Roteiro 4
Espíritos errantes
Objetivo Geral: Propiciar conhecimentos da vida no Mundo Espiritual.
Objetivos específicos: Conceituar Espírito errante. — Dar as principais características do estado de erraticidade.
CONTEÚDO BÁSICO
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Que é a alma no intervalo das encarnações? Espírito errante, que aspira a novo destino, que espera. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 224.
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O estado de erraticidade pode durar desde […] algumas horas até alguns milhares de séculos. Propriamente falando, não há extremo limite estabelecido para o estado de erraticidade, que pode prolongar se muitíssimo, mas que nunca é perpétuo. Cedo ou tarde, o Espírito terá que volver a uma existência apropriada a purificá-lo das máculas de suas existências precedentes. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 224a.
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Essa duração depende da vontade do Espírito, ou lhe pode ser imposta como expiação? É uma consequência do livre-arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem. Mas, também, para alguns, constitui uma punição que Deus lhes inflige. Outros pedem que ela se prolongue, a fim de continuarem estudos que só na condição de Espírito livre podem efetuar se com proveito. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 224b.
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Poder-se-á dizer que são errantes todos os Espíritos que não estão encarnados? Sim, com relação aos que tenham de reencarnar. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 226.
SUGESTÕES DIDÁTICAS
Introdução:
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Apresentar, em cartaz ou transparência, as seguintes palavras de Jesus: Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais (João, 14.1-3).
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Correlacionar, por meio de breve exposição, as palavras de Jesus com o sentido de Espírito errante e de erraticidade, de acordo com o item 1 dos Subsídios.
Desenvolvimento:
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Logo após, dividir a turma em pequenos grupos para a realização das seguintes tarefas:
a) ler os Subsídios deste roteiro;
b) discutir o seu conteúdo;
c) apresentar resumo do assunto, no qual constem:
a) conceito de Espírito errante;
b) principais características da erraticidade;
d) indicar relator para apresentar o resumo, em plenária.
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Solicitar aos representantes dos grupos que apresentem as conclusões do trabalho.
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Ouvir os relatos esclarecendo possíveis dúvidas.
Conclusão:
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Voltar ao texto evangélico citado na introdução, ressaltando que essas palavras de Jesus podem referir-se, de acordo com a interpretação de Kardec, não apenas à pluralidade dos mundos habitados, mas também […] ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo III, item 2.
Avaliação:
Técnica(s):
Recurso(s):
SUBSÍDIOS
1. Conceito de Espírito errante
O Espírito retorna ao mundo espiritual, após a morte do corpo físico. Depois de passar pelas experiências que caracterizam o desligamento entre a alma e o corpo, regressa ao […] mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo. (1) Começa, então, a fase de reintegração a uma nova forma de vida, em outro plano vibratório. O perispírito, desligado do corpo físico, revela com mais sutileza suas propriedades que, sob o comando do pensamento e da vontade do Espírito, proporcionam-lhe as transformações necessárias à sua adaptação no plano espiritual. Após um período, mais ou menos prolongado, nas regiões espirituais, o Espírito reinicia as experiências reencarnatórias. No intervalo das reencarnações, a alma recebe a denominação de Espírito errante, que aspira a novo destino, que espera. (2) O intervalo entre as reencarnações é de duração variável: Desde algumas horas até alguns milhares de séculos. Propriamente falando, não há extremo limite estabelecido para o estado de erraticidade, que pode prolongar se muitíssimo, mas que nunca é perpétuo. Cedo ou tarde, o Espírito terá que volver a uma existência apropriada a purificá-lo das máculas de suas existências precedentes. (3)
A palavra “errante” — utilizada por Kardec para designar o estado do Espírito que ainda precisa reencarnar — causa, às vezes, algumas dúvidas. Assim, importa considerar que errante, do francês errant, significa, neste contexto, o mesmo que em português: o que não é fixo, o que vagueia. Esse estado de erraticidade cessa quando o Espírito atinge o estágio da Perfeição Moral, tornando-se Espírito puro. Não é mais errante, visto que chegou à perfeição, seu estado definitivo. (4)
Dessa forma, os Espíritos que necessitam de melhoria — intelectual e moral — retornam inúmeras vezes à experiência reencarnatória. No espaço de tempo compreendido entre uma e outra reencarnação eles não se fixam numa determinada localidade no Plano espiritual, em decorrência do aprendizado que necessitam desenvolver. Nessa situação, recebem a denominação de Espíritos errantes. Ainda que se encontrem na categoria de errantes, os Espíritos têm oportunidade de progredir. O estudo, o aconselhamento de Espíritos que lhes são superiores, a observação, as experiências vivenciadas, entre outros, lhes facultam os meios de melhoria espiritual. (5) Situação diversa ocorre com os Espíritos evoluídos que, por não possuírem maiores necessidades de reencarnar, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado, permanecem ligados a determinadas colônias na espiritualidade. Nessas regiões elevadas do Plano espiritual atuam como orientadores, promovendo o progresso da humanidade terrestre.
2. Erraticidade
Espíritos errantes existem de diferentes níveis evolutivos, constituindo a maioria dos Espíritos desencarnados do nosso Planeta. São felizes ou desgraçados mais […] ou menos, conforme seus méritos. Sofrem por efeito das paixões cuja essência conservaram, ou são felizes, de conformidade com o grau de desmaterialização a que hajam chegado. Na erraticidade, o Espírito percebe o que lhe falta para ser mais feliz e, desde então, procura os meios de alcançá-lo. Nem sempre, porém, lhe é permitido reencarnar como fora de seu agrado, representando isso, para ele, uma punição. (6)
Sendo assim, as […] condições dos Espíritos e as maneiras por que veem as coisas variam ao infinito, de conformidade com os graus de desenvolvimento moral e intelectual em que se achem. Geralmente, os Espíritos de ordem elevada só por breve tempo se aproximam da Terra. Tudo o que aí se faz é tão mesquinho em comparação com as grandezas do infinito, tão pueris são, aos olhos deles, as coisas a que os homens mais importância ligam, que quase nenhum atrativo lhes oferece o nosso mundo, a menos que para aí os leve o propósito de concorrerem para o progresso da Humanidade. Os Espíritos de ordem intermédia são os que mais frequentemente baixam a este planeta, se bem considerem as coisas de um ponto de vista mais alto do que quando encarnados. Os Espíritos vulgares, esses são os que aí mais se comprazem e constituem a massa da população invisível do globo terráqueo. Conservam quase que as mesmas ideias, os mesmos gostos e as mesmas inclinações que tinham quando revestidos do invólucro corpóreo. Metem-se em nossas reuniões, negócios, divertimentos, nos quais tomam parte mais ou menos ativa, segundo seus caracteres. Não podendo satisfazer às suas paixões, gozam na companhia dos que a elas se entregam e os excitam a cultivá-las. Entre eles, no entanto, muitos há, sérios, que veem e observam para se instruírem e aperfeiçoarem. (7)
Entretanto, as ideias, e, consequentemente, os conhecimentos dos Espíritos modificam-se na erraticidade. Com efeito, […] sofrem grandes modificações, à proporção que o Espírito se desmaterializa. Pode este, algumas vezes, permanecer longo tempo imbuído das ideias que tinha na Terra; mas, pouco a pouco, a influência da matéria diminui e ele vê as coisas com maior clareza. É então que procura os meios de se tornar melhor. (8)
Outro ponto que merece destaque diz respeito à sobrevivência dos animais, após a morte do corpo físico. Os Espíritos Superiores nos esclarecem que a alma do animal fica […] numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõe o dos animais. A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a puem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas. (9)
ANEXO
Canto de Lívia, filha de Basílio
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 85. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, questão 85, p. 83.
2. Idem - Questão 224, p. 154.
3. Id. - Questão 224a, p. 154-155.
4. Id. - Questão 226, p. 155.
5. Id. - Questão 227, p. 155-156.
6. Id. - Questão 231, p. 156.
7. Id. - Questão 317 - comentário, p. 190.
8. Id. - Questão 318, p. 191.
9. Id. - Questão 600, p. 296.