos alunos que respondam à pergunta do cartaz, anotando as respostas no quadro-de-giz / quadro branco ou no flip-chart.
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Fazer breves comentários sobre as ideias emitidas pelos participantes.
Conclusão:
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Considerando o objetivo da aula, destacar a importância do papel dos fenômenos que antecederam a Codificação — “invasão organizada” pela Espiritualidade superior, com vistas à chegada de uma Era Nova para a Humanidade.
Avaliação:
Técnica(s):
Recurso(s):
Atividade extraclasse para a próxima reunião de estudo: Informar à turma que o roteiro seguinte — Allan Kardec: o professor e o codificador — será estudado por meio de um simpósio. Explicar resumidamente a técnica, pedindo a colaboração de quatro alunos, que deverão preparar os temas (10 minutos para cada exposição), da seguinte maneira: 1º. expositor: O menino Hyppolyte — nascimento; primeiros estudos; o Instituto de Yverdon. 2º. expositor: O professor Rivail: as obras didáticas; o ensino intuitivo; o exercício das funções diretivas e educativas. 3º. expositor: Kardec e a missão: os primeiros contatos com os fenômenos mediúnicos; os primeiros estudos sérios de Espiritismo; notícias e desempenho da missão. 4º. expositor: Kardec e as obras espíritas: o nome Allan Kardec; as obras espíritas; a atuação de Kardec na codificação da Doutrina Espírita. Solicitar à turma que leia com atenção os subsídios do roteiro 2, para participar com proveito do simpósio. Reunir-se, oportunamente, com os expositores, para prestar-lhes esclarecimentos a respeito do trabalho, o que os tornará seguros e motivados para a execução da tarefa.
SUBSÍDIOS
Em meados do século XIX, surgiram na América, fenômenos que, pelo caráter ostensivo e intencional, causaram forte impacto na opinião pública, em geral, com ressonância no mundo intelectual da época: os fenômenos de Hydesville, que, ao lado das mesas girantes, contribuiriam efetivamente para o surgimento do Espiritismo.
1. Os fenômenos de Hydesville
Em 1847, a casa [uma tosca cabana] de um certo John Fox [e sua mulher Margareth], residente em Hydesville, pequena cidade do Estado de New York, foi perturbada por estranhas manifestações; ruídos inexplicáveis faziam-se ouvir com tal intensidade que essa família não pôde mais repousar.
Apesar das mais numerosas pesquisas, não se pôde encontrar o autor dessa bulha insólita; logo, porém, se notou que a causa produtora parecia ser inteligente. (4) As filhas do casal Fox, Margareth e Kate e ainda a mais velha, Lia, casada, eram médiuns. Kate, de 11 anos, no dia 31 de março de 1848, quando as pancadas (em inglês chamadas raps) se tornaram mais persistentes e fortes, resolveu desafiar o mistério, travando-se um diálogo com o que todos julgavam fosse o diabo:
— Senhor Pé-rachado, faça o que eu faço, batendo palmas.
Imediatamente se ouviram pancadas, em número igual ao das palmas. A Sra. Margareth, animada, disse, por sua vez:
— Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro.
Logo se fizeram ouvir as pancadas correspondentes.
— É um Espírito? perguntou, em seguida. Se for, dê duas batidas.
A resposta, afirmativa, não se fez esperar.
— Se for um espírito assassinado, dê duas batidas. Foi assassinado nesta casa?
Duas pancadas estrepitosas se fizeram ouvir. (3)
Chamados os vizinhos, estes foram testemunhas dos mesmos fenômenos. Todos os meios de vigilância foram postos em ação para a descoberta do invisível batedor, mas o inquérito da família e o de toda a vizinhança foi inútil. Não se pôde descobrir a causa real daquelas singulares manifestações.
As experiências seguiram-se, numerosas e precisas. Os curiosos, atraídos por esses fenômenos novos, não se contentaram mais com perguntas e respostas. Um deles, chamado Isaac Post, teve a ideia de nomear em voz alta as letras do alfabeto, pedindo ao Espírito para bater uma pancada quando a letra entrasse na composição das palavras que quisesse fazer compreender. Desde esse dia ficou descoberta a telegrafia espiritual; este processo é o que vemos aplicado nas mesas girantes. (5) Foi através desse processo — o uso do alfabeto na telegrafia espiritual — que os Espíritos enviaram mensagens reveladoras dos desígnios superiores, como esta a seguir:
Caros amigos, deveis proclamar ao Mundo estas verdades. É a aurora de uma nova era; e não deveis tentar ocultá-la por mais tempo. Quando houverdes cumprido o vosso dever, Deus vos protegerá; e os bons Espíritos velarão por vós. (12)
Os Fox, vítimas da intolerância e do fanatismo dos conservadores da fé, resolveram, então, oferecer-se para mostrar publicamente os fenômenos à população reunida no Corynthian-Hall, o maior salão da cidade de Rochester. Essas apresentações, após passarem pelo exame rigoroso de três comissões, foram declaradas verdadeiras, e, como era de se esperar, grande foi o tumulto, com o quase linchamento das jovens Fox.
Mas a perseguição traz, como consequência, o aumento do número de adeptos para as ideias que combate. Assim, poucos anos depois, já havia alguns milhares de seguidores do espiritualismo moderno nos Estados Unidos. (6)
2. As mesas girantes
É necessário dizer se que o fenômeno tomou, em seguida, outro aspecto. As pancadas, em vez de se produzirem sobre as paredes e sobre o assoalho, faziam-se ouvir na mesa, em torno da qual estavam reunidos os experimentadores. Este modo de proceder fora indicado pelos próprios Espíritos. (7)
O primeiro fato observado foi o da movimentação de objetos diversos. Designaram-no vulgarmente pelo nome de mesas girantes ou dança das mesas. Este fenômeno, que parece ter sido notado primeiramente na América […], se produziu rodeado de circunstâncias estranhas, tais como ruídos insólitos, pancadas sem nenhuma causa ostensiva. Em seguida, propagou-se rapidamente pela Europa e pelas outras partes do mundo. (1)
As primeiras manifestações inteligentes se produziram por meio de mesas que se levantavam e, com um dos pés, davam certo número de pancadas, respondendo desse modo — sim ou não — , conforme fora convencionado, a uma pergunta feita. Até aí nada de convincente havia para os cépticos, porquanto bem podiam crer que tudo fosse obra do acaso. Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas com o auxílio das letras do alfabeto: dando o móvel um número de pancadas correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava-se a formar palavras e frases que respondiam às questões propostas. A precisão das respostas e a correlação que denotavam com as perguntas causaram espanto. O sermisterioso que assim respondia, interrogado sobre a sua natureza, declarou que era Espírito ou Gênio, declinou um nome e prestou diversas informações a seu respeito. Há aqui uma circunstância muito importante, que se deve assinalar. É que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. (2)
Vale enfatizar que, a propósito dessas manifestações novas na América, muitos intelectuais, como o juiz John W. Edmonds, o professor James J. Mapes, o célebre professor Roberto Hare, o sábio Robert Dale Owen, dentre outros, aproximaram-se das novas ideias com o objetivo de esclarecer as pessoas quanto à ilusão em que estavam imersas. Mas, em vez disso, eles, os sábios, recuando honestamente em seus propósitos, declararam a veracidade dos fatos, aumentando ainda mais o interesse pelas manifestações mediúnicas, portadoras de mensagens vindas do mundo espiritual. (8) (11)
A notícia dos fenômenos misteriosos que se produziam na América suscitou na França viva curiosidade e, em pouco tempo, a experiência das mesas girantes atingiu grau extraordinário. Nos salões, a moda era interrogá-las sobre as mais fúteis questões. Era um passatempo de nova espécie e que fez furor. (9)
Em 1853, a Europa inteira tinha as atenções gerais convergidas para o fenômeno das chamadas mesas girantes e dançantes, considerado o maior acontecimento do século pelo Rev.mo Padre Ventura de Raulica, então o mais ilustre representante da teologia e da filosofia católicas. (14)
A imprensa informava e tecia largos comentários acerca das estranhas manifestações, e, a não ser o grande físico inglês Faraday; o sábio químico Chevreul, o conde de Gasparin, o marquês de Mirville, o abade Moigno, Arago, Babinet e alguns outros eminentes homens de ciência, bem poucos se importaram em descobrir lhes as causas, em explicá-las, a maioria dos acadêmicos olhando os fenômenos com superioridade e desdém. (15)
Voltando aos dias da tumultuosa França de meados de 1853, vemos que grupos e mais grupos de experimentadores curiosos se haviam organizado num fechar de olhos. A maravilhosa loucura do século XIX já se havia infiltrado no cérebro da Humanidade […]. E Paris inteira assistia, atônita e estarrecida, a este turbilhão feérico de fenômenos imprevistos que, para a maioria, só alucinadas imaginações poderiam criar, mas que a realidade impunha aos mais cépticos e frívolos.
A Imprensa francesa, diante da demonstração irrefragável dos novos fatos [manifestações de Espíritos], que saltavam aos olhos de todos, franqueou mais amplamente suas colunas ao noticiário a respeito, dessa forma ateando mais fogo nos debates e controvérsias que então se levantaram entre os observadores menos superficiais. (13)
Mas as mesas continuaram… Veio o Santo Ofício e, em 4 de agosto de 1856, condenou os fenômenos em voga, dizendo serem consequência de hipnotismo e magnetismo (já que pouca gente acreditava em peripécias do diabo), e tachava de hereges as pessoas por intermédio das quais eles eram produzidos. (16)
Estava, assim, cumprido o papel dos fenômenos dessa fase inicial — invasão organizada, no dizer do escritor inglês Arthur Conan Doyle — , programada pelos Espíritos Superiores, com vistas à chegada de uma nova era de progresso para os homens. (10)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro, 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução, item 3, p. 17.
2. Idem - Item 4, p. 20.
3. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo Básico. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Primeira parte. (O Episódio de Hydesville), p. 42.
4. DELANNE, Gabriel. O Fenômeno Espírita. Tradução de Francisco Raymundo Ewerton Quadros. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Parte primeira. Capítulo 2 (Na América), p. 23.
5. Idem, ibidem - p. 24.
6. Idem, ibidem - p. 25-26.
7. Idem, ibidem - p. 27.
8. Idem, ibidem - p. 29-33.
9. Idem, ibidem - p. 38.
10. DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. Tradução de Júlio Abreu Filho. São Paulo: Editora Pensamento. S/d. Capítulo 1, p. 33.
11. Idem - Capítulo 6, p. 120-128.
12. WANTUIL, Zêus. As Mesas Girantes e o Espiritismo. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 1, p. 6-7.
13. Idem - Capítulo 9, p. 57.
14. WANTUIL, Zêus e THIESEN, Francisco. Allan Kardec. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, vol. 2. Capítulo 2, p. 56-57.
15. Idem, ibidem - p. 57.
16. Idem, ibidem - p. 59-60.