O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Religião à luz do Espiritismo

TOMO I — CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
Módulo II — O Cristianismo

Roteiro 20


Atos dos Apóstolos (2)


 

Objetivo: Destacar a importância do fenômeno de pentecostes, relatado em Atos dos Apóstolos



IDEIAS PRINCIPAIS

  • Pentecostes é uma palavra grega que significa quinquagésimo dia. Os judeus, depois que partiram do Egito, gastaram quarenta e nove dias até o Monte Sinai; e no quinquagésimo dia, Moisés recebeu o Decálogo; em memória disto, instituiu-se a festa de Pentecostes, que no Cristianismo tomou um novo sentido: comemora a descida do Espírito Santo, ou seja, a recepção da mediunidade pelos Apóstolos no quinquagésimo dia após a ressurreição de Jesus, e também o início das lutas pela divulgação do Evangelho, […]. Eliseu Rigonatti: O evangelho da mediunidade, p. 19-20.

  • A lição colhida pelos discípulos de Jesus, no Pentecostes, ainda é símbolo vivo para todos os aprendizes do Evangelho, diante da multidão. Emmanuel. Vinha de luz. Capítulo 103.



 

SUBSÍDIOS


1. Pentecostes


Pentecostes é uma palavra grega que significa quinquagésimo dia. Os judeus depois que partiram do Egito, gastaram quarenta e nove dias até o Monte Sinai; e no quinquagésimo dia, Moisés recebeu o Decálogo; em memória disto, instituiu-se a festa de Pentecostes, que no Cristianismo tomou um novo sentido: comemora a descida do Espírito Santo, ou seja, a recepção da mediunidade pelos Apóstolos no quinquagésimo dia após a ressurreição de Jesus, e também o início das lutas pela divulgação do Evangelho, as quais se prolongam até hoje e ainda estão longe de terminar. (1)


O que vem a ser, efetivamente a descida do Espírito Santo?


As […] antigas Escrituras não continham o qualificativo santo quando se falava do Espírito. […] Foi só com a tradução das antigas escrituras e constituição da Vulgata que esse qualificativo foi acrescentado, com certeza para fortificar o Mistério da Santíssima Trindade [da teologia católica], tirado de uma lenda hindu, aventado por comentadores das Escrituras, que desde logo após à morte de Jesus, viviam em querelas, em discussões sobre os modos de se interpretar as Escrituras. Essa mesma trindade é que foi proclamada como artigo de fé, pelo Concílio de Niceia, em 325, após ter sido rejeitado por três concílios. (4)


Os fenômenos de pentecostes estão descritos em Atos dos Apóstolos, 2.1-11. Trata-se de um texto marcado por simbolismos: cinquenta dias depois da ascensão do Cristo acontece o fenômeno conhecido como a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, materializado na forma de línguas de fogo; explode a mediunidade de xenoglossia (poliglota) nos apóstolos; Pedro é envolvido pelas forças superiores e discursa sob forte inspiração; lança-se então a pedra fundamental da primeira igreja cristã do Planeta.

Após o impacto inicial, provocado pelos fenômenos de efeitos físicos (línguas de fogo e xenoglossia), o discurso de Pedro demonstra, de forma contundente, uma ação programada do Plano espiritual superior, conseguindo transformar o ânimo dos apóstolos e dos demais discípulos de Jesus — antes inseguros e medrosos — em cartas vivas do Evangelho.

É por este motivo que o pentecostes cristão tem um significado especial para todos nós, os seguidores do Cristo: marca o início da pregação e da difusão do Evangelho, na Terra, pelos cristãos que, fazem surgir a primeira ekklesia (igreja) de Jerusalém, uma humilde comunidade formada de judeus convertidos ao Cristianismo.

Pedro foi, possivelmente, o primeiro chefe desta igreja, seguido de Tiago.

As palavras textuais dos Atos dos Apóstolos, sobre o pentecostes, são as seguintes:


Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando? Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.

E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer? E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. (Atos dos Apóstolos, 2.1-13)


Ouvindo tais comentários, o apóstolo Pedro tomou a palavra e falou eloquente, dominado por inspiração superior:


Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo esta a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão; e farei aparecer prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça.

O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor; e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela.

Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja comovido; por isso, se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; e ainda a minha carne há de repousar em esperança. Pois não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção. Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; com a tua face me encherás de júbilo. Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu a corrupção.

Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.

Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar. E com muitas outras palavras isto testificava e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. (Atos dos Apóstolos, 2.14-40)


Os fenômenos mediúnicos ocorridos no dia de pentecostes foram notáveis. Os pontos luminosos que a multidão percebeu sobre a cabeça de cada apóstolo nos revelam o conhecido fenômeno mediúnico de efeitos físicos. Na verdade, tais pontos nada mais eram do que Espíritos “[…] que não se mostraram visíveis de todo, mas apenas o suficiente para serem percebidos; e como brilhasse a parte que os discípulos puderam ver, interpretaram-na como línguas de fogo. (2)

A mediunidade poliglota (xenoglossia), permitiu que os representantes estrangeiros entendessem, na própria língua, “as maravilhas de Deus” (Atos, Capítulo 2, versículo 11). Um grupo de peregrinos, porém, ouvindo o mesmo ensinamento espiritual que os outros ouviram, preferiu acreditar que os apóstolos e os discípulos de Jesus estavam embriagados (Atos, Capítulo 2, versículo 12).


Estamos aqui diante de duas classes de pessoas: uma que, ao se defrontar com o fenômeno, pergunta o que é e põe-se seriamente a estudá-lo para compreendê-lo e descobrir-lhe as causas. Outra que se não dá nem mesmo ao trabalho de perguntar o que é: ante o fenômeno, tece considerações infantis, desairosas, e passa. Estas duas classes de pessoas acompanham o desenvolvimento dos trabalhos evangélicos até os nossos dias e vemo-las com a mesma atitude perante o Espiritismo: há os que o estudam para compreendê-lo e há os que, sem nunca tê-lo estudado ou mesmo lido algo sério a respeito, escarnecem dele. (3)


O discurso de Pedro foi, portanto, de grande significância naquele momento. Inspirado, a venerável figura do apóstolo se ergue, exalta o nome de Jesus e explica o que estava, efetivamente, acontecendo. A preleção evangélica de Pedro, majestosa e bela, assinala o marco da difusão do Evangelho, após a partida do Mestre. No seu discurso, fala da importância da mediunidade, que caracteriza o nascimento de um novo ciclo na evolução espiritual humana.

A humanidade terrestre não mais seria a mesma, a partir daquele momento, pois o trabalho dos apóstolos e dos discípulos de Jesus iniciaria poderoso movimento revolucionário no Planeta: “[…] o Evangelho é portador de gigantesca transformação do mundo. Destina-se à redenção das massas anônimas e sofredoras. Reformará o caminho dos povos”. (5)

Emmanuel nos oferece uma belíssima interpretação do fenômeno de pentecostes.


A lição colhida pelos discípulos de Jesus, no Pentecostes, ainda é um símbolo vivo para todos os aprendizes do Evangelho, diante da multidão.

A revelação da vida eterna continua em todas as direções.

Aquele “som como de um vento veemente e impetuoso” e aquelas “línguas de fogo” a que se refere a descrição apostólica, descem até hoje sobre os continuadores do Cristo, entre os filhos de todas as nações.

As expressões do Pentecostes dilatam-se, em todos os países, embora as vibrações antagônicas das trevas.

Todavia, para milhares de ouvintes e observadores, apenas funcionam alguns raros apóstolos, encarregados de preservarem a divina luz.

Realmente, são inumeráveis aqueles que, consciente ou inconscientemente, recebem os benefícios da celeste revelação; entretanto, não são poucos os zombadores de todos os tempos, dispostos à irreverência e à ironia, diante da verdade.

Para esses, os leais seguidores do Mestre estão embriagados e loucos. Não compreendem a humildade que se consagra ao bem, a fraternidade que dá sem exigências descabidas e a fé que confia sempre, não obstante as tempestades.

É indispensável não estranhar o assédio desses pobres inconscientes, se te dispões, efetivamente, a servir ao Senhor da Vida. Cercar-te-ão o trabalho, acusando-te de bêbado; criticar-te-ão as atitudes, chamando-te covarde; escutar-te-ão as palavra de amor, conservando a ironia na boca. Para eles, a tua abnegação será envilecimento, a tua renúncia significará incapacidade, a tua fé será interpretada à conta de loucura.

Não hesites, porém, no espírito de serviço. Permaneces, como os primeiros apóstolos, nas grandes praças, onde se acotovelam homens e mulheres, ignorantes e sábios, velhos e crianças…

Aperfeiçoa tuas qualidades de recepção, onde estiveres, porque o Senhor te chamou para intérprete de Sua Voz, ainda que os maus zombem de ti. (6)



ORIENTAÇÃO AO MONITOR: Realizar uma discussão circular, debatendo exaustivamente o fenômeno de pentecostes. Preparar com antecedência questões que facilitem o debate.



Referências:

1. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho da mediunidade. 7. ed. São Paulo: Editora Pensamento, 2005. Capítulo 2 (A descida do espírito santo), p. 19-20.

2. Idem, ibidem - p. 20.

3. Idem, ibidem - p. 21.

4. SCHUTEL, Cairbar. Vida e atos dos apóstolos. 9. ed. Matão: O Clarim, 2001. Item: Atos dos Apóstolos, p. 18-19.

5. XAVIER, Francisco Cândido. Luz acima. Pelo Espírito Irmão X. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo 46 (A revolução cristã), p. 195.

6. Idem - Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 103 (Perante a multidão), p. 235-236.


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