Roteiro 27
Ação dos Espíritos na Natureza
Objetivos:
» Relacionar as principais tradições culturais que fazem referência à ação dos Espíritos na Natureza.
» Analisar as ideias espíritas que tratam dos Espíritos protetores da Natureza.
IDEIAS PRINCIPAIS
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Segundo a tradição cultural de muitos povos existem seres singulares, chamados elementares, presentes em todas as atividades da Natureza. Na cultura religiosa do passado e do presente encontraremos esses seres sob a denominação de devas, elementais, fadas, gênios, silfos, elfos, djins, faunos… Manoel Philomeno de Miranda: Loucura e obsessão. Capítulo 9.
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Pergunta: Os Espíritos que presidem aos fenômenos da Natureza formam categoria d parte no mundo espiritual? Serão seres especiais ou Espíritos que foram encarnados como nós? Resposta: Que serão, ou que foram. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 538.
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Pergunta: Esses Espíritos pertencem às ordens superiores ou inferiores da hierarquia espiritual? Resposta: Depende do papel mais ou menos material ou mais ou menos inteligente que desempenhem. Uns comandam, outros executam. Os que executam coisas materiais são sempre de ordem inferior, tanto entre os Espíritos como entre os homens. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 538-a.
SUBSÍDIOS
A ação dos Espíritos na Natureza pode ser estudada sob dois enfoques: o que envolve tradições mitológicas e o que se relaciona às ideias espíritas. No primeiro, se destacam as tradições culturais que descrevem a existência de seres denominados elementais, encontradas na sociedade anglo-saxônica, ou as descritas pela mitologia greco-romana quando se referem aos “deuses” protetores da Natureza. No segundo enfoque, O Livro dos Espíritos e demais obras da Codificação apresentam nítidas considerações a respeito do assunto.
1. FONTES MITOLÓGICAS E MITOS
Por definição, mitologia é o estudo dos mitos, história e lendas de uma civilização ou cultura particular, condições que definem seu sistema de crenças. Mito, por sua vez, é considerado um relato fantástico (às vezes misterioso) da tradição oral de um povo, em geral protagonizada por seres que caracterizam as forças da Natureza e os aspectos gerais da condição humana.
Os mitos são, portanto, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o Universo, a criação do mundo, os fenômenos naturais, entre outros. São narrações ou relatos simbólicos que explicam a origem de fatos e a existência de personagens amplificados pelo imaginário popular ou literário de um povo. Ainda que nem em todos os mitos tenham propósito explicativo, há algo comum entre eles: envolvem forças sobrenaturais ou divindades.
Os principais temas do mito são: a criação; deuses e deusas; figuras heroicas, monstros e demônios; animais; o mundo subterrâneo; jornadas, buscas e provações; o pós-vida; e os mundos destruídos.
Os mitos da criação fornecem subsídios, históricos e antropológicos que
[…] sustentam as estruturas sociais, a relação dos seres humanos com o mundo natural e as questões da vida e da morte. Algumas vezes, uma deidade criadora faz existir o Sol, a Lua e as estrelas, os mares e as montanhas, assim por diante, junto com as deidades que os personificam, e em seguida a vida vegetal, os animais e os seres humanos que povoam o mundo. (2)
O mito dos deuses e deusas integra as tradições culturais e/ou religiosas de todos os povos do Planeta: “Essas deidades possuem características humanas: têm pais e filhos e pertencem a algum grupo familiar. Um dos papéis importantes da mitologia é o de reforçar e também justificar as relações de poder e liderança.” (2)
Dessa forma um deus pode personificar força da Natureza, assim como um rei ou sacerdote, ou ambos. Distinguem-se, porém, dos seres humanos comuns por possuírem qualidades excepcionais, inimagináveis para a espécie humana. Fato curioso é que as tradições mitológicas aceitam que nem todos os deuses “[…] são imortais, mas, se morrerem, poderão renascer.” (2)
O mito das figuras heroicas refere-se aos semideuses que, “[…] em muitas mitologias possuem poderes sobre-humanos por causa da ascendência divina; ou podem ter adquirido divindade […] com ajuda de uma deidade, pelo uso de armas mágicas, ou pela aquisição de poderes mágicos por meio de engenhosidade ou trapaça.” (3)
O mito dos monstros e demônios é tradição comum das fontes mitológicas. São vistos como seres que uma figura heroica luta, enfrenta e derrota. São seres que representam o mal, mas nem sempre revelam aparência deformada ou hedionda como comumente são configurados. Podem ter aparência humana comum, mas os seus atos revelam oposição ao bem, daí serem considerados inimigos sistemáticos dos deuses. (3)
O mito dos animais é também corriqueiro na mitologia de todos os povos. Os animais podem ser figurados “[…] como criaturas selvagens — bestas predatórias, ou a ardilosa presa de caçadores; ou seres úteis domesticados por humanos […]; ou possuidores de poder, como o voo dos pássaros, que iludem os humanos.” (4)
É importante considerar que os animais raramente são qualificados como deuses, propriamente ditos, mas divindades que podem adquirir a fisionomia, total ou parcial, de um animal. “Inúmeras mitologias falam de uma época áurea quando os seres humanos, os animais e os deuses não só viviam juntos de forma pacífica como falavam uma língua comum.” (5)
O mito do mundo subterrâneo é relatado por quase todas as mitologias conhecidas, contendo, às vezes, descrições de detalhes.
Associações com sepultamento forçosamente provocam narrativas de trevas e terror do desconhecido não obstante inevitável. […] A Terra engole os mortos, é verdade, mas também produz alimentos e abriga a riqueza mineral. Daí a associação de deidades da fertilidade e de artefatos com o mundo subterrâneo e os vínculos com os mistérios e a adivinhação. (5)
O mito das jornadas, buscas e provações está presente em todas as mitologias. Serve para apresentar figuras mitológicas, deidades e semideuses, em diferentes situações em que são testados. Enquadra-se no conceito a história de Hércules e os seus desafiantes trabalhos. Ou as perambulações de Odisseu. São exemplos de aventuras que revelam o poder sobre-humano diante dos desafios existenciais, a engenhosidade, inclusive a trapaça, que o heroi utiliza para vencer as lutas da vida. (5)
O mito do pós-vida tenta explicar, de alguma forma, a existência após a morte do corpo físico. Talvez seja o mito que mais apresenta variedade de narrações.
[…] Algumas falam de diversas formas de paraíso onde os sofrimentos da vida na Terra são deixados para trás. Entretanto, nem todos podem esperar tal recompensa. Após a morte vem o julgamento: efetua-se uma rigorosa provação, por exemplo, nas crenças egípcia, persa e chinesa. As práticas funerárias refinadas dos antigos egípcios foram planejadas para conduzir a alma a salvo ao longo do processo. […] Tanto no pensamento hindu quanto no budista a ideia da renovação cíclica por meio da reencarnação sustenta que a morte não é o fim. (6)
Merecem destaque duas ideias, consideradas as mais expressivas do mito da crença da sobrevivência do Espírito: a) o renascimento está necessariamente vinculado ao mérito das ações executadas pela pessoa em vida anterior; b) a questão da liberdade, considerada como a maior recompensa recebida pelo Espírito através das reencarnações sucessivas, pois chegando o momento em que o indivíduo não precisará mais reencarnar, liberta-se, definitivamente, da escravidão imposta pela vida no Plano físico. Para a mitologia hindu e budista, somente os avatares gozam da prerrogativa de não renascerem mais, só o fazendo por livre vontade. (6)
O mito dos mundos destruídos indica que, como os planetas e demais astros da Criação se transformam, deixarão de existir no futuro. Os fatores da destruição dos mundos podem ser resumidos em três, segundo a mitologia de diferentes povos: “[…] por vontade divina, como consequência do ataque de forças do mal ou castigo pelos delitos humanos.” (7)
Realizadas essas considerações gerais, passamos ao estudo específico dos seres mitológicos que integram a Natureza, produzindo fenômenos aleatórios ou intencionais.
2. ELEMENTAIS: SERES ENVOLVIDOS NOS FENÔMENOS DA NATUREZA
A tradição informa a existência de seres genericamente denominados elementais que, a rigor, não existem corporificados no Plano físico, mas que podem se tornar visíveis aos encarnados: “São seres singulares, multiformes, invisíveis, sempre presentes em todas as atividades da Natureza, além do Plano físico. São veículos da vontade criadora, potenciadores das forças, leis e processos naturais.” (8)
Os elementais não são considerados membros da espécie humana, propriamente dita, mas muito próxima a esta. Em termos evolutivos, representariam, possivelmente, um elo imediatamente anterior, por apresentar certas características que estão presentes no homem.
São “[…] encontrados por toda parte: na superfície da Terra, na atmosfera, nas águas, nas profundidades da subcrosta, junto ao elemento ígneo. Invisíveis aos olhares humanos, executam infatigável e obscuramente um trabalho imenso, nos mais variados aspectos, nos reinos da Natureza, junto aos minerais, aos vegetais, aos animais e aos homens.” (8)
Como são seres intermediários entre os homens e os animais, possuem estruturas corporais semelhantes às que são vistas nestes últimos: asas, aspectos anatômicos da cabeça, orelhas, olhos, pés e mãos, entre outros.
Inspirado pelo Espírito Vianna de Carvalho, Divaldo Franco apresenta as seguintes considerações sobre os elementais:
Naturalmente, essas Entidades, que são orientadas pelos Espíritos Superiores, como ainda não dispõem de discernimento, porque não adquiriram a faculdade de pensar, são encaminhadas a outras experiências evolutivas, de forma que não se lhes interrompa o processo de desenvolvimento. (9)
Também assinala Manoel Philomeno de Miranda, em outro momento:
Na cultura religiosa do passado e do presente encontraremos esses seres sob a denominação de devas, elementais, fadas, gênios, silfos, elfos, djins, faunos…. A senhora Helena Blavatsky (27) fez uma exaustiva pesquisa a tal respeito e os classificou largamente. Os cabalistas também classificaram os elementais mais evoluídos, encarregados do Ar, da Terra, do Fogo e da Água, respectivamente de Gnomos, Sílfides, Salamandras e Ondinas […]. (10)
Apresentamos, em seguida, outras informações sobre os elementais, extraídas de trechos de uma entrevista que Divaldo Franco concedeu ao Mensageiro, Revista Espírita-Cristã do Terceiro Milênio. (11)
P: Existem os chamados espíritos elementais ou Espíritos da Natureza?
R: Sim, existem os espíritos que contribuem em favor do desenvolvimento dos recursos da Natureza. Em todas as épocas eles foram conhecidos, identificando-se através de nomenclatura variada, fazendo parte mitológica dos povos e tornando-se alguns deles “deuses”, que se faziam temer ou amar.
P: Qual é o estágio evolutivo desses Espíritos?
R: Alguns são de elevada categoria e comandam os menos evoluídos, que se lhes submetem docilmente, elaborando em favor do progresso pessoal e geral, na condição de auxiliares daqueles que presidem aos fenômenos da Natureza.
P: Então eles são submetidos hierarquicamente a outra ordem mais elevada de Espíritos?
R: De acordo com o papel que desempenham, de maior ou menor inteligência, tornam-se responsáveis por inúmeros fenômenos ou contribuem para que os mesmos aconteçam. Os que se fixam nas ocorrências inferiores, mais materiais, são, portanto, pela própria atividade que desempenham, mais atrasados, submetidos aos de grande elevação, que os comandam e orientam.
P: Estes Espíritos se apresentam com formas definidas, como por exemplo fadas, duendes, gnomos, silfos, elfos, sátiros, etc.?
R: Alguns deles, senão a grande maioria dos menos evoluídos, que ainda não tiveram reencarnações na Terra, apresentam-se, não raro, com formas especiais, pequena dimensão, o que deu origem aos diversos nomes nas sociedades mitológicas do passado. Acreditamos pessoalmente, por experiências mediúnicas, que alguns vivem o Período Intermediário entre as formas primitivas e hominais, preparando-se para futuras reencarnações humanas.
P: Os elementais são autóctones ou vieram de outros planetas?
R: Pessoalmente acreditamos que um número imenso teve sua origem na Terra e outros vieram de diferentes mundos, a fim de contribuírem com o progresso do nosso planeta.
P: Que tarefas executam?
R: Inumeráveis. Protegem os vegetais, os animais, os homens. Contribuem para acontecimentos diversos: tempestades, chuvas, maremotos, terremotos… interferindo nos fenômenos “normais” da Natureza sob o comando dos Engenheiros Espirituais que operam em nome de Deus, que “não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos”, como responderam os Venerandos Guias a Kardec, na questão 536-b de “O Livro dos Espíritos”.
P: Todos eles sabem manipular conscientemente os fluidos da Natureza?
R: Nem todos. Somente os condutores sabem o que fazem e para o que fazem, quando atuam nos elementos da Natureza. Os mais atrasados “oferecem utilidade ao conjunto” não suspeitando sequer que são “Instrumentos de Deus”.
Como vimos, os cabalistas e os teosofistas classificam os elementais em grupos, de acordo com as características comuns que apresentam. Temos, dessa forma,
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Gnomos: (12) seriam espíritos de pequena estatura, amplamente conhecidos e descritos como seres elementais da Terra. A origem das lendas dos gnomos nasceram, provavelmente, no Oriente que influenciou, de forma decisiva, a cultura antiga da Escandinávia. Com a evolução dos contos, o gnomo tornou-se na imaginação popular um anão, senão um ser muito pequeno com poucos centímetros de altura. É comum serem representados como seres mágicos, não só protetores da Natureza e dos seus segredos, como dos jardins. Usam barretes vermelhos e barbas brancas, trajando por vezes túnicas azuis ou de cores suaves.
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Duendes: (13) são personagens da mitologia europeia semelhantes a Fadas e Goblins. Embora suas características variem um pouco pela Espanha e América Latina, são análogos aos Brownies escoceses, aos Nisse dinamarqueses-noruegueses, ao francês Nain Rouge, aos irlandeses Clurichaun, Leprechauns e Far Darrig, aos Manx Fenodyree e Mooinjer Veggey, ao galês Tylwyth Teg, ao sueco Tomte e aos Trasgos galego-portugueses. Frederico Garcia Lorca † analisa que tais figuras estariam mais próximos da categoria das fadas. Alguns mitos dizem que Duendes tomam conta de um pote de ouro no final do arco-íris. Entretanto, se for capturado, o duende pode comprar sua liberdade com esse ouro. Outras lendas dizem que, para enganar os homens, ele fabrica uma substância parecida com ouro, que desaparece algum tempo depois. Neste caso são chamados Leprechauns. Na mitologia irlandesa os Leprechauns têm mais ou menos 30 cm e atendem aos desejos humanos. Na mitologia portuguesa, o Fradinho da mão furada, e o Zanganito são seres encantados, uma espécie de duendes caseiros.
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Silfos ou Sílfides: (14) são seres mitológicos da tradição ocidental. O termo provém de Paracelso, (28) que os descreve como elementais que reinam no ar, nos ventos, tanto que são fadas, fadas do vento, assemelhando-se às vezes a anjos. Têm capacidade intelectual sensível, chegando a favorecer o homem na sua imaginação. As lendas contam que são os silfos que modelam as nuvens com as suas brincadeiras, para embelezar o dia a dia do homem na Terra. São reconhecidamente belos, assumindo vários tons, de violeta e rosa. Além de tudo, podem ser nocivos, pois se o ser humano for conhecedor da Natureza e usá-la para o mal, esses seres poderão puni-lo. Raramente se enganam por possuírem grande conhecimento.
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Ondinas ou ondim: (15) é um espírito da Natureza que vive em rios, lagos e mares. São elementais da água. É uma espécie de sereia ou tágide, um gênio do amor, uma figura da imaginação poética. As ondinas aparecem em obras literárias, como “A Ondina do Lago” de Teófilo Braga † [escritor e ensaísta português] ou nas poesias de Luís de Camões † [o maior poeta épico da língua portuguesa].
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Salamandras ou espíritos do fogo: (16) vivem no éter atenuado e espiritual, que é o invisível elemento do fogo. Sem elas, o fogo material não pode existir. Elas reinam no fogo com o poder de transformar e desencadear emoções positivas e negativas. As Salamandras, segundo os especialistas, parecem bolas de fogo e podem atingir até seis metros de altura. Suas expressões, quando percebidas, são rígidas e severas. Dentro de todas as formas energéticas conhecidas, estes seres adquirem formas capazes de suscitar pensamentos e emoções nas pessoas. Esta capacidade derivou do contato direto com o homem e da presença deles em seu cotidiano. Por tal motivo, as Salamandras desenvolveram forças positivas, capazes de bloquear vibrações negativas ou não produtivas, permitindo um clima de bem estar ao homem. O homem é incapaz de se comunicar adequadamente com as Salamandras, pois elas reduzem a cinzas tudo aquilo de que se aproximem. Muitos místicos antigos, preparavam incensos especiais de ervas e perfumes que, quando queimados, pudessem provocar um vapor especial e assim formar nos rolos de fumaça a figura de uma Salamandra, sentindo, dessa forma, a sua presença.
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Devas: (17) são espíritos intimamente ligados e integrados à Natureza, trabalhando nela sem questionar. Não são bons nem maus, mas podem ser manipulados pelos humanos para finalidades boas ou ruins. Em um certo ponto de evolução, eles se individualizam, e podem ser confundidos com anjos, ou fadas.
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Fadas: (18) é um ser mitológico, característico dos mitos célticos, anglosaxões, germânicos e nórdicos. O primeiro autor que mencionou as fadas foi Pompônio Mela, † um geógrafo que viveu durante o século I d.C. As fadas também são conhecidas como sendo as fêmeas dos elfos. O termo incorporou-se a cultura ocidental a partir dos assim chamados “contos de fadas”. Nesse tipo de história, a fada é representada de forma semelhante a versão clássica dos elfos de J. R. R. Tolkien, † porém apresentando “asas de libélula” nas costas e utilizando-se de uma “varinha de condão” para realizar encantamentos. Dependendo da obra em que aparece, a fada pode ser retratada em estatura de uma mulher normal ou diminuta. No primeiro caso, temos a fada de Cinderela. Como exemplo da segunda representação podemos citar “Sininho”, do clássico infantil “Peter Pan”, de J. M. Barrie. †
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Elfo: (19) é uma criatura mística da Mitologia Nórdica, que aparece com frequência na literatura medieval europeia. Nesta mitologia os elfos chamam-se Alfs ou Alfr, também chamados de “elfos da luz” — Ljosalfr. São descritos como seres belos e luminosos, ou ainda seres semidivinos, mágicos, semelhantes à imagem literária das fadas ou das ninfas. De fato, a palavra “Sol” na língua nórdica era Alfrothul, ou seja: o Raio Élfico; dizia-se que por isso seus raios seriam fatais a elfos e anões. Eram divindades menores da Natureza e da fertilidade. Os elfos são geralmente mostrados como jovens de grande beleza vivendo entre as florestas, sob a Terra, em fontes e outros lugares naturais. Foram retratados como seres sensíveis, de longa vida ou imortalidade, com poderes mágicos, estreita ligação com a Natureza e geralmente acompanhados de ótimos arqueiros.
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Gênio: (20) é a tradução usual em português do termo árabe jinn, mas não é a forma aportuguesada da palavra árabe, como geralmente se pensa. A palavra em português vem do latim genius, que significa uma espécie de espírito guardião ou tutelar, designado para proteger uma pessoa desde o seu nascimento. O gênio, em grego daimon é concebido como um ente espiritual ou imaterial, Espírito, propriamente dito, que vive muito próximo ao ser humano encarnado, e que sobre ele exerce uma forte, cotidiana e decisiva influência.
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Djins: (21) é um espírito capaz de assumir a forma de um homem ou animal e exercer influências sobrenaturais sobre pessoas, para o mal ou para o bem. Eram populares na literatura do Oriente Médio, como nas histórias das Mil e Uma Noites. † Os djins aparecem várias vezes no Corão. †
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Faunos: (22) é nome exclusivo na mitologia romana, de onde o mito originou-se, como um rei do Lácio que foi transmutado em deus e, a seguir, sofreu diversas modificações. Para compreender a figura de Fauno, é preciso saber que o nome era usado para denominar, essencialmente, as seguintes figuras: Fauno, rei mítico do Lácio, deificado pelos romanos, muitas vezes confundido com Pã (deus dos bosques, rebanhos e pastores, da mitologia grega), com Silvano (antigo deus romano das florestas) e com Lupércio (deus protetor dos lobos, na mitologia romana). Os Faunos eram semideuses, criaturas que, tal como os sátiros gregos, possuíam um corpo meio humano, meio bode, e que seriam descendentes do rei Fauno.
São informações que revelam as nossas raízes culturais, a história da construção do pensamento humano ao longo das eras. Devemos, todavia, desenvolver o bom senso para sabermos extrair conhecimentos reais, efetivos, do símbolo. De qualquer forma, verificamos que os mitos, as histórias mitológicas e as fábulas servem para demonstrar o mundo espiritual, ainda que cercado de fantasias e simbolismo.
3. A AÇÃO DOS ESPÍRITOS NA NATUREZA
Em O Livro dos Espíritos verificamos que os fenômenos da Natureza ocorrem por e sem a ação dos Espíritos, como esclarecem os orientadores da Codificação: “Algumas vezes eles têm o homem como razão imediata de ser. Mas também é frequente terem por único objetivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da Natureza.” (23)
É importante considerar que, em geral, todos os fenômenos são produzidos por ação dos Espíritos, os mediúnicos (psíquicos) ou físicos, propriamente ditos, como os que ocorrem na Natureza. Mesmo diante da possibilidade de acomodação ou transformação dos elementos geológicos, pode-se pensar na presença de Espíritos. Por exemplo, supomos que uma região do Planeta foi atingida por um furação desencadeado pelas forças da Natureza. Entendemos que, mesmo nessas condições, há Espíritos presentes, controlando o fenômeno natural, atentos à sua manifestação, tendo em vista os ditames da vontade divina. Por este motivo afirmam os Espíritos Superiores: “[…] Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele tem agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.” (24)
Merecem atenta reflexão os conteúdos de O Livro dos Espíritos, questões 537 a 540, em seguida registradas, pois elucidam a respeito da ação dos Espíritos nos fenômenos da Natureza. (25)
Questão 537: A mitologia dos Antigos se fundava inteiramente sobre as ideias espíritas, com a única diferença de que consideravam os Espíritos como divindades. Representavam esses deuses ou esses Espíritos com atribuições especiais. Assim, uns eram encarregados dos ventos, outras do raio, outros de presidir à vegetação, etc. Essa crença é destituída de fundamento?
Resposta: “Tão pouco destituída de fundamento que ainda está muito aquém da verdade.”
Questão 537-a: Pela mesma razão poderia então haver Espíritos que habitem o interior da Terra e que presidam aos fenômenos geológicos?
Resposta: “Esses Espíritos não habitam realmente a Terra, mas regulam os fenômenos e os dirigem, conforme suas atribuições. Um dia tereis a explicação de todos esses fatos e os compreendereis melhor.”
Questão 538: Os Espíritos que presidem aos fenômenos da Natureza formam categoria à parte no mundo espiritual? Serão seres especiais ou Espíritos que foram encarnados como nós?
Resposta: “Que o serão, ou que o foram.”
Questão 538-a: Esses Espíritos pertencem às ordens superiores ou inferiores da hierarquia espiritual?
Resposta: “Depende do papel mais ou menos material ou mais ou menos inteligente que desempenhem. Uns comandam, outros executam. Os que executam coisas materiais são sempre de ordem inferior, tanto entre os Espíritos como entre os homens.”
Questão 539: Na produção de certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, é apenas um Espírito que age, ou eles se reúnem em massa, para produzi-lo?
Resposta: “Reúnem-se em massas inumeráveis.”
Questão 540: Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza agem com conhecimento da causa, em virtude do livre-arbítrio, ou por impulso instintivo e irrefletido?
Resposta: “Uns sim, outros não. Façamos uma comparação. Figurai essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Acreditais que não haja aí um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Entretanto, são animais do último grau que realizam essas coisas, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem! Do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados são úteis ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, dos quais são agentes, mesmo de forma inconsciente. Primeiramente, executam; mais tarde, quando suas inteligências estiverem mais desenvolvidas, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material; mais tarde ainda, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, da qual o vosso Espírito limitado ainda não pode abranger o conjunto.”
Tais esclarecimentos nos permitem concluir que há uma diferença fundamental entre as crenças teosóficas (e outras tradições espiritualistas semelhantes) e a Doutrina Espírita: para aquelas, os seres elementais, e outras entidades, que regem ou têm ação sobre os fenômenos da Natureza, nem sempre são considerados humanos, mas em processo de humanização. São semi-humanos, em sua maioria. Para o Espiritismo, contudo, esses seres são Espíritos, alguns se acham no estágio primitivo, das primeiras encarnações, mas há também os mais evoluídos, que coordenam os seres que estão ensaiando para a vida, como consta da questão 540.
Assim, voltamos a repetir: ao estudarmos o assunto devemos ter a cautela de separar o que procede do imaginário popular, dos mitos, da mitologia, das tradições populares — que sempre estão revestidos de simbolismo — e do que ensina o Espiritismo, como pondera Kardec. (26)
Sob uma imagem pueril e às vezes ridícula, se nos ativermos à forma, a alegoria oculta frequentemente grandes verdades. A primeira vista, haverá fábula mais absurda do que a de Saturno, o deus que devorava pedras, tomando-as por seus filhos? Entretanto, quanta filosofia e quanta verdade nessa figura, se lhe buscarmos o sentido moral! Saturno é a personificação do tempo; como todas as coisas são obra do tempo, ele é o pai de tudo o que existe; mas, também, tudo se destroi com o tempo. Saturno a devorar pedras é o símbolo da destruição, pelo tempo, dos mais duros corpos, seus filhos, visto que se formaram com o tempo. E quem, segundo essa mesma alegoria, escapa a semelhante destruição? Somente Júpiter, símbolo da inteligência superior, do princípio espiritual que é indestrutível. Ë mesmo tão natural essa imagem que, na linguagem moderna, sem alusão à fábula antiga, se diz, de uma coisa que afinal se deteriorou, ter sido devorada pelo tempo, carcomida, devastada pelo tempo. Toda a mitologia pagã, aliás, não é mais, na realidade, do que um vasto quadro alegórico das diversas faces, boas e más, da Humanidade. Para quem lhe busca o espírito, é um curso completo da mais alta filosofia, como acontece com as fábulas da atualidade. O absurdo estava em tomarem a forma pelo fundo.
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
1. Sugerimos que o estudo do Roteiro seja desenvolvido em duas reuniões, em razão da quantidade de informações presentes.
2. Em cada encontro o estudo pode ser iniciado com uma breve explanação, seguida de trabalho em grupo ou individual, mas que favoreçam, não só o bom entendimento do assunto, mas também a participação ativa dos integrantes da reunião.
3. Ao final, como fechamento do estudo, é importante fazer a integração dos assuntos estudados, apresentando uma síntese dos conteúdos, analisados à luz do entendimento espírita.
REFERÊNCIAS
1. IONS, Veronica. História ilustrada da mitologia - Google Books. Tradução de Paulo Donizete Siepierki. 1ª ed. São Paulo: Manole, 1999. Introdução, p. 7-10.
2. Idem ibidem: p. 7.
3. Idem ibidem: p. 8.
4. Idem ibidem: p. 8-9.
5. Idem ibidem: p. 9.
6. Idem ibidem: p. 9-10.
7. Idem ibidem: p. 10.
8. CASAS ANDRÉ LUIZ. Os elementais. Disponível em http://www.nossolar.org.br/n_tema31.php
9. FRANCO, Divaldo P. Atualidade do pensamento espírita. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. Salvador [BA]: Leal, 1999. Item 2.4 (Ecologia), pergunta 63, p. 67-68.
10. Idem: Loucura e obsessão. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990. Capítulo 9, p. 115.
11. O MENSAGEIRO. Revista Espírita-Cristã do Terceiro Milênio. Entrevista com Divaldo Franco. Disponível em: http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-42.htm
12. DUENDE. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Duende
13. SILFOS. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Silfo
14. ONDINAS. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ondina_(mitologia)
15. SALAMANDRAS. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Salamandra_(elemental)
16. GNOMO. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Gnomo
17. DEVA. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Deva
18. FADA. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Fada
19. ELFO. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Elfo
20. GÊNIO. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnio
21. DJINS. Disponível em http://www.skepdic.com/brazil/djins.html
22. FAUNO. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Fauno
23. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010, questão 536-a, p. 358.
24. Idem: Questão 536-b, p. 358.
25. Idem: Questões 537 a 540, p. 358-360.
26. Idem: A gênese. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Capítulo 12, item 15, p. 315-316.
27. (Nota da organizadora) Helena Blavatsky: Hahn Fadéef nasceu em Ekaterinoslav, Rússia, em 30 de julho de 1831, e desencarnou em 8 de maio de 1891, em Londres. Foi um dos principais ícones da ciência e do ocultismo do século XIX, fundadora da Teosofia. Seus Mestres a chamavam de Upasika. Na Rússia era conhecida pelo seu pseudônimo literário, Radha Bai, e considerada a reencarnação de Paracelso.
28. (Nota da organizadora) Paracelso: pseudônimo de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, (1493-1541) famoso médico, alquimista, físico e astrólogo suíço. Seu pseudônimo significa “superior a Celso” (famoso médico romano)