Roteiro 6
Espiritismo: o Consolador prometido por Jesus
Objetivo Geral: Dar condições de entendimento da evolução do pensamento religioso.
Objetivos específicos: Explicar por que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus. — Identificar a abrangência do Espiritismo.
CONTEÚDO BÁSICO
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Se me amais, observareis os meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito [Consolador], para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixareis órfãos […]. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse. A Bíblia de Jerusalém. João, 14.15-17 e 26.
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Jesus promete outro consolador; o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais farde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido. O Espiritismo vem, na época predita, cumprira promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. […] Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo VI, item 4.
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Ministrando a prova material da existência e da imortalidade da alma, iniciando-nos em os mistérios do nascimento, da morte, da vida futura, da vida universal, tornando-nos palpáveis as inevitáveis consequências do bem e do mal, a Doutrina Espírita, melhor do que qualquer outra, põe em relevo a necessidade da melhoria individual. Por meio dela, sabe o homem donde vem, para onde vai, por que está na Terra; o bem tem um objetivo, uma utilidade prática. Ela não se limita a preparar o homem para o futuro, forma-o também para o presente, para a sociedade. Melhorando-se moralmente, os homens prepararão na Terra o reinado da paz e da fraternidade. A Doutrina Espírita é assim o mais poderoso elemento de moralização, por se dirigir simultaneamente ao coração, à inteligência e ao interesse pessoal bem compreendido. Por sua mesma essência, o Espiritismo participa de todos os ramos dos conhecimentos físicos, metafísicos e morais. Allan Kardec: Obras Póstumas. Segunda parte: Credo Espírita (Preâmbulo), p. 388-389.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
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Iniciar o estudo dizendo que Jesus, ao despedir-se dos discípulos que compunham o seu colégio apostólico, prometeu-lhes a vinda de um outro Consolador. Acrescentar que alguns segmentos religiosos acreditam que o Consolador veio no chamado dia de Pentecostes (festa dos judeus em memória do dia que Moisés recebeu as Tábuas da Lei).
Desenvolvimento:
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Em seguida, relatar o episódio de Pentecostes (Atos dos Apóstolos, 2).
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Findo o relato, lançar ao plenário, para reflexão, as seguintes perguntas: Poderia o Consolador realmente já ter vindo? Será o Espiritismo o Consolador prometido por Jesus? Pedir aos participantes que não respondam a essas perguntas, apenas reflitam sobre o assunto.
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Logo após, formar quatro grupos, para realização das seguintes tarefas:
Grupos I e II:
1) ler os Subsídios do roteiro;
2) elaborar, com base no item 1 dos Subsídios, um texto explicando por que o Espiritismo deve ser considerado o Consolador prometido por Jesus.
Grupos III e IV:
1) ler os Subsídios do roteiro;
2) extrair do item 2 dos Subsídios os principais pontos que identificam a abrangência do Espiritismo, anotando-os em folha de papel.
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Ao término dessas atividades, reunir os grupos I e II, de modo que formem uma só equipe. Realizar idêntico procedimento com os grupos III e IV.
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Os grupos I e II, reunidos, devem ler os textos elaborados; trocar ideias, promovendo eventuais acréscimos ou supressões; elaborar redação final para posterior apresentação, em plenária, após a escolha de um relator.
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Os grupos III e IV, reunidos, devem ler os textos elaborados; trocar ideias, promovendo eventuais acréscimos ou supressões; confeccionar um cartaz para posterior apresentação, em plenária, após a escolha de um relator.
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Em sequência, solicitar aos representantes escolhidos que apresentem as conclusões do trabalho.
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Ouvir os relatos, prestando os esclarecimentos cabíveis.
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Logo após, pedir aos participantes que expliquem, com base no estudo feito, por que o fenômeno ocorrido no dia de Pentecostes não poderia ser considerado como a vinda do Consolador prometido por Jesus. Verificar se as respostas estão embasadas nos itens 1 e 2 dos Subsídios, completando-as, se necessário.
Conclusão:
Avaliação:
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O estudo será considerado satisfatório se os participantes, ao final das atividades, demonstrarem compreensão de que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, identificando a sua abrangência.
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
1. Espiritismo: o consolador prometido por Jesus
Jesus, na última ceia, ao despedir-se dos discípulos que compunham o seu colégio apostólico, prometeu-lhes a vinda de um outro consolador. Será o Espiritismo este consolador? Busquemos interpretar-lhe a promessa, de acordo com os ensinamentos da Doutrina Espírita. Diz Jesus: Se me amais, observareis os meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito [Consolador], para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixareis órfãos […]. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse. João, 14.15-17 e 26. (2) (7)
Conforme ensina Allan Kardec, Jesus promete outro consolador o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido. O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.” O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.
Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.” Mas, como há de alguém sentir se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança. (3)
Em uma comunicação inserida por Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, o Espírito de Verdade, representando o próprio Cristo, ratifica esse entendimento, quando afirma: Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis.”
Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro. […] Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: “Irmãos! nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade.” (4)
Em outra comunicação, colocada por Kardec como prefácio da obra citada, é ainda o Espírito de Verdade quem assinala: Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos. As grandes vozes do Céu ressoam como sons de trombetas, e os cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos, a vós homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei uníssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam de um extremo a outro do Universo. Homens, irmãos a quem amamos, aqui estamos junto de vós. Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do fundo do coração, fazendo as vontades do Pai, que está no Céu: Senhor! Senhor! … e podereis entrar no reino dos Céus. (1)
Sendo assim, consoante declaração de Emmanuel, o […] Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz dos seres redimidos, espalha as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo. (9) O Espiritismo, contudo, […] não pode guardara pretensão de exterminar as outras crenças, parcelas da verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, trabalhar por transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da verdade imortalista. A missão do Consolador tem que se verificar junto das almas e não ao lado das gloríolas efêmeras dos triunfos materiais. Esclarecendo o erro religioso, onde quer que se encontre, e revelando a verdadeira luz, pelos atos e pelos ensinamentos, o espiritista sincero, enriquecendo os valores da fé, representa o operário da regeneração do Templo do Senhor, onde os homens se agrupam em vários departamentos, ante altares diversos, mas onde existe um só Mestre, que é Jesus-Cristo. (10)
2. A abrangência do Espiritismo
Allan Kardec, no item V da Conclusão de O Livro dos Espíritos, apresenta argumentação que descortina, de forma clara, a abrangência do Espiritismo. Suas palavras, embora retratando a realidade da época, resistem, pela força da lógica, o perpassar dos tempos:
Os que dizem que as crenças espíritas ameaçam invadir o mundo, proclamam, “ipso facto”, a força do Espiritismo, porque jamais poderia tornar se universal uma ideia sem fundamento e destituída de lógica. Assim, se o Espiritismo se implanta por toda parte, se, principalmente nas classes cultas, recruta adeptos, como todos facilmente reconhecerão, é que tem um fundo de verdade. Baldados, contra essa tendência, serão todos os esforços dos seus detratores e a prova é que o próprio ridículo, de que procuram cobri-lo, longe de lhe amortecer o ímpeto, parece ter-lhe dado novo vigor, resultado que plenamente justifica o que repetidas vezes os Espíritos hão dito: “Não vos inquieteis com a oposição; tudo o que contra vós fizerem se tornará a vosso favor e os vossos maiores adversários, sem o quererem, servirão à vossa causa. Contra a vontade de Deus não poderá prevalecer a má-vontade dos homens.”
Por meio do Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numa nova fase, a do progresso moral que lhe é consequência inevitável. Não mais, pois, vos espanteis da rapidez com que as ideias espíritas se propagam. A causa dessa celeridade reside na satisfação que trazem a todos os que as aprofundam e que nelas veem alguma coisas mais do que fútil passatempo. Ora, como cada um o que acima de tudo quer é a sua felicidade, nada há de surpreendente em que cada um se apegue a uma ideia que faz ditosos os que a esposam.
Três períodos distintos apresenta o desenvolvimento dessas ideias: primeiro, o da curiosidade, que a singularidade dos fenômenos produzidos desperta; segundo, o do raciocínio e da filosofia; terceiro, o da aplicação e das consequências. O período da curiosidade passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que desafia a meditação séria e o raciocínio. Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente.
O Espiritismo progrediu principalmente depois que foi sendo mais bem compreendido na sua essência íntima, depois que lhe perceberam o alcance, porque tange a corda mais sensível do homem: a da sua felicidade, mesmo neste mundo. Aí a causa da sua propagação, o segredo da força que o fará triunfar. Enquanto a sua influência não atinge as massas, ele vai felicitando os que o compreendem. Mesmo os que nenhum fenômeno têm testemunhado dizem: “à parte esses fenômenos, há a filosofia, que me explica o que nenhuma outra me havia explicado. Nela encontro, por meio unicamente do raciocínio, uma solução racional para os problemas que no mais alto grau interessam ao meu futuro. Ela me dá calma, firmeza, confiança; livra-me do tormento da incerteza.” Ao lado de tudo isto, secundária se torna a questão dos fatos materiais.
Quereis, vós todos que o atacais, um meio de combatê-lo com êxito? Aqui o tendes. Substituí-o por alguma coisa melhor indicai solução mais filosófica para todas as questões que ele resolveu; dai ao homem outra certeza que o faça mais feliz, porém compreendei bem o alcance desta palavra “certeza”, porquanto o homem não aceita como “certo”, senão o que lhe parece “lógico”. Não vos contenteis com dizer: isto não é assim; demasiado fácil é semelhante afirmativa. Provai, não por negação, mas por fatos, que isto não é real, nunca o foi e não pode ser. Se não é, dizei o que o é, em seu lugar. Provai, finalmente, que as consequências do Espiritismo não são tornar melhor o homem e, portanto, mais feliz, pela prática da mais pura moral evangélica, moral a que se tecem muitos louvores, mas que muito pouco se pratica. Quando houverdes feito isso, tereis o direito de o atacar.
O Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas penas e recompensas são corolários naturais da vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta do futuro, nada há que a razão mais exigente possa recusar. Que compensação oferecereis aos sofrimentos deste mundo, vós cuja doutrina consiste unicamente na negação do futuro? Enquanto vos apoiais na incredulidade, ele se apoia na confiança em Deus; ao passo que convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade, vós lhes ofereceis o “nada” por perspectiva e o “egoísmo” por consolação. Ele tudo explica, vós nada explicais. Ele prova pelos fatos, vós nada provais. Como quereis que se hesite entre as duas doutrinas? (5)
Essas palavras de Kardec deixam entrever o grande alcance social da Doutrina Espírita. Acreditar, porém, que […] o Espiritismo possa influenciar sobre a vida dos povos, facilitar a solução dos problemas sociais é ainda muito incompreensível para as ideias da época. Mas, por pouco que se reflita, seremos forçados a reconhecer que as crenças têm uma influência considerável sobre a forma das sociedades. Na Idade Média, a sociedade era a imagem fiel das concepções católicas. A sociedade moderna, sob a inspiração do materialismo, vê apenas no Universo a concorrência vital, a luta dos seres, luta ardente, na qual todos os apetites estão em liberdade. Tende a fazer do mundo atual a máquina formidável e cega que tritura as existências, e onde o indivíduo não passa de partícula, ínfima e transitória, saída do nada para, em breve, a ele voltar. Mas, quanta mudança nesse ponto de vista, logo que o novo ideal vem esclarecer-nos o ser e regular-nos a conduta! Convencido de que esta vida é um meio de depuração e de progresso, que não está isolada de outras existências, ricos ou pobres, todos ligarão menos importância aos interesses do presente. Em virtude de estar estabelecido que cada ser humano deve renascer muitas vezes sobre este mundo, passar por toda as condições sociais, sendo as existências obscuras e dolorosas então as mais numerosas e a riqueza mal empregada acarretando gravosas responsabilidades, todo homem compreenderá que, trabalhando em benefício da sorte dos humildes, dos pequenos, dos deserdados trabalhará para si próprio […]. Graças a essa revelação, a fraternidade e a solidariedade impõem-se; os privilégios, os favores, os títulos perdem sua razão de ser. A nobreza dos atos e dos pensamentos substitui a dos pergaminhos. Assim concebida, a questão social mudaria de aspecto: as concessões entre classes tornar-se-iam fáceis e veríamos cessar todo o antagonismo entre o capital e o trabalho. Conhecida a verdade, compreender-se-ia que os interesses de uns são os interesses de todos e que ninguém deve estar sob a pressão de outros. Daí a justiça distributiva, sob cuja ação não mais haveria ódios nem rivalidades selvagens, porém, sim, uma confiança mútua, a estima e a afeição recíprocas; em uma palavra, a realização da lei de fraternidade, que se tornará a única regra entre os homens. Tal é o remédio que o ensino dos Espíritos traz à sociedade. (8)
Desse modo, certo é dizer-se que, ministrando […] a prova material da existência e da imortalidade da alma, iniciando-nos em os mistérios do nascimento, da morte, da vida futura, da vida universal, tornando-nos palpáveis as inevitáveis consequências do bem e do mal, a Doutrina Espírita, melhor do que qualquer outra, põe em relevo a necessidade da melhoria individual. Por meio dela, sabe o homem donde vem, para onde vai, por que está na Terra; o bem tem um objetivo, uma utilidade prática. Ela não se limita a preparar o homem para o futuro, forma-o também para o presente, para a sociedade. Melhorando-se moralmente, os homens prepararão na Terra o reinado da paz e da fraternidade. A Doutrina Espírita é assim o mais poderoso elemento de moralização, por se dirigir simultaneamente ao coração, à inteligência e ao interesse pessoal bem compreendido. Por sua mesma essência, o Espiritismo participa de todos os ramos dos conhecimentos físicos, metafísicos e morais. (6)
ANEXO
(Emmanuel)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 123. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Prefácio, p. 23.
2. Idem - Capítulo VI, item 3, p. 128.
3. Id. - Item 4, p. 128-129.
4. Id. - Item 5, p. 129-130.
5. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Conclusão: item V, p. 482-484.
6. Idem - Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Credo Espírita: Preâmbulo, p. 388-389.
7. A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Diversos tradutores. São Paulo: Edições Paulinas, 1981. O Evangelho segundo São João. Capítulo 14, versículos 15 a 17 e 26, p. 1404-1405.
8. DENIS, Leon. Depois da Morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Quinta parte (O Caminho Reto), Capítulo LV (Questões Sociais), p. 314-315.
9. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, questão 352, p. 199.
10. Id. - Questão 353, p. 200.