Roteiro 7
O homem de bem
Objetivos: Relacionar as principais características do homem de bem. — Esclarecer porque o homem de bem conhece e pratica os ensinamentos do Evangelho.
IDEIAS PRINCIPAIS
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Não há árvore boa que dê fruto mau, e nem árvore má que dê fruto bom; com efeito, uma árvore é conhecida por seu próprio fruto; não se colhem figos de espinheiros. Nem se vindimam uvas de sarças. O homem bom, do bom tesouro do coração, tira o que é bom, mas o mau, do seu mal tira o que é mau; porque a boca fala daquilo de que está cheio o coração. Jesus (Lucas, 6.43-45. Bíblia de Jerusalém)
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O verdadeiro homem de bem é o que pratica a lei de justiça, amor e caridade na sua maior pureza. Se interroga a própria consciência sobre os atos que praticou, perguntará se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo bem que podia, se ninguém tem motivos para se queixar dele, enfim, se fez aos outros tudo quanto queria que os outros lhe fizessem. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 918.
SUBSÍDIOS
Independentemente da situação social, cargo ou posição que ocupe na vida, o homem de bem é logo reconhecido pela sociedade, uma vez que as suas obras falam por si, como assevera o seguinte texto evangélico, anotado por Lucas:
Não há árvore boa que dê fruto mau, e nem árvore má que dê fruto bom; com efeito, uma árvore é conhecida por seu próprio fruto; não se colhem figos de espinheiros. Nem se vindimam uvas de sarças. O homem bom, do bom tesouro do coração, tira o que é bom, mas o mau, do seu mal tira o que é mau; porque a boca fala daquilo de que está cheio o coração. (Lucas, 6.43-45. Bíblia de Jerusalém)
Perante tais palavras de Jesus, esclarece Emmanuel: (1)
Árvore alguma será conhecida ou amada pelas aparências exteriores, mas sim pelos frutos, pela utilidade, pela produção. Assim também nosso espírito em plena jornada… Ninguém que se consagre realmente à verdade dará testemunho de nós pelo que parecemos, pela superficialidade de nossa vida, pela epiderme de nossas atitudes ou expressões individuais percebidas ou apreciadas de passagem, mas sim pela substância de nossa colaboração no progresso comum, pela importância de nosso concurso no bem geral.
— “Pelos frutos os conhecereis” — disse o Mestre.
— “Pelas nossas ações seremos conhecidos” — repetiremos nós.
Sabemos, contudo, que praticar o bem no mundo atual representa enorme desafio face os conflitos, interesses e perturbações presentes na sociedade. Nem sempre é fácil discernir se uma ação no bem está, a rigor, relacionada à prática da caridade, pura e simples, ou se é movida por interesses ou para a obtenção de vantagens pessoais. Desta forma, o homem de bem encontra uma série de obstáculos para auxiliar o próximo, despretensiosamente. Deve, entretanto, perseverar, jamais desanimando, mas seguir o conselho do amigo espiritual: “[…] Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também vos levará a praticar o bem […]. Para fazer-se o bem, é preciso sempre a ação da vontade […].” (2)
Perante tal ordem de idéias, Bezerra de Menezes traça o roteiro para os que aspiram se transformar em homens de bem: (3)
Se indagardes, ainda hoje, quanto à solução dos problemas que vos afligem a atualidade terrestre, a resposta-síntese ainda é aquela de há quase dois mil anos — “caridade de uns para com os outros”. (Jo)
Caridade que se vos expresse em respeito e entendimento fraternal no relacionamento de cada dia. Caridade que se torne gentileza diante da agressividade; paciência para com o desequilíbrio; fé viva perante as chamadas desilusões do caminho; otimismo à frente das provas; bênção para com todos aqueles que amaldiçoam; auxílio para com os mais jovens na experiência física, em forma de bondade e compreensão das lutas que porventura carreguem; reconforto em favor de quantos se vejam transitoriamente detidos na madureza avançada do corpo em marcha perante a renovação…
Caridade dos que sabem, ajudando fraternalmente aos que ignoram;
dos que usufruem saúde corpórea diante de quantos se vejam corroídos pelos agentes da enfermidade;
dos mais fortes, sustentando os fracos e indecisos;
dos que entesouraram esperança em socorro dos que jazem exaustos nos problemas inquietantes da vida;
dos que podem distribuir, pelo menos, migalhas de auxílio, no amparo aos que se viram encarcerados em abatimento e penúria;
dos que são apoiados pela realização dos próprios ideais na sustentação dos que choram na angústia;
de todos os que podem auxiliar, desse ou daquele modo, para construir o Mundo Melhor.
Tão somente na caridade — luz divina — a fluir de nós na direção dos outros, conseguiremos melhorar o que somos e o que temos, para sermos o que nos cabe ser e alcançar os valores que desejamos.
1. O homem de Bem
As principais características do homem de bem foram devidamente destacadas por Allan Kardec, cuja síntese apresentamos em seguida.
O homem de bem pratica a lei de Deus
1. O Espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de sua vida corporal representam u; a prática da lei de Deus e quando compreende antecipadamente a vida espiritual. (4)
2. O verdadeiro homem de bem é o que pratica a lei de justiça, amor e caridade na sua maior pureza. Se interroga a própria consciência sobre os atos que praticou, perguntará se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo bem que podia, se ninguém tem motivos para se queixar dele, enfim, se fez aos outros tudo quanto queria que os outros lhe fizessem. (5)
O homem de bem é portador de fé verdadeira
[…] Tem fé em Deus, em sua bondade, na sua justiça e em sua sabedoria. Sabe que nada acontece sem a sua permissão e se submete à sua vontade em todas as coisas. Tem fé no futuro, razão pela qual coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.[…]. (6)
O homem de bem é caridoso
1. […] Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre seus interesses pela justiça. […]. (7)
2. […] Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, em fazer feliz os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar do interesse dos outros antes do seu próprio interesse […]. (8)
O homem de bem é humanitário
1. […] É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças. […]. (5)
2. […] Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que não pensam como ele. Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia, pois está ciente de que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amor o próximo e não merece a clemência do Senhor. […]. (8)
3. […] Se a ordem social colocou outros homens sob a sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. […]. (5)
4. […] Respeita, enfim, em seus semelhantes, todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem, como gostaria que respeitassem os seus. (9)
O homem de bem é virtuoso
1. […] Não tem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, não se lembrando senão dos benefícios, por saber que lhe será perdoado conforme houver perdoado. É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e se recorda destas palavras do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.” Não se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem em evidenciá-los. Se a necessidade a isto o obriga, procura sempre o bem que possa atenuar o mal […]. (8)
2. […] Não é vingativo; a exemplo de Jesus,perdoa as ofensas, para só se lembrar dos benefícios, pois sabe que será perdoado na medida em que houver perdoado. […]. (5)
3. […] Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Emprega todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a custa de outrem; ao contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros. Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. […]. (10)
O homem de bem conhece a transitoriedade dos bens materiais
[…] Usa, mas não abusa, dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o emprego mais prejudicial que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões. Se a ordem social colocou homens sob a sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram. O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente […]. (10)
Obviamente não estão assinaladas, aqui, todas as qualidades do homem de bem, mas aquelas que se destacam, que em síntese, indicam que a prática do bem é inseparável das orientações do Evangelho, pois a moral do Cristo se resume na vivência da Lei do Amor.
É por este motivo que o homem de bem conhece e se esforça para vivenciar os ensinamentos do Cristo, pois, ensina o Espiritismo: (11)
[…] O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, da mais sublime: a moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de Todos os corações humanos a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os homens uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, à qual a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance. […].
ORIENTAÇÕES AO MONITOR:
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No início da reunião, pedir aos participantes que façam leitura reflexiva do texto em anexo, do Espírito Emmanuel (O homem bom).
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Após a leitura, analisar, em plenária, as principais idéias desenvolvidas pelo autor espiritual.
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Em seguida, projetar em multimídia (retro-projetor ou cartaz) as principais qualidades do homem de bem, pedindo à turma que interprete os conceitos anunciados.
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Ao final, apresentar uma síntese do assunto estudado.
ANEXO
(Emmanuel)
Referências:
1. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo7, p. 29-30.
2. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo XV, item 10 (mensagem do Espírito Paulo, o apóstolo), p. 308.
3. XAVIER, Francisco Cândido. Bezerra, Chico e você. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. São Bernardo do Campo [SP]: GEEM, 1973. Capítulo13, p. 32-33.
4. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, questão 918, p. 550.
5. Idem, ibidem - Questão 918-comentário, p. 550.
6. Idem - O Evangelho segundo o Espiritismo. Op. Cit. Capítulo XVII, item 3, p. 335.
7. Idem, ibidem - p. 335-336.
8. Idem, ibidem - p. 336.
9. Idem - O Livro dos Espíritos. Op. Cit. Questão 918-comentário, p. 551.
10. Idem - O Evangelho segundo o Espiritismo. Op. Cit. Capítulo XVII, item 3, p. 337.
11. Idem - Capítulo I, item 9, p. 63.