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 EPM — Estudo e Prática da Mediunidade

PROGRAMA II — MÓDULO DE ESTUDO Nº V
FUNDAMENTAÇÃO ESPÍRITA — ATENDIMENTO AOS ESPÍRITOS COMUNICANTES

Roteiro 7


Recursos desobsessivos espíritas


Objetivo específico: Esclarecer a respeito dos principais recursos espíritas de desobsessão.



SUBSÍDIOS


Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Tiago (Epístola de Tiago, 1.14)


1. PREVENÇÃO DAS OBSESSÕES


Há um ditado popular muito sábio que se aplica, perfeitamente, à prevenção da obsessão: “é preferível prevenir do remediar”. Sabemos que a obsessão é «[…] o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores [imperfeitos], que procuram dominar.» (4) A obsessão é um termo genérico, cujas principais manifestações são denominadas obsessão simples, fascinação e subjugação. (4)

Na verdade, todas as obsessões estão relacionadas a problemas de ordem moral. Decorrem sempre de uma imperfeição moral. Para combatê-la é preciso que se lhe interponha uma causa moral, fortalecendo a alma, da mesma forma que se fortifica o corpo para preveni-lo das enfermidades. (3)


Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter. (2)


Prevenir obsessões é tarefa cotidiana, de todos os dias: esforço de melhoria o moral; hábito de estudo e oração; controle das emissões mentais pela ação da vontade; vinculação a uma obra benemérita; realização do Evangelho no lar; combate às más tendências e às imperfeições morais etc.


2. RECURSOS DESOBSESSIVOS ESPÍRITAS


Os recursos desobsessivos espíritas estão indicados para qualquer nível e natureza das obsessões. Podem ser resumidos nos seguintes:

  • A prece

  • O passe

  • A água magnetizada

  • Explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita e irradiações mentais

  • Atendimento fraterno pelo diálogo

  • Apoio desobsessivo das reuniões mediúnicas

  • A prática da caridade

  • Estudo doutrinário espírita

  • Evangelho no lar

2.1 - A prece


Jesus, em palavras registradas por João evangelista, nos garante: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” (João, 14.13, 14). São palavras firmes, à feição de uma promessa, que nos dá a certeza de que, por maiores que sejam as nossas provações, poderemos contar sempre com o auxílio do nosso Guia Maior. Naturalmente, a prece não nos eximirá de realizar o aprendizado necessário que os sofrimentos proporcionam. Tem, no entanto, o poder de nos dar coragem, confiança, paciência e resignação para que possamos suportar ou superar as provações. (1)

A pessoa que se encontra sob influência obsessiva deve orar cotidianamente e ser também envolvida nas vibrações das nossas preces. Não podemos esquecer que a «[…] oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai. […] A oração, com o reconhecimento de nossa desvalia, coloca-nos na posição de simples elos de uma cadeia de socorro, cuja orientação reside no Alto.» (14)


2.2 - O passe


O passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular. […] Na assistência magnética [pelo passe], os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma. A mente reanimada reergue as vidas microscópicas que a servem, no templo do corpo, edificando valiosas reconstruções. O passe, como reconhecemos, é importante contribuição para quem saiba recebê-lo, com o respeito e a confiança que o valorizam. (15)


O passe neutralizará as influências negativas oriundas das energias com que o perturbador espiritual envolve a pessoa. Em todos os casos de obsessão, é um recurso de fundamental importância que deve ser ministrado ao necessitado, sendo que nos casos de maior gravidade, o passe poderá ser aplicado diariamente ou até mais de uma vez por dia. Alguns participantes que integram o grupo de passe da Casa Espírita poderão transmiti-lo onde o necessitado se encontre, quando há impossibilidade deste se deslocar ao núcleo espírita.


2.3 - A água magnetizada


 O amigo espiritual Lísias, citado por André Luiz em Nosso Lar, esclarece: «[…] sabemos que a água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui (na Colônia Nosso Lar], ela é empregada sobretudo como alimento e remédio. Há repartições no Ministério do Auxílio absolutamente consagradas à manipulação da água pura, com certos princípios suscetíveis de serem captados na luz do sol e no magnetismo espiritual.» (13)

O doente do corpo físico e do espírito deve ser beneficiado com a água magnetizada, durante a emissão da prece ou da transmissão do passe, visando à cura ou alívio de doenças. A maioria das casas espíritas dispõe de um local onde os frequentadores colocam vasilhames contendo água para ser magnetizada.


2.4 - Explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita e irradiações mentais


A primeira refere-se a «[…] uma reunião pública para explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita, de maneira programada e com sequência de trabalho previamente estabelecida.» (7) As radiações, irradiações ou vibrações mentais «[…] são emissões de ondas fluídicas feitas por dois ou mais médiuns, objetivando o tratamento, material ou espiritual, a distância, de enfermos, mediante o valioso concurso dos Espíritos Curadores, que são os verdadeiros manipuladores dos fluidos fornecidos pelos médiuns.» (8)

As irradiações podem ser realizadas de duas formas na Casa Espírita: Nas reuniões mediúnicas ou em reuniões específicas. No grupo mediúnico, as irradiações são tão importantes quanto o passe, podendo ser emitidas antes ou após as manifestações dos Espíritos.


Rogando aos companheiros reunidos vibrações de amor e tranquilidade para os que sofrem, o diretor do grupo […], suspenderá a palavra, pelo tempo aproximado de dois a quatro minutos, a fim de que ele mesmo e os integrantes do círculo formem correntes mentais com as melhores ideias que sejam capazes de articular, seja pela prece silenciosa, seja pela imaginação edificante. Todo pensamento é onda de força criativa e os pensamentos de paz e fraternidade, emitidos pelo grupo, constituirão adequado clima de radiações benfazejas, facultando aos amigos espirituais presentes os recursos precisos à formação de socorros diversos, em benefício dos companheiros que integram o círculo, dos desencarnados atendidos e de irmãos outros, necessitados de amparo espiritual a distância. (10)


Nas reuniões específicas, há um serviço organizado de realização das irradiações que, em geral, segue a seguinte rotina: a) prece de abertura; b) breve explanação (5 a 10 minutos) de uma página de O Evangelho Segundo o Espiritismo; c) emissão das irradiações, propriamente ditas, por 2 a 5 minutos; d) prece final; e) aplicação de passe; f) distribuição de água magnetizada aos assistidos. Os atendidos podem trazer, à reunião, vasilhames contendo água, para ser magnetizada pelos benfeitores espirituais durante o desenrolar da atividade.

Pessoas necessitadas sob influências obsessivas não devem participar das reuniões mediúnicas, mas terão acesso às de explanação do Evangelho e às de irradiações mentais.


2.5 - Atendimento fraterno pelo diálogo


Trata-se de um serviço espírita que «[…] consiste em receber fraternalmente aquele que busca o Centro espírita, dando-lhe a oportunidade de expor, livremente e em caráter privativo e sigiloso, suas dificuldades e necessidades.» (5) Sugerimos as atividades que se seguem como uma forma de promover o atendimento fraterno pelo diálogo. (6)


a) Acolhimento:

  • Acolher fraternalmente quem chega, identificando o motivo de sua vinda e oferecendo-lhe os recursos que o Centro Espírita dispõe para atendê-lo na sua necessidade: cursos, reuniões, evangelização da criança e do jovem e outros.

b) Diálogo fraterno:

  • Receber o visitante, ouvindo-o e identificando-lhe os problemas, carências ou aspirações, orientando-o segundo os princípios evangélicos à luz da Doutrina Espírita.

  • Reerguer a autoestima e a esperança, esclarecendo-o de que, com apoio espiritual, somente ele poderá mudar o quadro de sua preocupação, através da própria posição mental e renovação íntima.

  • Orientar, sempre, para a necessidade da realização do Evangelho no Lar, estimulando-o para o desenvolvimento do hábito da leitura saudável e do estudo, sugerindo livros adequados da Codificação Espírita e das obras complementares.

  • Após as devidas orientações, se necessário, encaminhá-lo para a reunião de explanação do Evangelho e para o passe.

c) Encaminhamento:

  • Quando for o caso, encaminhar o atendido para as palestras, reuniões, cursos ou outras atividades da casa, compatíveis com as suas possibilidades.

  • Os colaboradores do serviço de atendimento fraterno jamais devem sugerir alterações ou supressões de prescrições médicas.

2.6 - Apoio desobsessivo das reuniões mediúnicas


As reuniões mediúnicas, além das suas atividades regulares, podem também servir de apoio a Espíritos, encarnados e desencarnados, que se encontram envolvidos em processos obsessivos. O atendimento aos desencarnados, no grupo mediúnico, fica na dependência da programação definida pela equipe espiritual, inclusive a transmissão de quaisquer informações relacionadas à problemática obsessiva. O amparo aos encarnados é realizado sem a presença destes na reunião, à distância, por meio de preces e irradiações. Participantes do grupo, indicados pelo dirigente, podem, entretanto, prestar orientações ou esclarecimentos ao obsidiado, em momento propício, previamente definido na Casa Espírita.


Em trabalho desobsessivo, muita vez, a atenção da equipe que atua nessa especialização se volta de modo muito intenso e integral para os obsessores. A primeira providência, segundo creem, seria a de doutrinar os perseguidores invisíveis. Para que isto se dê, empregam todos os seus melhores esforços. É imperioso, porém, não olvidar que todo esse esforço poderá ser improdutivo se não cuidarmos com igual ou mais atenção do obsidiado. […] Todavia, em qualquer dos aspectos em que se apresente a questão, devemos empenhar-nos a fundo na tarefa de esclarecimento ao obsidiado. É um trabalho que demanda tempo e exige dedicação e perseverança. Esclarecer o obsidiado é fazê-lo sentir o quanto é essencial a sua participação no tratamento. É orientá-lo, dando-lhe uma visão gradativa, cuidadosa, do que representa em sua existência aquele que é considerado o obsessor. É levantar-lhe as esperanças, se estiver deprimido; é transmitir-lhe a certeza de que existem dentro dele recursos imensos que precisam ser acionados pela vontade firme para que venham a eclodir, revelando-lhe facetas da própria personalidade até então desconhecidas para ele mesmo. É ir aos poucos conscientizando-o das responsabilidades assumidas no pretérito e que agora são cobradas através do irmão infeliz que se erigiu em juiz, cobrador ou vingador. Unicamente por meio da renovação íntima é que o enfermo logrará a libertação do seu pensamento, cerceado pelo perseguidor. Este, sentindo a modificação da onda mental de sua vítima, encontrando nela os primeiros vestígios de perdão e amor, irá progressivamente sendo tocado por essa mudança. Daí por que a transformação tem que ser verdadeira, integral. Se o obsidiado quiser apenas aparentar, se não se conduzir com plena consciência do que deve fazer, não alcançará êxito. (9)


2.7 - A prática da caridade


Pessoas sob influências obsessivas, sem maior gravidade, podem perfeitamente integrar-se a um serviço regular de assistência e promoção social, auxiliando para ser auxiliado. Sentir a dor dos que sofrem, identificando-lhes as suas carências, físicas ou espirituais, é uma forma da pessoa aprender lidar com as próprias dificuldades, pois a prática do bem representa o maior antídoto do mal. «A assistência aos necessitados, seja através do pão ou do agasalho, do auxílio financeiro ou do medicamento, do passe ou do ensinamento, em favor dos que atravessam provações mais difíceis que as nossas, não é somente um dever, mas também valioso curso de experiências e lições educativas para nós e para os outros.» (11)


2.8 - Estudo doutrinário espírita


Se a prática da caridade representa um exercício para a vivência do Evangelho, o estudo da Doutrina Espírita faculta o conhecimento necessário para que a razão e a inteligência sejam iluminadas. «Conhecer é patrocinar a libertação de nós mesmos, colocando-nos a caminho de novos horizontes na vida.» (17)


2.9 - Evangelho no lar


Os portadores de obsessão, em especial, devem ser orientados a fazer o estudo regular do Evangelho no lar, seguido de prece, junto com os familiares.


Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza […] As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantém a distância procurando outros rumos. (16)


As palavras de Tiago (Tg) sobre a origem das tentações, inseridas no início deste Roteiro, revelam a importância do esforço no combate às imperfeições, procurando-se vencer as más influências espirituais. Emmanuel realiza proveitosa análise deste assunto:


As referências do Apóstolo estão profundamente tocadas pela luz do céu. “Cada um é tentado, quando atraído pela própria concupiscência.” Examinemos particularmente ambos os substantivos “tentação” e “concupiscência”. O primeiro exterioriza o segundo, que constitui o fundo viciado e perverso da natureza humana primitivista. Ser tentado é ouvir a malícia própria, é abrigar os inferiores alvitres de si mesmo, porquanto, ainda que o mal venha do exterior, somente se concretiza e persevera se com ele afinamos, na intimidade do coração. Finalmente, destaquemos o verbo “atrair”. Verificaremos a extensão de nossa inferioridade pela natureza das coisas e situações que nos atraem. A observação de Tiago é Roteiro certo para analisarmos a origem das tentações. Recorda-te de que cada dia tem situações magnéticas específicas. Considera a essência de tudo o que te atraiu no curso das horas e eliminarás os males próprios, atendendo ao bem que Jesus deseja. (12)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 27, item 7, p. 422.

2. Idem - A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 14, item 45, p. 347.

3. Idem - Item 46, p. 347.

4. Idem - O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 77. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Segunda parte. Capítulo 23, item 237, p. 317.

5. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Orientação ao centro espírita. Organizado pela equipe da Secretaria Geral do Conselho federativo Nacional: Antonio César Perri de Carvalho, responsável pela equipe. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo 3 (Atendimento Espiritual no Centro Espírita), item B: Atividade de “Atendimento fraterno pelo diálogo”, p. 35.

6. Idem, ibidem - Nº 4. Desenvolvimento das atividades, p. 36-37.

7. Idem - Item C: Atividade de “Explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita”, p. 39.

8. NÁUFEL, José. Do abc ao infinito. Espiritismo experimental. Vol. 4. 2. ed. (primeira edição da FEB), Rio de Janeiro: FEB, 1999. Capítulo 12 (Medicina espírita e mediunidade de cura), item: Radiações, nº 25, p. 158

9. SHUBERT, Suely C. Obsessão/Desobsessão. 17. ed. Rio de Janeiro, FEB, 2004. Segunda parte (A terapêutica espírita), Capítulo 9 (esclarecimento ao obsidiado), p. 113-114.

10. XAVIER, Francisco Candido e VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: 2005. Capítulo 51 (Radiações) p. 179.

11. Idem - Capítulo 71 (Culto da assistência), p. 241.

12. XAVIER, Francisco Candido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 129 (Origem das tentações), p. 273-274.

13. Idem - Nosso lar. Pelo Espírito André Luiz. 59. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo 10 (No bosque das águas), p. 70.

14. Idem - Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 17 (Serviço de passes), p. 192.

15. Idem, ibidem - p. 199.

16. Idem - Os mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. 43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 37 (No santuário doméstico), p. 233.

17. Idem - Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo4 (instrução), p. 26.


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