O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

Índice |  Princípio  | Continuar

ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo XII — Lei de Sociedade e Lei do trabalho

Roteiro 2


Vida em família e laços de parentesco


Objetivo Geral: Possibilitar entendimento das leis de sociedade e do trabalho.

Objetivo Específico: Justificar por que os laços de família constituem uma lei da natureza. — Identificar as espécies de família, do ponto de vista espírita. — Reconhecer a missão dos pais no seio da família.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar se como irmãos. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 774.

  • Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 14, item 8.

  • Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro […]. Trecho de mensagem do Espírito Santo Agostinho, ditada em Paris, em 1862. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 14, item 9.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Entregar aos participantes cópias do item 8, capítulo 14, de O Evangelho segundo o Espiritismo, pedindo-lhes que façam leitura silenciosa e individual do texto.


Desenvolvimento:

  • Em seguida, organizar a turma em quatro grupos, numerando-os. Entregar a cada equipe uma página — identificada pelo número do grupo — , contendo uma questão para ser resolvida de acordo com as seguintes orientações:

    a) Leitura da questão, troca de ideias, e redação da resposta anotada por um colega. Tempo máximo para a realização desta etapa: 10 minutos;

    b) Rodízio, entre os grupos, das páginas com as respectivas respostas. Estas páginas são transferidas, de um para outro grupo, por mensageiros indicados pelas equipes. Em cada rodízio os participantes completam o pensamento registrado pela equipe anterior. Tempo máximo para a realização de cada rodízio: 5 minutos;

    c) Continuar com o rodízio até que cada equipe recupere a folha de papel original;

    d) Leitura dos registros em relação à questão proposta, e elaboração de uma síntese sobre as ideias expressas.

  • Pedir a cada redator que, em plenário, leia a questão que foi proposta ao seu grupo, apresentando também a síntese das ideias expressas pelos colegas.

  • Observações:

    As questões, escritas de forma objetiva, devem estar de acordo com as ideias desenvolvidas nos subsídios.

    O rodízio deve seguir a seguinte ordem: 1 — 2 — 3— 4 — 1…


Conclusão:

  • Destacar, como fechamento do assunto, os principais pontos do pensamento de Santo Agostinho, existentes no item 9, capítulo 14, de O Evangelho segundo o Espiritismo.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório se as respostas que os participantes deram às questões indicarem que houve correto entendimento do assunto da aula.


Técnica(s):

  • Leitura individual; trabalho em grupo com rodízio; exposição.


Recurso(s):

  • O Evangelho segundo o Espiritismo; questões para trabalho em grupo.



 

SUBSÍDIOS


Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar se como irmãos. (3) A família é, pois […] uma instituição divina cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar nos como irmãos. (5) Nesse sentido, o relaxamento dos laços de família representa uma prática antinatural, uma […] recrudescência do egoísmo. (4)

De todas as associações existentes na Terra […] nenhuma talvez mais importante em sua função educadora e regenerativa: a constituição da família. De semelhante agremiação, na qual dois seres se conjugam, atendendo aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da civilização. Através do casal, aí estabelecido, funciona o princípio da reencarnação, consoante as Leis Divinas, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados programas de ação do Mundo Espiritual. (10)

Fácil entender que é assim justamente que nós, os espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor — do amor que nos soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus. (12)

A […] família, genericamente, representa o clã social ou de sintonia por identidade que reúne espécimes dentro da mesma classificação. Juridicamente, porém, a família se deriva da união de dois seres que se elegem para uma vida em comum, através de um contrato, dando origem à genitura da mesma espécie. […] A família tem suas próprias leis, que consubstanciam as regras do bom comportamento dentro do impositivo do respeito ético, recíproco entre os seus membros, favorável à perfeita harmonia que deve vigir sob o mesmo teto em que se agasalham os que se consorciam. […] O lar, no entanto, não pode ser configurado como a edificação material, capaz de oferecer segurança e paz aos que aí se resguardam. (6)

Habitualmente — nunca sempre — somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos. Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta ao nosso convívio, a prometer lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. (13)

É importante considerar, entretanto, que não […] são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se fossem pelo sangue. Podem então atrair se, buscar se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. (1)

Por intermédio da paternidade e da maternidade, o homem e a mulher adquirem mais amplos créditos da Vida Superior. […] Os filhos são liames de amor conscientizado que lhes granjeiam proteção mais extensa do Mundo Maior, de vez que todos nós integramos grupos afins.

Na arena terrestre, é justo que determinada criatura se faça assistida por outras que lhe respiram a mesma faixa de interesse afetivo. De modo idêntico, é natural que as inteligências domiciliadas nas Esferas Superiores se consagrem a resguardar e guiar aqueles companheiros de experiência, volvidos à reencarnação para fins de progresso e burilamento.

A parentela no Planeta faz-se filtro da família espiritual sediada além da existência física, mantendo os laços preexistentes entre aqueles que lhe comungam o clima. Arraigada nas vidas passadas de todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, assim, de agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis, ante as leis do destino. (11)

Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir se. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o fazem no espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas. Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar se, venturosos pelos novos progressos que realizaram. Mas, como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso. Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar. (2)

Na […] esfera do grupo consanguíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências. A chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural aglutinação dos Espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações. (9)

Modernamente, ante a precipitação dos conceitos que generalizam na vulgaridade os valores éticos, tem-se a impressão de que paira rude ameaça sobre a estabilidade da família. Mais do que nunca, porém, o conjunto doméstico se deve impor para a sobrevivência a benefício da soberania da própria Humanidade. (7) Atualmente, na fase de aferição de valores morais por que passa a Humanidade, é comum ouvir a voz da imaturidade e do pessimismo anunciando a extinção da família. Entretanto, devemos tranquilizar […] os nossos corações, porque a família não está em extinção, o processo é de transformação. A vulnerabilidade do bebê humano e sua dependência dos cuidados do adulto são indícios muito fortes de que a família é uma necessidade psicofísica do homem e, portanto, será difícil imaginar um sistema social sem essa instituição básica. O fato de ser a instituição familiar uma necessidade do homem não significa, contudo, que ela seja imutável. A família já se modificou muito desde a fase da sociedade predominantemente agrícola até os dias de hoje. Estamos assistindo a uma nova transformação. Toda mudança sempre acarreta um momento de desorganização e talvez daí tenha surgido a ideia de que a família está se desmoronando, desestruturando-se, extinguindo-se.

Algumas pessoas se sentem tão abaladas por essa desordem transitória, que se aferram a um modo de viver já ultrapassado, na tentativa de preservar valores decadentes, acreditando defender assim os interesses da coletividade. Outras se aproveitam da oportunidade para extravasar seus próprios impulsos desequilibrados. Entretanto o indivíduo que consegue ver o panorama social de um ponto mais elevado, que já desenvolveu a capacidade de pensar criticamente, pode discernir com mais facilidade acerca dos valores a serem preservados, separando-os daqueles que devem ser descartados, contribuindo, desse modo, para a consolidação do progresso. (8)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 14, item 8, p. 264-266.

2. Idem - Item 9, p. 243.

3. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 774, p. 406.

4. Id. - Questão 775, p. 406.

5. CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004 (A Família), p. 115.

6. FRANCO, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 24, p. 175.

7. Idem, ibidem - p. 176.

8. SOUZA, Dalva Silva. Os Caminhos do Amor. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. Item: A família nos tempos modernos, p. 189-190.

9. XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 12 (Família), p. 60.

10. Idem - Vida e Sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Capítulo 2, p. 13-14.

11. Idem, ibidem - p. 14.

12. Id. - Capítulo 17, p. 74-75.

13. Idem, ibidem - p. 75.


Abrir