O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Súmulas Biográficas

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Maria João de Deus


Mãe do médium Francisco Cândido Xavier, através do qual escreveu o livro Cartas de uma morta ainda em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Na apresentação de sua genitora à comunidade espírita assim se expressou o médium: “Minha progenitora chamava-se Maria João de Deus e desencarnou nesta cidade em 29 de Setembro de 1915. Filha de uma lavadeira humilde, de Santa Luzia do Rio das Velhas, ela não pode receber uma educação esmerada; mas, todos os que a conheceram, afirmam que os sentimentos do seu coração substituíram a cultura que lhe faltava.” ( † )


Vide Isabel de Aragão, Chico Xavier e os Idos de 1910 onde o Chico descreve seu primeiro encontro com aquela que viria ser sua mãe.


MARIA JOÃO DE DEUS: BREVE NOTÍCIA DE UMA GRANDE ALMA


Maria João de Deus nasceu em S. Luzia do Rio das Velhas, Minas Gerais, filha de uma lavadeira humilde dessa histórica cidade. Nasceu pobre, filha de pobres e honrados pais e nunca pôde receber instrução maior que aquela que os humildes recebem, mormente naquele final do século passado, no interior das Alterosas.

Maria João de Deus — a mãezinha de nosso querido amigo e benfeitor Francisco Cândido Xavier, nosso amado, ternamente amado Chico, o Chico que nos ama a todos e a quem todos amamos…

Nos idos distantes de 1939, 1940… muitas coisas fiquei sabendo a respeito da mãezinha de nosso devotado companheiro. Ouvi-as dos lábios de sua filha mais velha, a carinhosa e inesquecível Bita. E também de outros filhos seus, — José Cândido, Luísa, Carmosina, Maria, Mundico… E ainda, entre lágrimas, do seu querido João Cândido, o papai do Chico…

Quando Maria João de Deus desencarnou, em Pedro Leopoldo, a 29 de setembro de 1915, nosso Chico estava por volta dos cinco anos de idade. Mas, ele se recorda — esplêndida e misteriosa memória mediúnica! — de pormenores a respeito de sua Mãezinha: a dizer-lhe, antes de deixar este mundo, “que iria fazer uma viagem… mas que voltaria”… Entre as lágrimas saudosas e os derradeiros conselhos, palavras entrecortadas pela agonia, a humilde lavadeira só partiu deste mundo quando pôde abençoar o último filho que estava tão longe e tardara a chegar…

O pequenino Chico nunca acreditou, guardando fielmente a palavra materna, nunca pôde acreditar em morte… Não, sua Mãezinha não morrera, embora os outros lho dissessem. Ela estava viajando, viajando para lugar distante, para curar-se da doença que a lançara ao leito doloroso… Mas, voltaria. Voltaria, sim. Ela prometeu voltar…

E voltou… Meses após, após tantas dores para todos da família, dores que são tidas por “infelicidades”, Maria João de Deus voltou…

As infelicidades se transformaram em bem-aventuranças, conforme Jesus Cristo nos ensina no Sermão da Montanha… Nem vale a pena lembrá-las, tão duras, tão amargas, tão diferentes do que podemos imaginar foram elas… Fazem lembrar as palavras dolentes de Leão Tolstói em Ana Karênina: “Todas as família felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira…”

Não se trata aqui de enfatizar a dor, nem de assumir masoquismos. Os sofistas podem entender de retórica ou gramática, mas não entendem o sofrimento humano. E as dores foram grandes, amaríssimas, singulares… Mas, como prometeu Jesus: “a vossa tristeza se converterá em alegria” (João, 16:20), assim aconteceu. E aconteceu como não poderia deixar de acontecer: Maria João de Deus voltou, voltou “da viagem que iria fazer” e trouxe ao seu menino (de cinco anos, meu Deus!) as primeiras florações da mediunidade. Apareceu-lhe. Confortou-o. Iluminou-o… E o adorável menino foi crescendo, após as primícias espirituais de sua mãezinha… A criança foi crescendo e crescendo também os testemunhos da Vida Espiritual, as evidências do Mundo Maior, as realizações da tarefa mediúnica — extraordinária, consoladora, insofismável — a atravessar quase todo este século vinte, de ponta a ponta…

Quando o jovem Chico, já iluminado suficientemente pelas Bênçãos da Imortalidade, pediu à sua mãezinha que “lhe contasse as suas primeiras impressões da vida do outro mundo”, ela lhe prometeu que o faria oportunamente. E, mais uma vez, cumpriu sua palavra, escrevendo pelas mãos do filho querido, para ele e para todos nós, as lições magníficas que são as Cartas de uma morta.


Um dia, eu quis conhecer a terra natal da Amiga querida. E passei por Santa Luzia do Rio das Velhas, embora rapidamente. Pude conhecer também, já em Pedro Leopoldo, a velha casa, o quarto humilde onde Maria João de Deus recebeu nos braços esta dádiva dos Céus, que é Francisco Cândido Xavier. Quantas ternas notícias, quantas confidências carinhosas, diante da casucha humilde!… E que surpresa e contentamento quando o Chico me disse da grande e generosa quota de tempo e de proteção que sua Mãezinha dedica à nossa Escola Jesus Cristo, de que seu filho é Presidente Honorário… E especialmente à Escola de Evangelho Maria João de Deus, filial de nossa Escola, na década de 40 no antigo Bairro de Bezamat, sob a direção de nossa confreira Cirene Batista, já desencarnada, e atualmente no lar humilde de Coralice Maria Cardoso de Souza, nossa querida Coral…

A admirável Mensagem de Maria João de Deus foi recebida na Escola Filial de Bezamat, na tarde de 28 de julho de 1940. Esse texto de profunda beleza espiritual, uma oferenda para sérias reflexões, foi psicografado no quarto e último dia da primeira viagem de Chico a Campos, em visita à Escola Jesus Cristo.

A carinhosa Mensagem fecha com chave de ouro esta antologia de páginas do Mundo Maior, psicografadas em Campos umas, outras dirigidas a confrades campistas e ainda outras ditadas por carinhosos Amigos Espirituais nascidos em Campos… É um florilégio de apenas algumas mensagens, dada a impossibilidade de publicar todas elas, ou um número maior…

Ao nosso valoroso irmão, a quem devemos estas mil outras dádivas do Céu, nosso comovido e intraduzível agradecimento, humildemente em nome de todos, pela palavra pobre de quem mal sabe rogar ao Divino Amigo que o abençoe hoje quanto ontem, agora e para todo o sempre, na Terra e no Céu…

Campos, 14 de julho de 1983. ( † )

Clovis Tavares.


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