Roteiro 6
O fariseu e o publicano
Objetivo: Interpretar a parábola do fariseu e do publicano à luz do entendimento espírita.
IDEIAS PRINCIPAIS
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Os fariseus (do hebreu parush, divisão, separação) formavam uma das mais influentes seitas judaicas à época de Jesus. Tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas. Servis cumpridores das práticas exteriores do culto e das cerimônias; cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princípios […]. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Introdução, p. 38.
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Os publicanos eram, à mesma época, cobradores de impostos. Os […] riscos a que estavam sujeitos faziam que os olhos se fechassem para as riquezas que muitas vezes adquiriam e que, da parte de alguns, eram frutos de exações e de lucros escandalosos. Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo. Introdução, p. 40.
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A parábola do fariseu e do publicano destaca os malefícios do orgulho e os benefícios da humildade. Esclarece também a respeito das qualidades da prece.
SUBSÍDIOS
1. Texto evangélico
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E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo, a orar, um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado. Lucas, 18.9-14.
A parábola do fariseu e do publicano coloca em evidência os malefícios do orgulho e os benefícios da humildade. Ilustra também a maneira correta de orar.
A parábola nos faz refletir que o processo evolutivo existente em nosso planeta segue um mecanismo básico de autovalorização e autopreservação das experiências humanas que, em síntese, se caracterizam por uma marcha horizontal de aquisição de conhecimento e uma caminhada na verticalidade, necessária à apreensão de valores morais. Por meio das inúmeras experiências reencarnatórias, o ser humano desenvolve os valores da inteligência e o seu aperfeiçoamento moral. Este último passa a ser buscado como processo evolutivo natural a partir do momento que o Espírito começa a valorizar os bons sentimentos, a conduta reta, o respeito ao semelhante e às suas necessidades. Nesse cenário a humildade, reconhecida como um componente essencial à felicidade faz oposição ao orgulho e à vaidade.
O processo da espiritualização humana é marco evolutivo de grande significância. O Espírito, nestas condições, volta-se para Deus buscando vivenciar a religião no sentido pleno e verdadeiro, que é a ligação da criatura com o Criador, assim conceituada por Emmanuel:
Religião é o sentimento Divino, cujas exteriorizações são sempre o Amor, nas expressões mais sublimes. Enquanto a Ciência e a Filosofia operam o trabalho da experimentação e do raciocínio [características da caminhada horizontal], a Religião edifica e ilumina os sentimentos [caminhada vertical]. As primeiras se irmanam na Sabedoria, a segunda personifica o Amor, as duas asas divinas com que a alma humana penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da espiritualidade. (10)
A maneira correta de orar. Outro aspecto relevante no estudo da parábola, indica que uma prece deve estar sempre revestida de humildade, tal como agiu “[…] o publicano, e não com orgulho, como o fariseu.” (3)
A prece é recurso divino em nosso benefício. Não basta, porém, orar é preciso saber como nos dirigir ao Senhor da Vida, sintonizando com a falange de. Espíritos Superiores que, agindo em seu nome, nos concedem o necessário conforto moral para enfrentar as dificuldades e desafios inerentes ao processo ascensional.
A prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições da lei divina, mas a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias. A alma, em se voltando para Deus, não deve ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de sua vontade superior. (11)
2. Interpretação do texto evangélico
Confiar em si mesmo não representa algo condenável. Ao contrário, demonstra confiança no que se sabe e na fé que se abraça. A ponderação de Jesus registrada nesse versículo nos fala, entretanto, do excesso de confiança que conduz a pessoa a julgar-se como sendo referência de justiça. Este tipo de comportamento, em geral alimentado pelo orgulho e pela vaidade, nos transformam em pessoas presunçosas e arrogantes, a ponto de desprezar os outros, o que pensam e o que fazem.
Do orgulho procedem todas as megalomanias, das mais grotescas às mais perigosas, como aquela que tem por escopo o domínio do mundo. São incontáveis os malefícios que o orgulho engendra no coração humano, ocultando-se e disfarçando-se de todas as formas. É assim que vemos pessoas cujas palavras, escritas ou faladas, são amenas e cheias de doçura; ao sentirem-se, porém, melindradas no seu excessivo amor-próprio, ei-las transformadas em verdadeiras feras, insultando e agredindo, na defesa do que chamam — dignidade. (9)
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Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. (Lc 18.10)
Jesus montou um cenário que nos auxilia o entendimento da sua parábola, selecionando o local e personagens bastante conhecidos, para ilustrar os malefícios do orgulho e os benefícios da humildade.
O templo, lugar onde ocorreu o encontro do fariseu e do publicano, é usualmente entendido como um espaço sagrado, destinado às práticas religiosas; ao louvor, agradecimento e súplicas dirigidas a Deus. É sempre visto como um local de oração. Quando alguém, religioso ou não, adentra um templo assume, de forma espontânea, uma postura contrita e respeitosa. Posição esta que foi rejeitada pelo fariseu e assumida pelo publicano.
Templo, porém, tem outro significado, mais subjetivo: indica o centro ou a essência das nossas cogitações íntimas e autênticas, onde trazemos gravados nossos sonhos e ideais. O Espiritismo ensina que à medida que evoluímos santificamos também este templo íntimo, aperfeiçoando sentimentos, pensamentos, palavras e ações.
Os personagens, da parábola, o fariseu e o publicano, eram elementos de destaque na sociedade judaica, à época de Jesus. Identificamos na figura do fariseu as pessoas que não se misturam com as demais, por escrúpulo ou por temor de serem por elas influenciadas. Em geral, são detalhistas, personalistas, isoladas em ideias e posições, inclusive na prática da lei de Deus. Por trazerem a visão focada, passam pela vida quase sempre indiferentes às necessidades dos semelhantes. Costumam ser, também, indivíduos cultos, mas vaidosos do saber que possuem. Mostram-se autoritários e exigentes em relação às pessoas que lhes estão subordinadas. O fariseu ou o espírito do farisaísmo retrata, infelizmente, muitos de nós, estudantes empenhados na luta do crescimento, mas ainda distanciados da capacidade operacional do amor.
Em termos históricos, porém, sabemos que existiram fariseus notáveis, homens piedosos e de grande influência, que souberam superar os limites do farisaísmo, como é o caso de Nicodemos (João 3.1), do homem que acolheu Simão (Lc 7.36), de Gamaliel (At 5.34,35) e do próprio Paulo de Tarso (At 3.5).
Os fariseus (do hebreu parush, divisão, separação) formavam uma das mais influentes seitas judaicas à época de Jesus.
Entre essas seitas, a mais influente era a dos fariseus, que teve por chefe Hillel, doutor judeu nascido na Babilônia, fundador de uma escola célebre, onde se ensinava que só se devia depositar fé nas Escrituras. Sua origem remonta a 180 ou 200 anos antes de Jesus-Cristo […]. Tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas. Servis cumpridores das práticas exteriores do culto e das cerimônias; cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princípios; mas, sob as aparências de meticulosa devoção, ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação. Tinham a religião mais como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de fé sincera. Da virtude nada possuíam, além das exterioridades e da ostentação; entretanto, por umas e outras, exerciam grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Daí o serem muito poderosos em Jerusalém. (1)
Os publicanos, por outro lado, não representavam uma casta sacerdotal, mas, sim, cobradores de impostos ou de tributos definidos pelo domínio romano na Palestina.
Os riscos a que estavam sujeitos faziam que os olhos se fechassem para as riquezas que muitas vezes adquiriam e que, da parte de alguns, eram frutos de exações e de lucros escandalosos. O nome de publicano se estendeu mais tarde a todos os que superintendiam os dinheiros públicos e aos agentes subalternos. Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo, para designar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de negócios. Diz-se por vezes: “Ávido como um publicano, rico como um publicano”, com referência a riquezas de mau quilate. […] Os judeus de destaque consideravam um comprometimento ter com eles intimidade. (2)
A opção de Jesus de ilustrar a parábola com esses dois personagens sugere ser proposital, nos permitindo refletir se, face o programa de melhoria que estamos empenhados, estamos colocando em prática as lições edificantes que nos chegam continuamente do plano maior. O nosso desejo, obviamente, é seguir o comportamento do publicano, devemos, porém, ficar atentos de que ainda trazemos muitas características da postura do fariseu nos meandros do nosso psiquismo.
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O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo. (Lc 18.11,12).
A oração do fariseu tem expressões infelizes que refletem, sobretudo, orgulho religioso, considerado como vaidade perniciosa, já que pode conduzir à falsa crença de que, sendo religioso ou praticante de uma religião, é uma criatura melhor, superior, iluminada ou escolhida por Deus. A vaidade de alguns religiosos pode ser entendida como uma exacerbação do amor-próprio, confiantes de que Deus se sente honrado em tê-los como adeptos.
A posição de pé indica a forma de demonstrar respeito, comum entre os religiosos da Antiguidade. Nos dias atuais, encontramos essa prática nos templos religiosos quando se faz, por exemplo, a leitura de um texto considerado sagrado para os cristãos e para os não-cristãos. Na verdade, sabemos que a posição do corpo não confere maior ou menor respeito ao ato de orar, mas, sim, a postura íntima de quem ora.
O […] objetivo da prece consiste em elevar a nossa alma a Deus; a diversidade das fórmulas nenhuma diferença deve criar entre os que nele creem, nem, ainda menos, entre os adeptos do Espiritismo, porquanto Deus as aceita todas quando sinceras. […] O espiritismo reconhece boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma. Deus, segundo ele, é sumamente grande para repelir a voz que lhe suplica ou lhe entoa louvores, porque o faz de um modo e não de outro. […] A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos de lentejoulas. Cada prece deve ter um alcance próprio, despertar uma ideia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa palavra: deve fazer refletir. Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu objetivo; de outro modo não passa de ruído. (4)
O fariseu não proferiu uma prece, propriamente dita, mas uma vaidosa autolouvação, identificada nas seguintes frases do texto evangélico: “Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano”. A propósito, esclarece Allan Kardec como devemos orar:
Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (3)
O que vale, dentro das técnicas preconizadas, é o sentimento vigorante. Ironizar, fazer comparações infelizes é fugir aos padrões de que se deve revestir. Orando, devemos nos colocar em estado de humildade e receptividade.
A personalidade orgulhosa e vaidosa do fariseu revela também preconceito e discriminação quando se compara ao publicano. Trata-se de um religioso distanciado do seu papel de orientador espiritual. Este trecho nos faz lembrar o apóstolo Paulo que dizia: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes” (Romanos 1.14).
De todos os males o orgulho é o mais temível, pois deixa em sua passagem o germe de quase todos os vícios. […] Desde que penetra as almas, como se fossem praças conquistadas, ele tudo se assenhoreia, instala-se à vontade e fortifica-se até se tornar inexpugnável. Ai de quem se deixou apanhar pelo orgulho! […] Não poderá libertar-se desse tirano senão a preço de terríveis lutas, depois de dolorosas provações e de muitas existências obscuras, depois de bastantes insultos e humilhações, porque nisso somente é que está o remédio eficaz para os males que o orgulho engendra. (6)
A postura do fariseu transmite significativa lição. Devemos ter cuidado para não nos julgarmos melhores, apenas porque ocupamos posição de destaque no meio social ou profissional que estamos inseridos. O que diferencia uma pessoa da outra são as qualidades do seu Espírito.
Sim, porque aos olhos de Deus não basta que nos abstenhamos do mal e nos mostremos rigorosos no cumprimento de determinadas regrazinhas do bom comportamento social; acima disso, é-nos necessário reconhecer que todos somos irmãos, não nos julgamos superiores a nossos semelhantes, por mais culpados e miseráveis que pareçam, nem tão-pouco desprezá-los, porque isso constitui, sempre, falta de caridade. (5)
A afirmativa do fariseu: “não sou como os demais homens […] nem ainda como este publicano”, além de ser improcedente, indica o desprezo que ele tinha pelos cobradores de impostos. Revela imaturidade espiritual não aprovar alguém em razão da profissão, até porque, no caso, existiram publicanos que se destacaram no bem, como foi o caso do evangelista Mateus (Lc 5.27-29) ou de Zaqueu, o publicano (Lc 19.1 a 10).
No seu monólogo com o Senhor, o fariseu se vê também como pessoa justa quando afirma: “Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.” Percebe-se que o seu foco de interesse não era difusão e vivência da palavra de Deus, mas as manifestações de culto externo.
As práticas religiosas da lei moisaica determinavam o jejum e o pagamento do dízimo como regras de condutas dos fiéis. O jejum, definido como uma abstinência de alimentos por prescrição religiosa ou por espírito de mortificação, ainda é utilizado nos tempos modernos. As igrejas cristãs incorporaram essa prática ancestral em sua ortodoxia como forma de exercitar a disciplina quanto a privação de algo que produz prazer ou alegria, procurando domar os impulsos fisiológicos relativos à alimentação e ao sexo. Figuradamente, o jejum pode ser entendido como qualquer abstinência ou privação física, moral ou intelectual estabelecida por livre iniciativa. Isto é, jejum de maus pensamentos, de palavras e ações contrárias ao bem. É certo que para realizarmos a nossa transformação moral é necessário definirmos um “regime de jejum” contra as imperfeições que ainda possuímos.
Jesus, entretanto, não prescreveu jejum de alimentos aos seus discípulos, como está claramente identificado nesta citação Mateus: “Por que jejuamos nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?” (Mt 9.14).
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O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado (Lc 18. 13,14).
Percebe-se que o publicano mantinha-se numa posição de humilde respeito (“de longe”) ao se dirigir, em prece, a Deus.
É certo que todo trabalho sincero de adoração espiritual nos levanta a alma, elevando-nos os sentimentos. […] A oração refrigera, alivia, exalta, esclarece, eleva, mas, sobretudo, afeiçoa o coração ao serviço divino. Não olvidemos, porém, de que os atos íntimos e profundos da fé são necessários e úteis a nós próprios. Na essência não é o Senhor quem necessita de nossas manifestações votivas, mas somos nós mesmos que devemos aproveitar a sublime possibilidade da repetição, aprendendo com a sabedoria da vida. (13)
Jesus aprova o comportamento do publicano e diz que este retornou justificado para casa. Além da atitude humilde, o publicano demonstra que conhece os seus defeitos, sabe que é pecador, daí nem ousar levantar os olhos para o céu.
Em […] seu sentido estritamente etimológico, humilde provém de húmus — rente com a terra. Entretanto, muitos interpretam o vocábulo como sinônimo de baixeza, servilismo, falta de brio, ausência de dignidade pessoal, etc. Ora, é claro que Jesus jamais desejaria que um cristão se tornasse sem dignidade e fosse capaz de rebaixar a condição humana, tornando-se servil. É preciso, portanto, que se entenda humildade e humilde como condição de pessoa modesta, sóbria, recatada, discreta, moderada nas atitudes e nas palavras. Nunca, porém, como baixo de caráter, sem dignidade moralmente rasteiro. Humilde é antônimo de arrogante, presunçoso, parlapatão, agressivo, intrometido, insolente, orgulhoso e atrevido. Humilde é aquele que sabe calar, quando poderia gritar; que sabe tolerar e suportar com grandeza de ânimo o excesso alheio, para depois, serenamente, restabelecer a normalidade de uma situação. É aquele que compreende a superioridade da calma sobre a irritação, a ascendência da tolerância sobre a intolerância, o valor da modéstia sobre a insolência, a coragem da paciência sobre a irritação, a ascendência da tolerância sobre a intolerância, o valor da modéstia sobre a insolência, a coragem da paciência sobre a irritação, a elevação do comportamento ponderado sobre a atuação agressiva. (8)
A humildade é, possivelmente, a mais difícil das virtudes a ser conquistada no mundo atual que, governado pelo materialismo, enfatiza o orgulho e a vaidade.
A humildade se opõe ao orgulho, à vaidade, à presunção, à autosuficiência, causa de tanta ruína, de tanto desespero, de tanta desilusão. Acreditamos que a humildade possa ser conquistada pelo esforço cotidiano pela melhoria do caráter. […] Para que sejamos fundamentalmente humildes […] temos que educar a nossa alma, de modo que a ação de cada dia nos favoreça um exame rigoroso do comportamento adotado e, de confronto em confronto, possamos eliminar os pontos fracos e revigorar aqueles que nos mostramos coerentes com Doutrina. Humildade dirigida nem sempre adquire autenticidade. Ela tem de ser espontânea, exercendo-se naturalmente, sem que nos apercebamos que ela se desenvolve à revelia do controle da vontade. A humildade controlada, mas não livre, pode facilitar benefícios, mas não tem a força, o poder de expansão da humildade autêntica, como a que foi revelada por Jesus e praticada por numerosos Espíritos que, na Terra, seguiram de perto, ou tanto quanto possível, o exemplo do Mestre de Nazaré. (7)
O último versículo do texto de Lucas (“porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado”) nos faz refletir que a humildade deve e pode ser exercitada por meio de serviço ao semelhante, em nome de Jesus, como bem nos esclarece o Espírito Irmão X (Humberto de Campos):
Onde está a humildade, há disposição para servir fielmente a Jesus. O verdadeiro humilde, embora conheça a insuficiência própria, declara-se escravo da vontade do Senhor, para atender-lhe aos sublimes desígnios, seja onde for. (12)
ANEXO
ORIENTAÇÕES AO MONITOR: Realizar uma exposição dialogada a respeito das ideias desenvolvidas nos Subsídios, tendo como base o texto de Lucas, promovendo amplo debate sobre o assunto. Ao final, pedir aos participantes que indiquem como as pessoas podem desenvolver a humildade no mundo atual, governado pelo materialismo.
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Introdução, item: Fariseus, p. 38-39.
2. Idem, ibidem - Item: Publicanos, p. 40.
3. Idem - Capítulo 27, item 4, p. 370.
4. Idem - Capítulo 28, item 1, p. 385-386.
5. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo: Parábola do fariseu e do publicano, p. 122.
6. DENIS, Léon. Depois da morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Parte quinta (O caminho reto), Capítulo 45 (Orgulho, riqueza e pobreza), p. 262.
7. MENDES, Indalício. Rumos doutrinários. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo: Humildade sempre, p. 84.
8. Idem - Capítulo: Somente os fortes são humildes, p. 91-92.
9. VINICIUS (Pedro Camargo). Na seara do mestre. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Capítulo: (Bem-aventurados os humildes de coração), p. 65-66.
10. XAVIER. Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 260, p. 157.
11. Idem - Pérolas do além. Pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Verbete “prece”, p. 194. [Extraído do livro Emmanuel, Capítulo 1, item 4: A prece].
12. Idem - Pontos e contos. Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Capítulo 41 (Atarefa recusada), p. 220.
13. Idem - Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 21 (Oração e renovação), p. 61-62.