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 EPM — Estudo e Prática da Mediunidade

PROGRAMA I — MÓDULO DE ESTUDO Nº II
FUNDAMENTAÇÃO ESPÍRITA — A PRÁTICA MEDIÚNICA

Roteiro 5


A influência moral do médium e do meio ambiente nas comunicações mediúnicas


 

Objetivos específicos: Esclarecer como a moralidade do médium e o ambiente espiritual das reuniões influenciam as comunicações mediúnicas. — Analisar a importância da reforma moral na prática mediúnica.



SUBSÍDIOS


1. INFLUÊNCIA MORAL DOS MÉDIUNS NAS COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS


O desenvolvimento da faculdade mediúnica não guarda relação com a moralidade do médium. A faculdade, em si, […] independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com seu uso, que poder ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium. (1) Expliquemos.

A mediunidade é um dom que Deus nos concedeu como auxílio ao nosso progresso espiritual. Se há pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem. (2)

Os médiuns que fazem mau uso das suas faculdades responderão por isto. Serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso. (2)

Apesar de determinado médium não possuir, ainda, moral elevada, não significa que ele esteja impedido de transmitir mensagem de um Espírito Superior. Isto pode acontecer em, pelo menos, três situações: a primeira, pela inexistência de um medianeiro que ofereça melhores condições para a transmissão da mensagem; a segunda, porque o Espírito comunicante pode ter a intenção de levar o médium a refletir sobre sua conduta moral e empenhar-se na corrigenda; e a terceira, pela necessidade do grupo no qual o médium atua. No entanto, causam estranheza, não poucas vezes, as comunicações mediúnicas procedentes dos Espíritos nobres através de pessoas insensatas ou portadoras de conduta irregular. […] Todavia, com objetivos elevados, as entidades superiores, por falta às vezes de médiuns que sintonizem com os seus relevantes propósitos, utilizam-se daqueles que encontram, com dupla finalidade: adverti-los através de orientações seguras e auxiliar as pessoas confiantes ou necessitadas que lhes buscam o socorro. Não se melhorando tais médiuns, mais agravam o seu estado espiritual, pois que não se podem justificar posteriormente […], sob a primária alegação de que ignoravam a gravidade dos deveres de que se encontravam investidos. Ademais, a mediunidade é neutra em si mesma, qual telefone que pode ser utilizado por pessoas boas ou más, de conduta elevada como reprochável, ricas ou necessitadas […]. (12) Malbaratar o precioso talento da mediunidade, deixando-a enxovalhar-se sob o uso com finalidades pueris e frívolas, indignas e vulgares, acarreta penosas aflições que impõem renascimentos dolorosos […]. (13)

Outrossim, a incorreta utilização dos recursos mediúnicos entorpece os centros de registro [canais mediúnicos ou centros de força] e termina, quase sempre, por desarmonizar o psiquismo e a emoção, levando a patologias muito complexas. Médiuns ciumentos, imorais, simoníacos, (*) exibicionistas, mentirosos e portadores de outras imperfeições morais pululam em toda parte, descuidados e levianos, acreditando-se ignorados pelas leis soberanas e supondo-se detentores de forças próprias, podendo as utilizar a bel-prazer sem qualquer responsabilidade nem consequência moral. Mesmo estes, vez que outra, são visitados pelos mentores espirituais compadecidos, que deles se acercam para os auxiliar, intentando despertá-los para os deveres e os compromissos que lhes dizem respeito. (13)

Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados. As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: A bondade a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: O orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. (3)

Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções. O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações. Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do Espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é que julgam ter o privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma profanação. Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que lhes têm prestado serviço. […] Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. (4) Os médiuns levianos e pouco sérios atraem, pois, Espíritos da mesma natureza; por isso é que suas comunicações se mostram cheias de banalidades, frivolidades, ideias truncadas e, não raro, muito heterodoxas, espiriticamente falando. Certamente, podem eles dizer, e às vezes dizem, coisas aproveitáveis […]. Espíritos hipócritas insinuam, com habilidade e preconcebida perfídia, fatos de pura invencionice, asserções mentirosas, a fim de iludir a boa fé dos que lhes dispensam atenção. (5)

Há ainda os médiuns que se ligam a Espíritos cínicos, cujas comunicações são de natureza obscena. (5)

(*) SIMONÍACO: quem faz tráfico de coisas santas.  † 


2. INFLUÊNCIA DO MEIO AMBIENTE NAS COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS


Os médiuns que não possuem uma boa base de cultura doutrinária espírita, que trazem algumas imperfeições morais e não se esforçam em combatê-las, apresentam uma certa instabilidade nas comunicações que recebem dos Espíritos.

São médiuns que, por não se conscientizarem ainda da gravidade de que o exercício mediúnico se reveste, permanecem, levianos quão insensatos, vinculados às mentes ociosas e vulgares da erraticidade inferior, de onde igualmente procedem… Podem ser, às vezes, instrumentos de comunicações sérias, aproveitáveis; no entanto, em razão da condição vibratória que se lhes decorre da conduta, mais facilmente se deixam influenciar pelos Espíritos portadores de iguais condições evolutivas, com os quais convivem em acentuado comércio psíquico. Desse modo, constituem a grande mole de médiuns frívolos e instáveis. Estão sempre em conflito a respeito da legitimidade das comunicações de que se veem objeto, ou, em caso contrário, tombando em terrível fascinação […]. (14)

O meio ambiente em que se acha o médium pode exercer influência — boa ou má — na comunicação mediúnica, sendo este um fato perfeitamente normal: Todos os espíritos que cercam o médium o auxiliam, para o bem ou para o mal. (6)

Os Espíritos superiores não vão às reuniões onde sabem que a presença deles é inútil. (7) Nos meios pouco instruídos, mas onde há sinceridade, onde os médiuns se esforçam para renovar-se moralmente, eles vão de muito boamente. Podem afastar-se das reuniões onde predominam pessoas instruídas, mas que são orgulhosas, irônicas ou egoístas. (8) Por outro lado, os Espíritos inferiores (imperfeitos) não são impedidos de comparecer a reuniões sérias. Ao contrário, os bons Espíritos os encaminham a tais locais para que possam ser favorecidos pelos ensinamentos aí ministrados. (9) A reunião caracterizada pela presença de pessoas levianas, inconsequentes, ocupadas com seus próprios prazeres, é ambiente favorável, propício à manifestação de Espíritos do mesmo padrão vibratório. (10)

É possível que nessa assembleia fútil compareça um Espírito superior, mas este virá para pronunciar […] palavras ponderosas, como um bom pastor que acode ao chamamento de suas ovelhas desgarradas. Porém, desde que não se veja compreendido, nem ouvido, retira-se, como em seu lugar o faria qualquer de nós, ficando os outros com o campo livre. (11)

 O médium que envida esforços com vistas ao seu aprimoramento moral, além de tornar-se instrumento preferido dos Espíritos superiores, aprende a auxiliar, com equilíbrio, os sofredores que buscam amparo e consolo, dentro e fora da Casa Espírita. Nas tarefas de atendimento a Espíritos sofredores por meio da psicofonia — que é a faculdade mais utilizada para essa finalidade — , mesmo que o médium se encontre numa situação moral-intelectual melhor do que a do Espírito comunicante, irá assenhorear-se da situação, agindo como se fora bondoso enfermeiro, que coloca os seus serviços à disposição de um doente caprichoso, desarmonizado.



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 68. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Capítulo XX, item 226, pergunta nº 1, p. 283.

2. Idem, ibidem - Pergunta 2, p. 284.

3. Idem, ibidem - Item 227, p. 287-288.

4. Idem, ibidem - Item 228, p. 288-289.

5. Idem, ibidem - Item 230, p. 291.

6. Idem - Capítulo XXI. Item 231, p. 294.

7. Idem, ibidem - Pergunta 3, p. 294.

8. Idem, ibidem - p. 294-295.

9. Idem, ibidem - Pergunta 4, p. 294-295.

10. Idem, ibidem - Item 232, p. 295-296.

11. Idem, ibidem - p. 296.

12. FRANCO, Divaldo Pereira. Médiuns e Mediunidades. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. 2. ed. Niterói [RJ]: Arte e Cultura, 1991, p.85.

13. Idem, ibidem - p. 86.

14. Idem, ibidem - p. 89.


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