Roteiro 9
A última ceia
Objetivos: Identificar os principais ensinos e orientações transmitidos por Jesus na última ceia. — Interpretar à luz do Espiritismo acontecimentos significativos que ocorreram antes da crucificação de Jesus.
IDEIAS PRINCIPAIS
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E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós. (Lucas, 22.14-20)
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Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho do Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isso. (Lucas, 22.21-23)
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Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar lhos com a toalha com que estava cingido. (João, 13.4,5)
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Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós […]. (João 13.34)
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Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa do Pai há muitas moradas; se não fosse assim eu vo-lo teria dito, pois vou preparar vos o lugar. (João 14.1,2)
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Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre […]. (João, 14.15,16)
SUBSÍDIOS
1. A última ceia
A última ceia de Jesus com os seus apóstolos representa mais um apelo do Mestre à vivência da lei de amor, segundo os princípios da verdadeira fraternidade que devem reinar na Humanidade. Nessa ceia, o Mestre transmite também orientações finais aos discípulos, anuncia acontecimentos e empenha, mais uma vez, o seu amor e proteção a todos que o aceitarem como orientador maior.
Jesus, ao iniciar a última ceia destaca a sua importância: “E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós. (Lucas, 22.14-20)
— Amados — disse Jesus, com emoção — , está muito próximo o nosso último instante de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendações de amor, feitas desde o primeiro dia de apostolado. Este pão significa o do banquete do Evangelho; este vinho é o sinal do espírito renovador dos meus ensinamentos. Constituirão o símbolo de nossa comunhão perene, no sagrado idealismo do amor, com que operaremos no mundo até o último dia. Todos os que partilharem conosco, através do tempo, desse pão eterno e desse vinho sagrado da alma, terão o espírito fecundado pela luz gloriosa do Reino de Deus, que representa o objetivo santo dos nossos destinos. (7)
O simbolismo do pão e do vinho, que seria posteriormente incorporado ao ritual da missa católica, sob o nome de eucaristia, tem significado específico, segundo o Espiritismo.
A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como pretende a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com Jesus, de cujo ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para iluminação dos seus sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da vida. (14)
A mensagem evangélica demonstra claramente, ainda que sob o véu do símbolo, que Jesus não estava fazendo referência ao pão, alimento material, nem ao vinho, “[…] mas de sua doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de conhecimentos religiosos; para que todos sejam saciados com esse Pão que nos dá um corpo novo, incorruptível, imortal.” (2)
Cairbar Schutel esclarece assim:
As duas espécies: pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão ideia da letra e do espírito; assim como a carne e o sangue especificam a mesma ideia: letra e espírito. Queria Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo — que é a sua Doutrina — não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida em espírito e verdade […] (2)
Os registros existentes no Plano espiritual nos fornecem detalhes a respeito dos fatos acontecidos naquele — dia inesquecível, de conformidade com as anotações do Espírito Humberto de Campos (irmão X).
Reunidos os discípulos em companhia de Jesus, no primeiro dia das festas da Páscoa, como de outras vezes, o Mestre partiu o pão com a costumeira ternura. Seu olhar, contudo, embora sem trair a serenidade de todos os momentos, apresentava misterioso fulgor, como se sua alma, naquela instante, vibrasse ainda mais com os altos planos do invisível. […] Em dado instante, tendo-se feito longa pausa entre os amigos palradores, o Messias acentuou com firmeza impressionante:
— Amados: é chegada a hora em que se cumprirá a profecia da Escritura. Humilhado e ferido, terei de ensinar em Jerusalém a necessidade do sacrifício próprio, para que não triunfe apenas uma espécie de vitória, tão passageira quanto as edificações do egoísmo ou do orgulho humanos. Os homens têm aplaudido, em todos os tempos, as tribunas douradas, as marchas retumbantes dos exércitos que se glorificaram com despojos sangrentos, os grandes ambiciosos que dominaram à força o espírito inquieto das multidões; entretanto, eu vim de meu Pai para ensinar como triunfam os que tombam no mundo, cumprindo um sagrado dever de amor, como mensageiros de um mundo melhor, onde reinam o bem e a verdade. Minha vitória é a dos que sabem ser derrotados entre os homens, para triunfarem com Deus, na divina construção de suas obras, imolando-se, com alegria, para a glória de uma vida maior. (5)
Lucas afirma que, em seguida, Jesus anuncia a traição que lhe aconteceria: “Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho do Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isso.” (Lucas, 22.21-23)
O impacto de tais palavras provocou angústias e ansiedades nos apóstolos. O Mestre, porém, lhes tranquiliza, dizendo:
— Não vos perturbeis com as minhas afirmativas, porque, em verdade, um de vós outros me há de trair!… As mãos, que eu acariciei, voltam-se agora contra mim. Todavia, minhalma está pronta para execução dos desígnios de meu Pai. A pequena assembleia fez-se lívida. Com exceção de Judas, que entabulara negociações particulares com os doutores do Templo, faltando apenas o ato do beijo, a fim de consumar-se a sua defecção, ninguém poderia contar com as palavras amargas do Messias. Penosa sensação de mal-estar se estabelecera entre todos. O filho de Iscariotes fazia o possível por dissimular as suas dolorosas impressões, quando os companheiros se dirigiam ao Cristo com perguntas angustiadas:
— Quem será o traidor? — disse Filipe, com estranho brilho nos olhos. — Serei eu? indagou André ingenuamente. — Mas, afinal — objetou Tiago, filho de Alfeu, em voz alta, onde está Deus que não conjura semelhante perigo?
Jesus, que se mantivera em silêncio ante as primeiras interrogações, ergueu o olhar para o filho de Cleofas e advertiu: — Tiago, faze calar a voz de tua pouca confiança na sabedoria que nos rege os destinos. Uma das maiores virtudes do discípulo do Evangelho é a de estar sempre pronto ao chamado da Providência Divina. Não importa onde e como seja o testemunho de nossa fé. O essencial é revelarmos a nossa união com Deus, em todas as circunstâncias. É indispensável não esquecer a nossa condição de servos de Deus, para bem lhe atendermos ao chamado, nas horas de tranquilidade ou de sofrimento.
A esse tempo, havendo-se calado novamente o Messias, João interveio, perguntando: — Senhor, compreendo a vossa exortação e rogo ao Pai a necessária fortaleza de ânimo; mas, porque motivo será justamente um dos vossos discípulos o traidor de vossa causa? Já nos ensinastes que, para se eliminarem do mundo os escândalos, outros escândalos se tornam necessários; contudo, ainda não pude atinar com a razão de um possível traidor em nosso próprio colégio de edificação e de amizade. (6)
Judas Iscariotes passou para História como o traidor do Cristo. (João, 13.21-30) Entretanto, o apóstolo amava profundamente Jesus, jamais imaginando que o Mestre seria aprisionado, condenado e crucificado. Isso não lhe passara pela cabeça. Foi um discípulo que se deixou levar pelas ilusões do mundo. Não conseguiu compreender a profundidade da mensagem cristã. Entendia que o Evangelho somente poderia “[…] vencer com o amparo dos prepostos de César ou das autoridades administrativas de Jerusalém […].” (3) Na sua concepção o Messias deveria deter em suas mãos todos os poderes, não compreendendo que: as “[…] ideias do Mestre são do Céu e seria sacrilégio misturarmos a sua pureza com as organizações viciadas do mundo!…” (4)
O Espírito Irmão X (Humberto de Campos) também explica:
Não […] obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões surpreendia em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado apego a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes. (10)
Entretanto, conhecendo-lhe as fraquezas, Jesus sempre permaneceu “em missão de auxílio a Judas”. (11)
2. Ensinos e orientações de Jesus pronunciados na última ceia
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ADVENTO DE OUTRO CONSOLADOR
Jesus identifica a sinceridade nos pronunciamentos dos apóstolos, relativa ao anúncio da traição. Percebe, porém, que eles ainda não têm condições de compreenderem os acontecimentos em toda a sua extensão. Prorroga essa compreensão para o futuro, anunciando-lhes o advento de outro consolador, que lhes forneceria todos os esclarecimentos: “Se me amardes guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. […] Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (João, 14.14-21; 26)
Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. […] O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensinar todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.” O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente,trazer a consolação suprema aos deserdados filhos da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores. […] Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança. (1)
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O MAIOR SERÁ MENOR NO REINO DOS CÉUS
Concluídas as elucidações sobre o pão e o vinho, e o anúncio da traição, os apóstolos começaram a discutir quem, entre eles, seria o maior: “E houve entre eles contenda. E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve.” (Lucas, 22.24-27)
Altamente tocados pelas suas exortações solenes, porém, maravilhados ainda mais com as promessas daquele reinado venturoso e sem-tim, que ainda não podiam compreender claramente, a maioria dos discípulos começou a discutir as aspirações e conquistas do futuro. Enquanto Jesus se entretinha com João, em observações afetuosas, os filhos de Alfeu examinavam com Tiago as possíveis realizações dos tempos vindouros, antecipando opiniões sobre qual dos companheiros poderia ser o maior de todos, quando chegasse o Reino com as suas inauditas grandiosidades. Filipe afirmava a Simão Pedro que, depois do triunfo, todos deviam entrar em Nazaré para revelar aos doutores e aos ricos da cidade a sua superioridade espiritual. Levi dirigia-se a Tomé e lhe fazia sentir que, verificada a vitória, se lhes constituía uma obrigação a marcha para o Templo ilustre, onde exibiriam seus poderes supremos. Tadeu esclarecia que o seu intento era dominar os mais fortes e impenitentes do mundo, para que aceitassem, de qualquer modo, a lição de Jesus.
O Mestre interrompera a sua palestra íntima com João, e os observava. As discussões iam acirradas. As palavras “maior de todos” soavam insistentemente aos seus ouvidos. Parecia que os componentes do sagrado colégio estavam na véspera da divisão de uma conquista material e, como os triunfadores do mundo, cada qual desejava a maior parte da presa. Com exceção de Judas, que se fechava num silêncio sombrio, quase todos discutiam com veemência. Sentindo-lhes a incompreensão, o Mestre pareceu contemplá-los com entristecida piedade. (8)
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JESUS EXEMPLIFICA QUE O MAIOR DISCÍPULO É O QUE SE TORNA SERVIDOR
“Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso, disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também.lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” (João, 13.4-17)
“Entregando-se a esse ato [lavar os pés dos apóstolos], queria o Divino Mestre testemunhar às criaturas a suprema lição da humildade, demonstrando, ainda uma vez, que, na coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre aquele que se fizesse o menor de todos.” (12) Da mesma forma, ao cingir o corpo com a toalha, reproduz Jesus a forma de agir dos escravos, em relação aos seus senhores. Na verdade, “[…] quis proceder desse modo para revelar-se o escravo pelo amor à vida, na abnegação e no sacrifício supremos.” (13)
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JESUS ANUNCIA NOVO MANDAMENTO
Em dois momentos, na última ceia, Jesus expressa que o amor deve ser o fundamento que deve guiar as relações dos seus discípulos: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João, 13.34,35)
“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (João, 15.12,13)
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JESUS DESTACA O VALOR DA CONFIANÇA NO SEU AMOR E NA SUA PROTEÇÃO
Jesus esclarece que o amor deve estar fundamentado na confiança, mesmo perante as adversidades: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não Fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: — Senhor, nós não sabemos para onde vais e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” (João, 14.1-14)
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JESUS É O CAMINHO, E A VERDADE E A VIDA
Cedo ou tarde iremos compreender que somente por Jesus atingiremos o estágio de Espíritos iluminados.
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte séculos. Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os patrimônios da Verdade e da Vida.
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. Cada dia reforma os títulos de tolerância para com as nossas dívidas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducara nós mesmos, ao contacto do Mestre Divino. Ele é o Amigo Generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação interior para a vida eterna. (15)
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João, 15.1-8)
Jesus é o bem e o amor do princípio. Todas as noções generosas da Humanidade nasceram de sua divina influenciação. Com justiça, asseverou aos discípulos, nesta passagem do Evangelho de João, que seu espírito sublime representa a árvore da vida e seus seguidores sinceros as frondes promissoras, acrescentando que, fora do tronco, os galhos se secariam, caminhando para o fogo da purificação. Sem o Cristo, sem a essência de sua grandeza, todas as obras humanas estão destinadas a perecer.
A ciência será frágil e pobre sem os valores da consciência, as escolas religiosas estarão condenadas, tão logo se afastem da verdade e do bem. Infinita é a misericórdia de Jesus nos movimentos da vida planetária. No centro de toda expressão nobre da existência pulsa seu coração amoroso, repleto da seiva do perdão e da bondade.
Os homens são varas verdes da árvore gloriosa. Quando traem seus deveres, secam-se porque se afastam da seiva, rolam ao chão dos desenganos, para que se purifiquem no fogo dos sofrimentos reparadores, a fim de serem novamente tomados por Jesus, à conta de sua misericórdia, para a renovação. É razoável, portanto, positivemos nossa fidelidade ao Divino Mestre, refletindo no elevado número de vezes em que nos ressecamos, no passado, apesar do imenso amor que nos sustenta em toda a vida. (16)
Concluídas as orientações aos apóstolos, Jesus se retira para orar a Deus. Segue para o Horto das Oliveiras (Getsêmani) acompanhado de Pedro, João e Tiago Maior. Mais tarde, Judas os encontraria, vindo acompanhado dos oficiais e soldados dos principais sacerdotes que iriam aprisioná-lo. (João, 18.1-11).
Antes de se entregar à elevadas vibrações da prece, Jesus pede aos três apóstolos para orarem em conjunto.
— Esta é a minha derradeira hora, convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha a glorificação de Deus no supremo testemunho! Assim dizendo, afastou-se, a pequena distância, onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar. Pedro, João e Tiago [Maior] estavam profundamente tocados pelo que viam e ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou:
— Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se ele aqui nos trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a grandeza da sua confiança em nosso auxílio. Puseram-se a meditar silenciosamente. Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no decurso da oração. (9)
No momento em que Jesus vai ser preso, ocorre o conhecido episódio de Pedro cortar a orelha direita de Malco, servo do sumo sacerdote. Jesus aproveita o ensejo para nos legar mais uma das suas preciosas lições quando, repreendendo o apóstolo, anuncia: “Mete a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (João, 18.11)
Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade de sentimentos nos desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda da evolução.
Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corrigir as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insônia…
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor:
— “Embainha tua espada…” Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz. De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos. A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo. Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação. (17)
ORIENTAÇÃO AO MONITOR: Pedir aos participantes que realizem leitura silenciosa dos subsídios deste roteiro, analisando, em seguidas as ideias aí desenvolvidas.
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 6 (O Cristo consolador), item 4, p. 140-141.
2. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 13. ed. Matão, SP: O Clarim. 2000. Item: A ceia pascoal, p. 258.
3. XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo 24 (A ilusão do discípulo), p. 160.
4. Idem, ibidem - p. 161.
5. Idem - Capítulo 25 (A Última Ceia), p. 165-166.
6. Idem, ibidem - p. 166-167.
7. Idem, ibidem - p. 168.
8. Idem, ibidem - p. 169-170.
9. Idem - Capítulo 27 (A Oração do Horto), p. 180.
10. Idem - Luz Acima. Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). 9.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 44 (Do aprendizado de Judas), p. 187.
11. Idem - Pontos e Contos. Pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos). 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 199. Capítulo 35 (Nas palavras do caminho), p. 186.
12. Idem - O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Questão 314, p. 182.
13. Idem - Questão 315, p. 182.
14. Idem - Questão 318, p. 183.
15. Idem - Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2006. Item: Interpretação dos textos sagrados (Introdução do livro), p. 13-14.
16. Idem - Capítulo 55 (As varas da videira), p. 125-126.
17. Idem - Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2006. Capítulo 114 (Embainha tua espada), p. 291-292.