Roteiro 6
Consequências do Conhecimento Espírita
Objetivo:
» Avaliar a importância do conhecimento espírita para o progresso do Espírito.
IDEIAS PRINCIPAIS
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O conhecimento do porquê da existência é de consequências incalculáveis para o melhoramento e a elevação do homem. Quem sabe aonde vai pisa firme e imprime a seus atos um impulso vigoroso. Léon Denis: Depois da morte. Terceira parte, Capítulo XLII.
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O Espiritismo não só esclarece a respeito da vida espiritual — e todas as consequências daí decorrentes — , como fornece condições para a melhoria moral do ser humano.
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A moralização do ser humano, para a Doutrina Espírita, tem como base o Evangelho de Jesus: O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 11, item 8.
SUBSÍDIOS
O conhecimento espírita favorece a melhoria do ser humano porque, como processo libertador de consciência, produz resultados inestimáveis: esclarecimento sobre si mesmo, sua origem, destinação e razão de se encontrar reencarnado; entendimento a respeito da morte (desencarnação) e da vida no plano espiritual; aprendizado sobre a necessidade de se tornar uma pessoa melhor, pelo desenvolvimento de virtudes, decorrente da transformação operada no íntimo do ser.
O Espírito esclarecido adquire nova visão da vida, de si mesmo e do outro. Persegue parâmetros comportamentais que interferem, direta ou indiretamente, na melhoria do mundo, cedo ou tarde.
Já afirmava o Espírito André Luiz que o […] conhecimento espírita é tão importante no reino da alma, quanto à alfabetização nos domínios da vida comum. […] A Humanidade tem tanta necessidade do conhecimento espírita, como precisa de pão ou de antibiótico, que devem ser fabricados e armazenados antes que a injeção contamine o corpo ou que a fome apareça. […] (1)
Léon Denis esclarece que o “conhecimento do porquê da existência é de consequências incalculáveis para o melhoramento e a elevação do homem. Quem sabe aonde vai pisa firme e imprime a seus atos um impulso vigoroso.” (2)
Ao fazer uma reflexão sobre os efeitos negativos das ideias materialistas e das interpretações religiosas literais, Denis concluiu que os ensinos espíritas favorecem o progresso do Espírito:
As doutrinas negativistas obscurecem a vida e conduzem, logicamente, ao sensualismo e à desordem. As religiões, fazendo da existência uma obra de salvação pessoal, muito problemática, consideram-na de um ponto de vista egoísta e acanhado. Com a filosofia dos Espíritos, modifica-se, alarga-se a perspectiva. O que cumpre procurar já não é a felicidade terrestre, pois neste mundo a felicidade não passa de uma quimera, mas, sim, a melhoria contínua. O meio de realizarmos é a observação da lei moral em todas as suas formas. Com esse ideal a sociedade é indestrutível: desafia todas as vicissitudes, todos os acontecimentos. Avigora-se nos infortúnios e encontra sempre meios para, no seio da adversidade, superar-se a si mesma. (3)
Emmanuel, por outro lado, esclarece por que o Espiritismo deve ser considerado, efetivamente, processo libertador de consciência.
A influência do Espiritismo, em verdade, à feição de movimento libertador das consciências, será precioso fator de evolução, em toda parte. Na Ciência criará novos horizontes à glória do espírito. Na filosofia, traçará princípios superiores ao avanço inelutável do progresso. Na religião, estabelecerá supremos valores interpretativos, liberando a fé viva das sombras que a encarceram na estagnação e na ignorância. Na justiça, descortinará novos rumos aos direitos humanos. No trabalho, proporcionará justa configuração ao dever. Nas artes, acenderá a inspiração da inteligência para os mais arrojados voos ao país da beleza. Na cultura, desabotoará novas fontes de Luz para a civilização fatigada e decadente. Na política, plasmará nova conceituação para a responsabilidade nos patrimônios públicos. Na legislação, instituirá o respeito substancial ao bem comum. E, em todos os setores do crescimento terrestre, à frente do futuro, ensinará e levantará, construindo e consolando, com a verdade a nortear-lhe a marcha redentora. Entretanto, somente no coração é que o Espiritismo pode realmente transformar a vida. (4)
Tal aprendizado implica, necessariamente, estudo e trabalho, responsabilidade com compromissos e deveres; combate às más tendências e esforço perseverante no bem. E, quando menos se espera, ocorrem mudanças na qualidade dos pensamentos emitidos pelo indivíduo, refletidas nas palavras e comportamentos.
O indivíduo modifica-se, então, para melhor, porque passa a compreender a necessidade de ser bom, de progredir moralmente, não apenas intelectualmente. Neste sentido, a doutrina Espírita lhe aponta caminho seguro que deve seguir ao longo da evolução: vivência dos ensinamentos de Jesus, contidos no seu Evangelho de amor e luz.
O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quanto mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. […] (5)
A persistência no bem é, contudo, tarefa árdua, que exige firme atuação da vontade. Manejar a vontade, como instrumento providencial para aquisição de novas conquistas evolutivas, deve ser operação consciente de combate às imperfeições. Neste aspecto, é importante adquirir informações sobre a atuação da mente, tendo em vista que a “[…] mente é o espelho da vida em toda parte”, (6) esclarece Emmanuel, recordando que a mente, nos
[…] seres primitivos, aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos Aperfeiçoados por brilhante precioso a retratar a Glória Divina. Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar. (6)
Sobre o império da vontade, o querer ser pode, perfeitamente, se transformar em querer fazer, pois “[…] o reflexo esboça a emotividade. A emotividade plasma a ideia. A ideia determina a atitude e a palavra que comandam as ações.” (7)
Fica evidente, portanto, que o aprendizado espírita extrapola o aspecto consolador, que conforta e solidariza, sob os auspícios da fraternidade e da caridade, ensinadas pelo Evangelho. É mensagem de redenção do ser humano, que considera o esforço individual como mola propulsora da construção do saber e da moralização, ainda que o Espírito viva em um mundo de expiações e provas.
Sendo assim, a mente humana, entendida como “[…] espelho vivo da consciência lúcida […]”, (8) assemelha-se, segundo o feliz simbolismo utilizado por Emmanuel, “[…] a um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço”. (8)
Aí possuímos o Departamento do Desejo, em que operam os propósitos e as aspirações, acalentando o estímulo ao trabalho; o Departamento da Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o Departamento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros, ainda, que definem os investimentos da alma. Acima de todos eles, porém, surge o Gabinete da Vontade. A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental. A Divina Providência concedeu-a por auréola luminosa à razão, depois da laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas províncias obscuras do instinto. Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que ela é o leme de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento. (8)
O conhecimento espírita explica a razão das provações, o que a pessoa deve fazer para melhorar sua existência, em termos de aperfeiçoamento moral e intelectual, no período de uma reencarnação. O espírita esclarecido compreende que a finalidade útil das provas existenciais está nesta orientação do benfeitor Cícero Pereira: “[…] para equilibrar os nossos passos, a fim de orientar com segurança os passos alheios, disciplinar-nos dentro de responsabilidades que abraçamos para não ameaçar o trabalho daqueles que nos cercam. [É preciso] Ouvir mais. Fazer mais. E falar menos. […]” (9)
Por outro lado, ensina Bezerra de Menezes qual deve ser a atitude do espírita chamado à reencarnação:
O espírita cristão é chamado aos problemas do mundo, a fim de ajudar-lhes a solução; contudo, para atender em semelhante mister, há que silenciar discórdia e censura e alongar entendimento e serviço. É por essa razão que interpretando o conceito “salvar” por “livrar da ruína” ou “preservar do perigo”, colocou Allan Kardec, no luminoso portal da Doutrina Espírita, a sua legenda inesquecível: — “Fora da caridade não há salvação” (10)
A caridade, manifestada como serviço ao próximo, é porta libertadora, demonstrando ser um compromisso espírita inadiável. É preciso, porém, compreender que a caridade não se restringe à filantropia.
Realmente, a caridade expressa a perfeição dentre as manifestações da criatura e dimana, em seus fundamentos, do Amor Infinito de Deus. Um ato de caridade traz em si a argamassa indestrutível da Eterna Perfeição, composta de sabedoria e justiça, trabalho e solidariedade, confiança e paz. (11)
O simples fato de crer em Deus, segundo o entendimento de fé raciocinada que não é dogmática, sofre modificações no íntimo do ser: a pessoa passa a reconhecer o valor da providência divina e aproveita a chance de melhorar-se, compreendendo a extensão do amor, da misericórdia e da justiça divinas. Tal entendimento alimenta a alma do crente sincero e lhe serve de apoio para vencer os desafios existenciais. O espírita esclarecido tem fé, não a que entorpece os sentidos e a vontade, mas a fé raciocinada,
[…] a que se apoia nos fatos e na lógica, [e] não deixa nenhuma obscuridade; a criatura acredita porque tem certeza, e tem certeza porque compreendeu. Eis porque não se dobra. Fé inabalável é somente a que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade. […] (12)
Todos os indivíduos que têm fé, perseveram no bem. São considerados abençoados e bem-aventurados porque, de acordo com o Espírito Meimei, “[…] sabem aproveitar as pedradas da vida, porque a fé e a perseverança no bem são os dois grandes alicerces do reino de Deus.” (13)
Por último, destacamos que um dos maiores benefícios do conhecimento espírita é, perante as adversidades e desafios impostos pela existência, buscar amparo na prece. A prece funciona também como recurso preventivo de ações nefastas, ou intempestivas, mas é também remédio salutar que alivia feridas morais.
Pela oração, o Espírito adquire novas forças, resiste ao mal, decorrente de ações próprias ou de outrem, permitindo que benfeitores espirituais lhe falem ao coração, pela intuição, transmitindo-lhe conselhos relativos ao melhor caminho a ser trilhado.
Inserimos, em seguida, um trecho de bela página sobre o poder da prece, para reflexão. Trata-se de mensagem psicográfica transmitida pelo Espírito Anderson ao médium Francisco Cândido Xavier, durante uma viagem deste aos Estados Unidos:
O poder da prece é a nossa força. Alguns dos seus frutos são a paz, a esperança, a alegria, o amor e a coragem. Confiamos em Jesus. Por conseguinte, porque não buscá-lo sempre para aquilo de que necessitamos? Ele disse: “O reino de Deus está em vós” Nunca nos deveríamos esquecer dos propósitos divinos e da orientação divina. Cada alma tem seu próprio crédito. A fé se revela nos atos. Quando o homem ajuda a alguém em nome do Cristo, o Cristo responde a esse homem, ajudando-o por meio de alguém. No entanto, temos de orar sempre. Não devemos subestimar o valor da nossa comunicação com Deus. Teremos de atravessar épocas difíceis? Estamos deprimidos? Continuemos a orar. A prece é luz e orientação em nossos próprios pensamentos. (14)
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
1. Realizar breve exposição, destacando os pontos principais do tema.
2. Pedir à turma que faça leitura silenciosa dos subsídios deste Roteiro de Estudo, pesquisando no texto palavras, frases ou ideias que indicam a importância do conhecimento espírita para o progresso espiritual do ser humano.
3. Com base na leitura e no exercício realizado, o monitor pede aos participantes que apresentem o resultado da pesquisa e incentiva troca de ideias, em plenário.
4. Após a troca de ideias, o monitor esclarece a respeito de pontos principais presentes no texto e, ao final, apresenta uma síntese do pensamento dos Espíritos esclarecidos (também citados no texto) sobre a importância do conhecimento espírita.
OBSERVAÇÃO: informar aos participantes que na próxima reunião o assunto previsto (Deus) será desenvolvido por meio de um painel de discussão. Para tanto indicar o nome de três participantes que, convidados previamente, aceitaram a realização das seguintes tarefas: a) Concepção religiosa de Deus; b) Concepção filosófica e científica de Deus; b) Concepção espírita de Deus.
REFERÊNCIAS
1. VIEIRA, Waldo. Sol nas almas. Pelo Espírito André Luiz. Uberaba [MG]: CEC, 1964. Capítulo 56 (Influência do Espiritismo — mensagem de Emmanuel), p. 130.
2. DENIS, Léon. Depois da morte. 1ª edição especial. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Parte terceira, Capítulo XLII, p. 341.
3. Idem ibidem - p. 342.
4. XAVIER, Francisco Cândido. A verdade responde. Pelos Espíritos André Luiz e Emmanuel. Araras (SP]: IDE, 1990. Capítulo 5, p. 24-26.
5. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo 11, item 8, p. 223-224.
6. XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Capítulo 1, p. 9.
7. Idem ibidem - p. 10.
8. Idem - Capítulo 2, p. 13.
9. Idem - Instruções psicofônicas. Por diversos Espíritos. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo 8 (Palavras de um batalhador — mensagem do Espírito Cícero Pereira), p. 48.
10. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade. Por diversos Espíritos. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo 3 (Legenda Espírita — mensagem do Espírito Bezerra de Menezes), p. 23-24.
11. Idem - Ideal espírita. Por diversos Espíritos. 11. ed. Uberaba [MG]: CEC, 1991. Capítulo 70 (A caridade nunca falha — mensagem do Espírito Emmanuel), p. 171.
12. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Op. Cit. Capítulo 19, item 7, p. 373-374.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Pai nosso. Pelo Espírito Meimei. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Item: Fé e perseverança, p. 41.
14. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Entre irmãos de outras terras. Por diversos Espíritos. 7. ed. Rio de Janeiro. FEB, 1994. Capítulo 39, p. 134-135.