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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Programa II — Filosofia e Ciência Espíritas


Roteiro 32


Cultura

Objetivos:

» Caracterizar cultura.

» Analisar os principais instrumentos do processo cultural.

» Relacionar as ideias filosóficas que tratam do assunto com o pensamento espírita.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • Cultura pode ser entendida como […] o cabedal de conhecimento de um indivíduo ou grupo social. Dicionário Houaiss da língua Portuguesa.

  • Indica a formação do homem, sua melhoria e seu refinamento. Nicola Abbagnano: Dicionário de filosofia.

  • Espíritas! amais-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo […]. (Frase do Espírito de Verdade). Allan Kardec; O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo VI, item 5.

  • Já se disse que duas asas conduzirão o Espírito humana à presença de Deus. Uma chama-se amor; a outra, sabedoria. Pelo amor, que, acima de tudo, é serviço ao semelhante, a criatura se ilumina e aformoseia por dentro, emitindo em favor dos outros, o reflexo de suas virtudes; e pela sabedoria, que começa na aquisição do conhecimento, recolhe a influencia dos vanguardeiros do progresso, que lhes comunicam os reflexos da própria grandeza, impelindo-a ao Alto. Através da amor valorizamo-nos para a vida. Através da sabedoria somos pela vida valorizados. Emmanuel: Pensamento e vida. Capítulo 4.



 

SUBSÍDIOS


Etimologicamente, cultura  †  (do latim colere) quer dizer ação, processo ou efeito de cultivar a terra. Trata-se de um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada pelo antropólogo britânico Edward B. Tylor (1832-1917)  † , segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade.” (1)


Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a cultura muitas vezes se confunde com noções de: desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos de elite. Essa confusão entre cultura e civilização foi comum, sobretudo, na França e na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, onde cultura se referia a um ideal de elite. Ela possibilitou o surgimento da dicotomia (e, eventualmente, hierarquização) entre “cultura erudita” e “cultura popular “, melhor representada nos textos de Matthew Arnold, ainda fortemente presente no imaginário das sociedades ocidentais. (1)


A cultura representa, necessariamente, todo o acervo de conhecimento e experiências, morais e intelectuais, adquiridos por um povo (ou nação) e pela humanidade.

Todavia, há três ideias que usualmente se vinculam ao conceito de cultura: a) contracultura — mentalidade dos que rejeitam e questionam valores e práticas da cultura dominante da qual fazem parte (2); b) cultura de massa, entendida como formas culturais — música, literatura, etc. — selecionadas, interpretadas e popularizadas visando disseminação junto ao maior número de pessoas (3); c) cultura popular ou folclore: conjunto de costumes, tradições orais, lendas, manifestações de um grupo social.”

Para a filosofia clássica, cultura traz o significado de “[…] formação do homem, sua melhoria e seu refinamento.” (4) Esta formação corresponde ao sentido grego de paidéia (ou humanitas dos latinos): educação do homem pelas “boas ou belas artes” próprias da espécie humana, tais como: a poesia, a eloquência (oratória), a Filosofia, etc, às quais se atribuíam a capacidade de formar o homem verdadeiro, genuinamente perfeito. Neste sentido, o homem só se realiza pelo conhecimento de si mesmo e pela vivência na comunidade, na polis. Trata-se do conceito do homem como “animal social” (ou político), de Aristóteles. (5)

Outro conceito de cultura, utilizada pelos sociólogos e antropólogos, indica ser o conjunto dos meios de vida criados, adquiridos e transmitidos de uma geração para outra, entre os membros de determinada sociedade. Assim, cultura pode designar tanto um modo rústico de cozer um alimento tanto quanto uma sonata de Beethoven. (6)

A Doutrina Espírita oferece visão abrangente da palavra cultura, destacando não simples acúmulo de conhecimento, mas também aprendizado moral. Daí a importância que dá à afirmação do Espírito de Verdade: “Espíritas! amais-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo […].” (7)

Emmanuel esclarece, a propósito, como os orientadores espirituais consideram o patrimônio cultural adquirido pela humanidade terrestre:


Todas as expressões da cultura humana são apreciadas, na esfera invisível, como um repositório sagrado de esforços do homem planetário em seu labores contínuos e respeitáveis. Todavia, é preciso encarecer que, neste “outro lado” da vida, a vossa posição cultural é considerada como processo, não como fim, porquanto este reside na perfeita sabedoria, síntese gloriosa da alma que se edificou a si mesma, através de todas as oportunidades de trabalho e de estudo da existência material. Entre a cultura terrestre e a sabedoria do espírito há singular diferença, que é preciso considerar. A primeira se modifica todos os dias e varia de concepção nos indivíduos que se constituem seus expositores, dentro das mais evidentes características de instabilidade; a segunda, porém, é o conhecimento divino, puro e inalienável, que a alma vai armazenando no seu caminho, em marcha para a vida imortal. (8)


Destaca, ainda, esse sábio orientador que o progresso espiritual do ser humano não se resume à aquisição de conhecimentos: “O sentimento humano e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.” (9)


No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias. (9)


ORIENTAÇÕES AO MONITOR


1. Projetar (ou distribuir cópias) da seguinte afirmação de Emmanuel, que deverá ser analisada em conjunto com a turma:

Já se disse que duas asas conduzirão o Espírito humano à presença de Deus. Uma chama-se amor a outra, sabedoria. Pelo amor que, acima de tudo, é serviço ao semelhante, a criatura se ilumina e aformoseia por dentro, emitindo em favor dos outros, o reflexo de suas virtudes; e pela sabedoria, que começa na aquisição do conhecimento, recolhe a influencia dos vanguardeiros do progresso, que lhes comunicam os reflexos da própria grandeza, impelindo-a ao Alto. Através do amor valorizamo-nos para a vida. Através da sabedoria somos pela vida valorizados. (Pensamento e vida, Capítulo 4)

2. Montar um mural na sala de aula, em local visível a todos, no qual consta o título, CULTURA.

3. Pedir, então, à turma que escreva palavras-chave no cartaz, condizentes com o tema indicado no título.

4. Em seguida, pedir aos participantes que façam leitura atenta do Roteiro de Estudo, sublinhando os conceitos de Cultura citados no texto.

5. Após a leitura debater com a turma os conceitos, instrumentos, ideias espíritas, filosóficas ou científicas relacionados à cultura…

6. Ao final, correlacionar a seguinte citação do Espírito de Verdade com o processo cultural da Humanidade: “Espíritas! Amais-vos, este o primeiro ensinamento; Instruí-vos, este o segundo.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo VI, item 5).



REFERÊNCIAS

1. Cultura. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura

2. HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa - Google Books. 1ª edição com nova ortografia da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, p. 537.

3. Idem ibidem: p. 583.

4. Idem ibidem: p. 911.

5. ABBRAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia - Google Books. Tradução de Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. 4. ed, São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 225.

6. Idem ibidem: p. 228-229.

7. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB: 2008. Capítulo VI, item 5, p. 153.

8. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro, 2008. Questão 197, p. 159.

9. Idem: Item: Intelectualismo, questão 204, p. 163.


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