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 EPM — Estudo e Prática da Mediunidade

PROGRAMA II — MÓDULO DE ESTUDO Nº II
FUNDAMENTAÇÃO ESPÍRITA — OS PARTICIPANTES DA REUNIÃO MEDIÚNICA

Roteiro 3


Ausência e impedimentos. Participantes eventuais


Objetivo específico: Avaliar as implicações que as ausências à reunião mediúnica produzem no desenvolvimento e na qualidade da tarefa.



SUBSÍDIOS


Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. Paulo (1 Timóteo, 4.16)


1. INTRODUÇÃO


Emmanuel informa: «Médiuns e mediunidades poderão prestar-te grandes favores, mas, para que atuem com segurança e correção, no serviço que te é necessário, precisam igualmente de segurança e correção na parte que te compete.» (11)

«Todo compromisso que assumimos espontaneamente merece consideração. No entanto, só um compromisso nos parece verdadeiro, irreversível: o que temos para nós próprios, para com a nossa evolução. Esse é intransferível, inderrogável.» (2) Significa dizer que é preciso revelar compromisso com a tarefa que foi aceita, espontaneamente, uma vez que a frequência irregular à reunião mediúnica indica desinteresse para com a tarefa. André Luiz recorda que os participantes que agem assim estão «[…] esquecidos de que toda a edificação da alma requer disciplina, educação, esforço e perseverança.» (10)

Segundo a orientação de Paulo, em sua primeira epístola dirigida a Timóteo, percebemos que devemos estar atentos aos compromissos assumidos em relação à tarefa mediúnica. A prática mediúnica exige perseverança e espírito de continuidade. É preferível abster-se de frequentar um grupo mediúnico do que participar dele ocasionalmente ou de forma irregular.


2. AUSÊNCIAS E IMPEDIMENTOS


E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Paulo (Gálatas, 6.9)


A questão das ausências e dos impedimentos representa um obstáculo à qualidade do trabalho mediúnico, ainda que se considere ocorrência de situações que são plenamente justificáveis. É importante, porém, que o participante se esforce para superar as dificuldades, notificando ao dirigente a sua falta à reunião.

Emmanuel compara esta problemática com fato similar ocorrido com Tomé que não se encontrava presente quando Jesus apareceu aos demais apóstolos, após a crucificação. João, 20.24, 25, assinala este acontecimento, assim: “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.” A interpretação de Emmanuel é a seguinte:


Tomé, descontente, reclamando provas, por não haver testemunhado a primeira visita de Jesus, depois da morte, criou um símbolo para todos os aprendizes despreocupados das suas obrigações. Ocorreu ao discípulo ausente o que acontece a qualquer trabalhador distante do dever que lhe cabe. A edificação espiritual, com as suas bênçãos de luz, é igualmente um curso educativo. O aluno matriculado na escola, sem assiduidade às lições, apenas abusa do estabelecimento de ensino que o acolheu, porquanto a simples ficha de entrada não soluciona o problema do aproveitamento. Sem o domínio do alfabeto, não alcançará a silabação. Sem a posse das palavras, jamais chegará à ciência da frase. Prevalece idêntico processo no aprimoramento do espírito. Longe dos pequeninos deveres para com os irmãos mais próximos, como habilitar-se o homem para a recepção da graça divina? Se evita o contato com as obrigações humildes de cada dia, como dilatar os sentimentos para ajustar-se às glorias eternas? Tomé não estava com os amigos quando o Mestre veio. Em seguida, formulou reclamações, criando o tipo do aprendiz suspeitoso e exigente. Nos trabalhos espirituais de aperfeiçoamento, a questão é análoga. Matricula-se o companheiro, na escola de vida superior, entretanto, ao invés de consagrar-se ao serviço das lições de cada dia, revela-se apenas mero candidato a vantagens imediatas. Em geral, nunca se encontra ao lado dos demais servidores, quando Jesus vem; logo após, reclama e desespera. A lógica, no entanto, jamais abandona a caminho reto. Quem desejar a benção divina, trabalhe pela merecer. O aprendiz ausente da aula não pode reclamar benefícios decorrentes da lição. (9)


A vitória do bem, como afirma o apóstolo Paulo em sua carta aos gálatas, requer perseverança. Jamais devemos desfalecer. Esta assertiva pode ser aplicada em qualquer situação, inclusive na reunião mediúnica.


2.1 - Tipos de impedimentos e soluções

  • Chuva: «Necessário vencer os percalços que o tempo é capaz de oferecer.» (3) O participante deve procurar encontrar soluções que viabilizem a sua presença à reunião.

  • Visita inesperada: «Compreende-se o constrangimento dos companheiros […]. [Mas] o tarefeiro da desobsessão esclarecerá o assunto delicadamente, empregando franqueza e humildade, sem esconder o móvel da ausência a que se vê compelido, cumprindo, assim, não apenas o dever que lhe assiste, como também despertando simpatia nos circunstantes e assegurando a si mesmo o necessário apoio vibratório.» (4)

  • Contratempos: caracterizam-se por diferentes obstáculos que surgem cotidianamente (perda de chave do carro ou da casa, trânsito difícil, telefone que toca etc.) «Providencie, de imediato, as soluções razoáveis para esses pequeninos problemas e siga ao encontro das obrigações espirituais que o aguardam, […]» (5)

  • Impedimento natural: viagem inesperada, moléstia grave em casa ou no próprio cooperador, enfermidades epidêmicas: «Surgindo o impasse, é importante que o companheiro ou a companheira se comunique, rápido, com os responsáveis pela sessão, atentos a que se deve assegurar a harmonia do esforço de equipe tanto quanto possível.» (6)

3. PARTICIPANTES EVENTUAIS


Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. Paulo (Hebreus, 13.2)


Os companheiros de ideal espírita comprometidos seriamente com a tarefa, devem a exemplo do conselho apostolar, ser tratados com hospitalidade em nossas reuniões.


3.1 - Visitas programadas


André Luiz presta os esclarecimentos que se seguem, relativos às visitas ou participantes eventuais do grupo mediúnico:


O serviço de desobsessão não é um departamento de trabalho para cortesias sociais que, embora respeitáveis, não se compadecem com a enfermagem espiritual a ser desenvolvida, a benefício de irmãos desencarnados que amargas dificuldades atormentam.

Ainda assim, há casos em que companheiros da construção espírita-cristã, quando solicitem permissão para isso, podem ter acesso ao serviço, em caráter de observação construtiva; entretanto, é forçoso preservar o cuidado de não acolhê-los em grande número para que o clima vibratório da reunião não venha a sofrer mudanças inoportunas.

Essas visitas, no entanto, devem ser recebidas apenas de raro em raro, e em circunstâncias realmente aceitáveis no plano dos trabalhos de desobsessão, principalmente quando objetivem a fundação de atividades congêneres. E antes da admissão necessária é imperioso que os mentores espirituais do grupo sejam previamente consultados, por respeito justo às responsabilidades que abraçam, em favor da equipe, muito embora saibamos que a orientação das atividades espíritas vigora na própria Doutrina Espírita e não no arbítrio dos amigos desencarnados, mesmo aqueles que testemunhem elevada condição. Compreende-se que os visitantes não necessitem de comparecimento que exceda de 3 a 4 reuniões. (7)


3.2 - Visitas inesperadas


Em algumas ocasiões aparece um problema súbito: a chegada de enfermos ou de obsidiados sem aviso prévio, sejam adultos ou crianças. Necessário que o discernimento do conjunto funcione, ativo. Na maioria dos acontecimentos dessa ordem, o doente e os acompanhantes podem ser admitidos por momentos rápidos, na fase preparatória dos serviços programados, recebendo passes e orientação para que se dirijam a órgãos de assistência ou doutrinação competentes, trabalho esse que será executado pelos componentes que o diretor da reunião designará. Findo o socorro breve, retirar-se-ão do recinto. (8)


A prática mediúnica requer, não apenas espírito de continuidade, mas dedicação permanente. Allan Kardec nos orienta, a respeito «Por tudo quanto temos dito, compreende-se que o silêncio e o recolhimento são condições de primeira ordem. Contudo, não menos importante é a regularidade das reuniões. […] Quando as reuniões se realizam em dias e horas fixos, os Espíritos ajustam os seus horários e é raro que faltem.» (1) Dessa forma, devemos também dar o bom exemplo e frequentá-las assiduamente.



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. Instrução prática sobre as manifestações dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 8 (Das relações com os Espíritos), item: Das reuniões, p. 164-165.

2. FRANCO, Divaldo P. Nos bastidores da obsessão. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 14 ( O Cristo consolador), p. 254.

3. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 5 (Superação de impedimentos: chuva) p.37.

4. Idem - Capítulo 6 (Superação de impedimentos: visitas), p. 39.

5. Idem - Capítulo 7 (Superação de impedimentos: contratempos), p. 41-42.

6. Idem - Capítulo 8 (Impedimento natural), p. 45.

7. Idem - Capítulo 21 (Visitantes), p. 89-90.

8. Idem - Capítulo 23 (Chegada inesperada de doente), p. 95.

9. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rìo de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 100 (Ausentes), p. 257-258.

10. Idem - Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz. 41. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 3 (Desenvolvimento mediúnico), p. 33.

11. Idem - Seara dos médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Item: Tua parte, p. 120.


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